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Cole

A noite com Lili foi perfeita, como todas as outras noites que eu passei com ela. Era bom poder sentir o seu sabor sem sentir nenhum peso. Por mais diferente que ela estivesse, estava aos poucos voltando a ser a mesma de antes. O último passo era que a Água devolvesse sua alma.

Acordei na manhã seguinte e sem abrir os olhos, corri minha mão pelo colchão esperando tocar a Lili, mas ela não estava lá.

Levantei depressa, vesti uma cueca e saí correndo para procurá-la pela casa. E lá estava ela, vestindo uma de minhas camisas, sentada sobre o balcão da cozinha, tomando um café que ela mesma havia preparado.

— Bom dia! — sorriu.

— Bom dia! — eu sorri com alívio. — Achei que você tivesse ido embora.

— Cole, você pode confiar em mim.

— Eu estou tentando. — fui até ela e sentei na cadeira em sua frente. — Como anda com a ideia de ter a sua alma de volta?

— Ainda é algo que eu preferia não fazer. — suspirou. — A questão agora é que eu estou disposta a estar com você e sei que isso não vai acontecer se eu não tiver a minha alma.

— E depois de recuperar a sua alma, nós vamos nos livrar da Água. — coloquei minha mão sobre a dela. — Tudo vai ficar bem. — ela sorriu, chegou um pouco mais perto e me deu um beijo rápido, suave e gentil.

— Que tal provar o meu café? Juro que está bem melhor do que aquele que eu fiz no iate. — ela serviu uma xícara e me entregou.

— Vejamos... — eu dei um gole e fiz minha melhor expressão de análise. — Perfeito. — sorri.

— Fico feliz que tenha gostado!

Fiquei olhando para ela, vendo sua pele corada brilhar com o toque da luz solar que entrava timidamente pela janela. Seus lábios rosados formavam um sorriso sincero e atrativo, mais belo do que qualquer coisa que eu já tenha visto. Tudo nela era lindo e agora parecia bem mais natural do que antes. Até seus olhos, que até então eram completamente pretos, brilhavam num branco limpo e puro.

— Você é muito bonita. — eu disse. Ela deslizou pelo balcão até sentar em meu colo, com suas pernas em cada lado do meu corpo.

— Eu te amo. — falou.

— Eu te amo muito.

Lili mordeu o lábio inferior e em seguida me envolveu num beijo intenso, dando atenção a cada parte da minha boca, me dando a sensação de flutuar.

Todos os meus outros sentidos se distraíam e eu tinha a leve impressão de estar sozinho no meu mundo particular com ela. Um lugar onde eu poderia beija-la para sempre, todos os dias, pelo resto da minha vida.

Levei minha mão até a sua nuca, deixando aquele beijo mais viciante, pedindo em pensamento pra que aquele momento fosse eternizado.

Paramos de nos beijar e levei minha boca ao seu pescoço, a beijando por toda aquela região até o ombro e depois, nos abraçamos forte.

Ainda abraçados, eu notei que a coloração do cabelo dela havia mudado. Estava todo loiro, do mesmo jeito de quando nos conhecemos.

— Ei! — voltamos a olhar um para o outro. — Você mudou! — ela segurou uma mecha do seu cabelo e sorriu de lado.

— Meus olhos não. — o sorriso morreu. — Eu preciso da minha alma.

— Acho que você já está pronta pra isso.

— Mas e se Ela não deixar eu sair do mar depois de me devolver a minha alma?

— Eu tenho um plano. — ela franziu a testa. — Quando o Dylan foi me resgatar, ele não veio pelo mar porque estava com medo de você.

Alto Mar ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗOnde histórias criam vida. Descubra agora