11

123 12 15
                                    

Cole

Eu observava ela rir a cada boa piada do programa de humor. E eu olhava mais para ela do que para a tela. Muito mais do que bonita, Lili era fascinante. Olhar para ela me trazia um sentimento de tranquilidade, como se nada jamais pudesse me atingir enquanto eu pudesse observar a obra de arte que eram os traços dela.

Meu celular começou a tocar e eu me afastei, deixando-a sozinha no sofá. Era Dylan quem me ligava.

— Oi? — falei ao atender.

— Os ventos cessaram, estamos prontos pra sair, só estamos esperando você.

— Tem certeza que vai a essa hora? — olhei pela janela e observei o céu estrelado.

— O barco com os pesquisadores não responde, temos que ir até lá o mais rápido possível. Você vem?

Olhei para a Lili. Ela continuava rindo e comendo aquela pipoca rapidamente. Lili foi capaz de correr sobre pedras afiadas só pra me pedir que ficasse aqui. Ela não queria que eu viajasse.

— Não, eu não vou. — respondi.

— Tudo bem, eu te mando notícias. E já que vai ficar aí, eu posso te pedir um favor? Acenda o farol para nos guiar.

— Claro! Em vinte minutos eu estarei lá. — desliguei o celular e voltei para o sofá.

— Era o seu irmão? — ela perguntou.

— Sim, eles vão viajar agora.

— Ah... você vai? — ela deitou a cabeça no encosto do sofá e me olhou docemente. Fiz o mesmo que ela, ficando bem próximo.

— Não.

— E por que não? — sorriu de lado.

— Porque eu prefiro ficar aqui com você. — eu pude ver o rosto dela se iluminar. — Que tal a gente ir até o farol? Dylan me pediu pra acendê-lo essa noite.

— Eu sempre quis ir até lá! — se animou.

— Sendo assim, vamos fazer disso um evento. Levamos vinho e passamos numa lanchonete pra comprar uns hambúrgueres, que tal? Vamos observar o oceano lá de cima.

— Eu vou adorar!

Lhe emprestei chinelos da Camila e ela se apoiou em mim para poder andar. Peguei o vinho mais antigo da dispensa e duas taças.

Compramos alguns hambúrgueres e seguimos até o farol. Para não dificultar a subida até o farol, eu a peguei no colo enquanto ela segurava as coisas e subi as escadas. Ela ficou na varanda do lado de fora enquanto eu acendia a lanterna.

Quando terminei, fui até onde ela estava e nós nos sentamos no chão. Eu enchi as duas taças e ela tirou os lanches das embalagens.

— Pra onde pretende ir depois daqui? — perguntei lembrando que ela disse que não ficaria aqui por muito tempo.

— Eu não pensei sobre isso. — deu um gole em seu vinho. — Faz décadas que eu não bebo isso, até tinha me esquecido como era bom.

— Meu pai estava guardando essa garrafa para uma ocasião especial...

— Ah... — ela me olhou com tristeza.

— Tudo bem, eu acabei encontrando a ocasião perfeita. Nada é mais especial do que beber esse bom vinho observando o mar com uma vista privilegiada na companhia da mulher mais maravilhosa que eu já conheci. — sorri para ela. — Eu gostaria que você não tivesse medo de tentar.

Lili mirou o oceano por longos segundos parecendo pensar.

— Talvez eu não precise ter medo. — me encarou.

Alto Mar ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗOnde histórias criam vida. Descubra agora