Vigilância

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DEMOREI MAS CHEGUEI!

desculpas pelo mega atraso de Halloween mas o capítulo novo chegou! coisas aconteceram e digamos que o meu objetivo aqui vai ser algo que em breve vocês vão compreender. não posso dizer mais nada, mas quem sacar eu vou responder com um emoji haha

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O Dois de Julho em Salvador era mais importante do que o Sete de Setembro – e o desfile representava o termômetro da popularidade dos políticos atuais, da situação e da oposição.

Os dois hinos, o nacional e da Bahia, foram tocados em sequência, enquanto as bandeiras eram hasteadas pelo governador e o prefeito, lado a lado. Os dois mandatários eram de partidos diferentes, e expressavam os alinhamentos políticos nas roupas que vestiam. O prefeito, de camisa polo listrada azul e branca, além de uma bermuda cargo e tênis de marca, era a face da empolgação e todo sorrisos.

Sorrisos que escondiam a necessidade de ampliação da popularidade – ele corria risco de não se reeleger.

O governador Edmundo Camilo, por sua vez, escondia os olhos negros de águia em óculos escuros Ray Ban, porque o sol era inclemente ainda às 8h da manhã. "Já deveríamos estar saindo nesse desfile", pensou, observando de soslaio o relógio digital de um dos seguranças que o acompanhava.

Até estava com um relógio de pulso, simples, prateado, pequeno, visível graças à camisa azul-claro de linho estar com as mangas dobradas até o cotovelo, um ar leve que combinava com a calça marrom-clara cujas barras chegavam ao tornozelo. No entanto, não queria demonstrar impaciência. Sua característica mais importante era a impassibilidade e a percepção de que era consciente de tudo e todos ao seu redor.

Era um homem no controle de todas as situações.

Ao lado de Edmundo, o presidente da república sorria abertamente, a mão erguida para dar tchau aos soteropolitanos cujos celulares estavam direcionados para o político. No entanto, era perceptível que os gritos e berros eram divididos entre o carismático presidente, cuja idade avançada o fazia ser visto como um "avô simpático"; e o governador da Bahia, cuja aprovação era recorde naqueles tempos.

Atrás do grupo estavam outras autoridades, assessores e as esposas. Dentre as primeiras-damas, nenhuma delas chamava mais a atenção que Maria Inês Martins Camilo, que diferentemente das outras mulheres – de vestidos até a canela, saltos e maquiagem carregada, parecia à vontade – camisa florida em tons de vermelho, rosa e verde, com gola redonda e os cabelos cacheados amarrados em um rabo-de-cavalo alto, destacando a gargantilha em formato de laço; além de uma bermuda longa até os joelhos na cor azul-piscina, em corte de alfaiataria, e tênis Converse preto.

Era uma imagem mais moderna e informal que chamava a atenção especialmente de alguns jornalistas especialistas em moda, que fotografavam cada look da primeira-dama, à vontade em uma conversa bem-humorada com a primeira-dama do país, acompanhando o desfile do Dois de Julho pela primeira vez.

- Eu queria ver os gêmeos, onde estão?

- Eles estavam loucos pra ver o desfile, mas seria muita agonia, e aqui tá cheio para as crianças. Então negociamos com a segurança de Edmundo para Rafa e Rosinha acompanharem a volta do Caboclo e da Cabocla, do Campo Grande até a Lapinha.

- Ah, que ótimo! Também é animado?

- Sim, é quase um carnaval em julho! – riu. – É claro que elas não vão andando, vão acompanhar a saída no Campo Grande, depois pegaremos o carro, chegamos até aqui antes de todo mundo e pegamos a entrada do Caboclo e da Cabocla aqui no barracão.

O desfile daquele ano tinha um significado especial para os políticos: assim como em toda edição, o Dois de Julho era um termômetro dos ânimos entre os eleitores com os seus mandatários; mas um ano antes da eleição municipal, era a época de sentir as aprovações e reprovações em um ambiente menos controlado que as pesquisas de opinião, que buscavam uma impressão reduzida dos sentimentos das pessoas. No caso do prefeito, era possível ouvir durante o percurso, entre palmas aqui e ali, e as fanfarras tocando as músicas do momento, aplausos, vaias...

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