Instrumento

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em primeiro lugar, FELIZ ANO NOVO!

em segundo lugar, estamos de volta aos trabalhos com um capítulo que... acho... enfim, vamos ao capítulo!

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Durante os dias de viagem do primeiro-casal junto com a família na Ilha de Itaparica – mais precisamente Mar Grande, era comum após a rotina com as crianças, Edmundo e Maria Inês seguirem juntos e a sós no iate, deixando a embarcação em um ponto específico da Baía de Todos os Santos, onde o governador poderia ficar mais discretamente ao lado da esposa.

No entanto, essa discrição já havia caído por terra quando Maria Inês, a caminho do ponto indicado no mapa, distraída com o site de notícias, percebeu várias notificações vindas do celular sobre "governador e esposa aos beijos em iate".

Não eram apenas sites locais, blogs de fofoca baianos: um famoso portal de relevância nacional colocou na home page uma foto à distância do primeiro-casal entre carícias no iate, com o título embaixo: "Cenas românticas de Camilo e esposa são alvos de admiração e discussão sobre privacidade"

Antes de perderem o sinal de internet, a jovem tratou de printar as páginas na matéria, os lábios entreabertos e as sobrancelhas erguidas em confusão, refletindo o estado de espírito da pedagoga com as informações apresentadas.

- Por que a gente está nos blogs de fofoca?

- Fotógrafos desocupados.

- Camilo, fizeram uma análise de comunicação sobre nossas fotos. Eu apareço de maiô na home de um site.

- Na verdade, não. – Edmundo olhou o celular, a imagem printada que Maria Inês deu zoom e comprimiu os olhos. – Você está com a saída de praia. Transparente, mas meu corpo cobre. – voltou a encarar a esposa, a voz neutra de quem parecia estar listando as frutas compradas em uma feira. – Nada desse delírio da mídia importa, é bom que o país inteiro saberá que você é minha.

- O país já sabe, Camilo, você não precisa... Ai!

Edmundo abraçou Maria Inês, envolvendo a esposa em seus braços, e com a mão livre, pegou o celular das mãos da jovem. Novamente observou os prints, e não disfarçou o sorriso. Um sorriso aberto, pouco usual para o governador, e Maria Inês percebeu-se com a mesma expressão em resposta.

Não era comum ver o marido sorrindo daquele jeito; e a primeira-dama sentiu o coração bater forte, descompassado, e não se preocupou em deixar transparecer aquele sentimento. A visível felicidade dele era algo que Maria Inês apreciava: a jovem gostava da sensação de Edmundo se sentir contente – e demonstrar contentamento. Além disso, o sorriso dele com as imagens registradas estava relacionado a algo natural, sem retoques ou teatro, que aparecia nas fotos: a exposição íntima dos dois não era um plano de marketing. Não era montado. E ele gostava disso.

O que deixou Maria Inês ainda mais certa de que deveria conversar sobre algo mais sério com o marido.

- Eu poderia dizer que estou chateado por eles teriam usado essa teleobjetiva pavorosa para tentar flagrar algo mais picante, mas eu acho que vou pegar esta imagem, colocar uma moldura, e deixar em minha sala.

- A qualidade nem está essas maravilhas todas...

- Não importa. É mais um motivo para ter você ao meu lado além de nossas horas em casa e nossas reuniões na governadoria. Além disso, é sempre bom deixar refletido que esse tipo de notícia não me afeta. Como eu disse, é bom para que os admiradores de ocasião, esses pobres coitados sem noção da realidade, entendam que eles jamais terão qualquer chance com minha esposa. Sou um firme defensor de que a instituição do casamento é para sempre.

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