Direção

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Voltando aos dias normais de publicação... 

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A "viagem de trabalho" de Edmundo Camilo durou mais dias do que o imaginado.

O governador solicitou a Túlio Coelho que cuidasse de tudo enquanto ele estava fora

- Aconteceu alguma coisa, Camilo? Se for algo sério...

- Questões pessoais. Cuide de tudo, e esteja sempre ao lado de Acácio.

As únicas pessoas que poderiam ligar para Edmundo eram dona Rita e as crianças, e ele logo mandou uma mensagem de vídeo para os pequenos dizendo que continuaria na viagem e voltaria rápido.

- Pretinho tá mandando um beijo pra mamãe!

- Vou repassar o beijo. Cuide de tudo aí, Maria Rosa.

- Eu também vou cuidar de tudo, pai! Pra Rosa fazer exercícios, porque ela não tá fazendo.

- Eu estou fazendo sim, Rafinha!

- Você tá desenhando no caderno!

- Crianças. Não discutam, e qualquer coisa conversem com dona Rita.

Os gêmeos responderam a uma só voz "tudo bem, papai" e logo depois de um beijo aqui, um abraço acolá, Pretinho sendo exposto no vídeo, Edmundo retornou aonde estava. A banheira que se encontrava na suíte do chalé que praticamente lhes pertencia.

Tirou o robe que cobria o corpo e entrou novamente na banheira, onde Maria Inês já estava de olhos fechados e aproveitando a tranquilidade da espuma. Ele se colocou ligeiramente atrás dela, e a jovem abriu os olhos, encarando o marido.

- As crianças?

- Tudo bem com elas. Apenas as mesmas coisas de sempre. Rafael está dizendo que Maria Rosa só fica desenhando no caderno e não está fazendo exercícios.

- Ela estuda, mas não é da mesma forma que Rafinha. A abordagem deles aos estudos é diferente. - enquanto Maria Inês foi falando, as mãos de Edmundo desceram calmamente pelo pescoço, fazendo ligeiros carinhos no colo. - Rafael é mais metódico nisso. Ele pode parecer inquieto, mas se é para fazer exercício, ele segue um certo ordenamento. Os treinos de futebol colaboram para esse foco dele. Rosinha não. Ela começa uma hora, depois ela para, desenha um pouco, depois volta e faz. São abordagens diferentes, mas dão o mesmo resultado. Os dois têm excelentes notas, e eu não gosto de impedir ou tolher processos de aprendizado. Cada um tem um estilo e faz parte da personalidade deles.

- Só não quero que nenhum deles fique muito afetado pela carga de estudos ou se sinta muito exigido nesse aspecto. Claro que deve ter um meio termo, mas não tanto ao céu nem tanto a terra.

Maria Inês parou de mexer o corpo na espuma por um instante.

- Eu... Eu jurava que você ia dizer outra coisa. Jurava que você ia falar que era para os meninos estudarem mais e ficaram com a cara enfiada nos livros o tempo todo.

- Os cursos de línguas e as atividades externas deles são ótimas para direcionar os interesses. Mas acredito que eles podem ser crianças. Como são neste momento.

- Edmundo...? Não é você quem está animado em ver Rafael dizendo a todos que quer ser governador por sua causa?

- Naturalmente. – os dedos do político subiram pelo pescoço, chegando até a curva do queixo de Maria Inês, enquanto a outra mão fazia linhas no ombro da primeira-dama. – Gosto da ideia de Rafael se inspirar em mim. Mas... Ele é uma criança. Brinca, joga bola, troca provocações com a irmã, tem amigos. Eu não tive isso, Maria Inês. O resultado pode ser positivo porque eu sou governador, mas existem coisas que me foram tolhidas por causa disso.

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