Arbítrio

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Esse capítulo é importante. Vocês vão falar "mas que ser humano burro" mas o fechamento será fundamental. Comunicação é importante, folks.

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- Mamãe, tô com saudade da senhora...

- Eu também, Rosinha... Como estão as coisas aí?

- Papai, tio Túlio e Rafinha estão jogando bola, mas papai é muito ruim! – riu. – Eu e Pretinho temos pena dele!

A conversa ocorria via vídeo. Maria Inês estava em uma viagem no interior da Bahia, acompanhando os secretários da justiça, das mulheres, da igualdade racial e outros membros das Voluntárias Sociais na abertura de novas unidades de casas de apoio a mulheres em situação de vulnerabilidade.

Durante os eventos e discursos, era possível notar que os assessores sempre colocavam Juvenal Lopes, o secretário de justiça, em uma posição de protagonismo, incluindo nas fotos oficiais.

A primeira-dama imaginava o motivo, mas só queria confirmar com o marido antes.

- A senhora sabia que o presidente vem pra Salvador? Papai disse pra tio Túlio.

- E você ouvindo as conversas dos adultos.

- Mas mamãe, ele estava conversando enquanto estavam jogando bola! O presidente vem, e ele vai ficar lá em casa. Eu posso desenhar o rosto do presidente e fazer um quadro novo, e eu vou mandar pra ele! Ele gosta das pinturas que eu faço.

- Eu sei disso, meu amorzinho. Agora, onde é que está teu pai?

- Ele está jogando ainda. A senhora quer falar com Pretinho?

- Eu imagino que esteja bem, Rosinha. – sorriu. – Aguarde o jogo terminar e...

- Não precisa, mamãe! Papai tá vendo que eu tô no celular! Ele vem falar com a gente!

Foi possível perceber pelo vídeo Maria Rosa olhando para cima, sorrindo para o pai. Depois, o celular passou para alguém bem mais alto que a menina. Ela se afastou enquanto Edmundo tornava-se a figura central no vídeo da jovem.

Ao contrário da imagem sempre equilibrada e controlada do governador, aquele era um Edmundo bem diferente do habitual. Ele não estava com roupa de academia ou alguma roupa mais social. Era possível vê-lo com uma bermuda que parecia bermuda de treino, e sem camisa, os cabelos anelados descendo pelo rosto, algumas mechas coladas à testa, a barba por fazer como sempre, e ele respirava profundamente, ofegante. Parou um pouco, virou o rosto para o lado e recebeu uma garrafa de água vinda de alguém que parecia ser o segurança, e tomou um longo gole na frente da esposa enquanto segurava o celular.

Edmundo tomou outra longa respiração, e todo aquele momento silencioso fez com que Maria Inês parecesse com dificuldades para respirar por alguns instantes. O suor descendo pelo rosto, depois pelo pescoço, a longa respiração que mostrava uma parte dos músculos definidos, as veias do braço, tudo aquilo que Maria Inês conhecia tão bem em espaços menores, mais controlados, onde não havia ninguém entre eles; e a forma como Edmundo parecia tomar uma longa respiração se parecia muito com os ofegos dele, os momentos de liberação quando ambos chegavam ao clímax.

"Meu Deus, Inês, se controle!"

Como ela poderia se controlar, quando o marido parecia um fino espécime masculino, sem camisa e com abdômen definido, tão másculo que mal parecia cansado de ser quem ele era?

Mesmo que Maria Inês soubesse que a personalidade de seu marido não era exatamente a mais simpática, no fim das contas, ela gostava daquele lado de Edmundo também.

- Rosinha me atualizou sobre o que está acontecendo.

- Normal. Ela disse ter pena de mim porque não sei jogar bola. Ela vai me considerar menos heroico depois disso?

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