Compostura

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em primeiro lugar, FELIZ NATAL!!! 🎄

em segundo lugar, esta é a segunda parte do capítulo que comecei na semana passada e deixei o cliffhanger na última cena - e vocês vão conferir as consequências disso...

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Edmundo Camilo não estava surpreso com a aparição de Aurélio Pithon, tentando novamente se inserir no círculo íntimo do governador.

O que ele realmente ficou espantado foi com a audácia do senador em ofender sua esposa.

O político acompanhou a discussão graças a uma notificação no celular, que mostrava a imagem na câmera e o áudio ligado, a troca tensa ente Pithon e Maria Inês, e as palavras ditas pelo senador que tinham objetivo: ofender a esposa, e principalmente, criar uma rusga, uma rachadura profunda na relação do casal. Não que ele não tivesse investido muito na mudança de looks e na contratação de uma personal stylist para atualizar o guarda-roupa de Maria Inês; e de fato, ele queria uma primeira-dama para falar platitudes e acenar genericamente.

Contudo, sua esposa, desde o primeiro momento, nunca se colocou nessa posição. Jamais foi um manequim, um anexo. Tornou-se uma figura importante em seu governo, uma política tão importante quanto ele, talvez com tamanho capital que ela poderia tentar uma vaga para o executivo e seria eleita no primeiro turno.

Se Maria Inês quisesse, ele faria campanha. Seria o principal cabo eleitoral da esposa.

Mas não era o lado "político" de Maria Inês que chamava mais a atenção de Edmundo; e sim, sua dignidade diante de situações que em tese ela poderia não ter forças para lutar contra. Ela jamais se deixou levar pelas tentações de se corromper por causa do luxo e do poder; sempre foi fiel às suas convicções, e fiel em proteger as crianças. Ela sempre amou os gêmeos desde começo, e o cuidado e amor que ela tinha com Rafael e Maria Rosa faziam o coração de Edmundo, um órgão que ele pouco se preocupava para além dos batimentos normais que o fariam caminhar por aí, bater com a tranquilidade de saber que ela, como mãe, jamais seria como Laura Camilo.

Maria Inês não tinha medo de falar a verdade, não tinha medo de questionar as decisões dele; era uma pessoa empática, pensava sempre no outro, sabia ver o melhor das pessoas, e parecia confortável sendo quem era. Ela tinha uma luz própria, algo que atraía as outras pessoas em seu entorno, e essa luz fazia com que Edmundo, um homem consciente dos próprios pecados, quisesse se deixar levar por dois deles, a gula e a avareza.

Edmundo queria a esposa apenas para ele. Apenas ao seu lado, apenas perto dele. Porém, Maria Inês era imensa, grande, uma estrela tão brilhante que não poderia ser controlada, mesmo que no começo ele acreditasse ter algum tipo de controle sobre ela.

Por isso, cabia a Edmundo protegê-la dos perigos que envolviam ser a primeira-dama da Bahia, e a exposição que ganhara por ser quem era. Não deixaria nenhum ser humano apagar a estrela, ninguém controlar, domar a estrela.

Aurélio Pithon – "um imbecil completo", concluiu o governador – poderia até imaginar que tinha algum tipo de poder sobre Maria Inês; mas era uma suposição que Edmundo considerava um verdadeiro delírio a tal ponto que ele levou a mão aos lábios, escondendo o movimento leve que se assemelhava a um sorriso. Se ele, Edmundo, foi tolo no começo em acreditar que poderia controlar Maria Inês, Python era ainda mais ao imaginar que ela poderia esmorecer diante das provocações do senador.

- Então quer dizer que você, tão interessado em me ver casado, queria destruir meu casamento?

- Finalmente você apareceu. Estava escondido atrás da porta, ouvindo a conversa e se colocando como um garotinho mimado atrás das saias da mamãe, quer dizer, da esposa?

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