Serenidade

1.7K 204 87
                                    

este capítulo se chama "Serenidade" mas não tem nada de muito sereno por aqui não haha

---

- Dona Rita, eu... Eu queria conversar com a senhora algo importante.

A idosa estranhou a forma comedida como Maria Inês a interpelou. A jovem chegou calada da viagem a Barreiras, e o máximo que fez foi conversar com as crianças e dormir profundamente.

Tanto que no outro dia, quem tomou café mais cedo foi o próprio Edmundo Camilo, que não questionou o fato da esposa não o acompanhar no desjejum.

- A viagem foi cansativa, dona Rita. Faça companhia a ela, e como hoje é sábado, vocês podem inventar alguma atividade com os gêmeos.

- E o senhor vai trabalhar, no sábado? Com todo o respeito, mas...

- A campanha está muito intensa e eu preciso ver os próximos passos. Não posso descansar. Bom dia.

Acabou sendo como Edmundo indicara, feito uma profecia: Maria Inês passou a manhã com as crianças e com dona Rita, e todos decidiram almoçar no terraço, na beira da piscina.

- Vocês não vão para o fundo.

- Não vamos não, mamãe!

- Eu estou de boia, mamãe!

- Mesmo assim, Rafinha. Fica aqui no raso, do lado de sua irmã, e brinquem aqui. E nem se distanciem, eu tô de olho.

A jovem suspirou, levando a mão à cabeça e passando pelos cabelos mais atrás. O comportamento dela fez que dona Rita estranhasse.

- Você parece tensa, mas... Por que essa conversa aqui... No terraço?

- É que... Eu sempre fico com a impressão de que as paredes têm ouvidos lá em casa, Lá dentro.

A idosa sorriu.

- Fico contente em saber que você chama o apartamento de "casa"

O sorriso da pedagoga era tímido.

- Eu acho que me acostumei. Me acostumei a estar em casa com as crianças, de certa forma a participar das ações pra Camilo se eleger. Eu nunca pensei que ia gostar da ideia de não trabalhar, mas eu sei que... com a possível eleição dele eu vou ter coisas a fazer. Primeiras-damas não ficam apenas usando roupas bonitas e dando tchauzinho pra população.

- Então você tem certeza que ele vai ser governador...

- Sim, se não for no primeiro turno, com certeza no segundo. A campanha tá ficando mais agressiva, mas ele tem tudo resolvido. Tem tudo sob controle. Mesmo que... Eu fiquei surpresa, dona Rita... Uma coisa aconteceu.

- O que aconteceu, Inês? Conte logo, você tá cheia de dedos pra falar alguma coisa comigo, menina!

Foi então que a pedagoga explicou, entre um suspiro e uma frase mais reticente e outra, o que ocorreu em Barreiras. Ela não cometeu exatamente sobre os crimes e toda a parte mais violenta, porque aquilo era algo que ficava entre ela e Camilo. E ela acreditava que dona Rita não lidaria muito bem com aquele lado diferente do político.

O que ela disse foi o suficiente para a idosa entender o motivo pelo qual a jovem estava tão confusa.

- Você beijou seu marido?

- Sim, na verdade... foi ele que me beijou, dona Rita! Ele simplesmente... Cuidado com esses pulos, Rosa... Ele me beijou de uma maneira que... Ele... – os dedos fizeram um formato de garra, como se indicasse o que ele havia feito. - tocava em mim de um jeito que eu não consigo descrever bem, mas era... Ele me tocou com vontade.

ControleOnde histórias criam vida. Descubra agora