Capítulo 9

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Maitê Kovalsky

O carro de Abham é muito veloz e ele faz questão de mostrar quanto, andando pelas ruas de Moscou em velocidade alta. Ao menos as ruas daqui são mais livres. Fui durante todo o trajeto quieta, apenas olhando as ruas que passavam ao nosso lado, mesmo que rápido.

-Você é sempre assim, quieta ou não gosta de falar comigo mesmo? -questionou e lhe olhei por canto de olho e ele deu um breve sorriso de canto. -Nossa você tem mesmo um olhar de assassina, é sempre assim? -disse em tom descontraído, e revirei o olho por ter que lhe responder.

-Não gosto muito de conversar, e o meu olhar de assassina é só quando me imagino matando alguém. -esclareci. -E não temos assuntos em comum você é muito.. -fiz uma pausa procurando a palavra.

-Não diga novo.. -pontuou.

-Isso, novo. -usei o termo se bem que o que eu procurava estava mais para falante, mas quis o provocar.

-Você usa esse termo como se fosse muito mais velha, aposto que não tem mais que trinta e dois. -o pior é que ele acertou minha idade, mesmo que semana que vem eu faça aniversário e complete 33. -Garanto que já fiquei com mulheres bem mais velhas que você. -disse sincero enquanto me olhava.

-Garoto olha pra pista. -esbravejei e ele continuou me olhando, mas sei que estava atento ao caminho além de ter diminuído a velocidade do carro.

-Você é tão linda que vale a pena o acidente. -disse brincando, que idiota. -Você me lembra uma raposinha, isso igualzinha. Observa tudo, mas só age no momento certo, quando acha necessário. -bufei do que afirmou. -Vou te chamar assim agora de raposinha! -exclamou e me virei pra ele boquiaberta.

-Não ouse. -rosnei entredentes.

-Você não faz ideia do quão ousado posso ser. -disse piscando. -Mas paro se nunca mais me chamar de garoto ou comparar nossas idades. -não lhe respondi, mas sabe que eu concordo. Maldito Abham.

Continuamos o caminho outra vez em silêncio, mas eu pudia perceber os olhares de Abham a mim, até porque eu lhe olhava também.

-Chagamos. -disse e parou saindo do carro e saí também em seguida.

O lugar era grande e com pouca iluminação, somente por conta da entrada que tinha por onde passamos. Abham foi para um lado, analisando as paredes que tinham marcas de tiros e eu do outro lado olhando tudo que pudesse minimamente ser uma pista.

-Essas marcas são antigas, este lugar deve servir de matadouro humano algumas vezes. -falou andando devagar enquanto olhava os lugares.

Olhamos em cada parte em todo lugar e não achamos absolutamente nada, nem uma cápsula de bala, um rádio comunicador qualquer coisa que pudesse ser usada para ir atrás. Estávamos indo embora quando Abham pisou em cima de um tampão de bueiro.

-Cuidado, se seu salto for fino pode entrar num dos buracos. -disse e destravou o carro.

Olhei no chão para não pisar no lugar e no mesmo instante pude ver um pedaço de salto preso num dos buracos, então me agachei e o peguei olhando.

-Não uso salto fino para missões, mas uma mulher esteve aqui e ela usava. -falei e ele parou se virando a mim.

-Como assim? -indagou e ao olhar pra trás fui andando em sua direção com o pedaço da peça.

Caminhei em sua direção que nem sequer vi um buraco que havia e acabei tropeçando e se Abham não me segura logo, poderia ter caído no chão.

-Salto numa missão não é inteligente. -falou enquanto me segurava.

Eu sentia sua respiração perto de mim, seu rosto estava tão próximo, minhas mãos em seu corpo me deixaram sentir o batimento de seu coração.

-Faço coisas com um salto que duvidaria. -retruquei me irritando.

-Não faça minha mente pensar besteiras agora Maitê. -sua voz rouca com seu hálito refrescante atingia minha pele. -Mas sei que é capaz de fazer muitas coisas, porém me referia a dona deste pedaço de salto. -completou e eu me liberei de seus braços e recuperei o fôlego que pareci perder por um minuto.

-Mas entendo a dona, esse sapato é de uma coleção única do Mustafan Novrik. Um designer de sapatos excelente aqui da Rússia, sua loja é única e a mais procurada, estive lá algumas vezes, fica em Kolomenskoye. -falei e ele me observava atentamente.

-E então vamos para Kolomenskoye? -questionou enquanto abria a porta do carro.

-Claro. -pontuei e fui pro outro lado adentrando num lugar.

Estávamos no carro já nas pista de Moscou quando o silêncio que pairava foi quebrado  pelo meu estômago que deu um ronco horroroso.

-Quer ir almoçar? -Abham perguntou e eu bem queria fingir e negar, mas estava com muita fome.

-Sim, agradeço, não comi nada além de uma maçã desde ontem a tarde. -falei e ele me olhou incrédulo.

-Deveria ter comido algo à noite, e hoje pela manhã também, essas refeições também são muito importantes Maitê. -proferiu de maneira séria as palavras.

-É o Kaiv sempre fala, insistiu para que eu comesse, mas ontem não desceu. -respondi ao que falava, e depois disso não disse mais nada. Foi estranho, não fui grosseira desta vez e se calou, mas acho bom ao menos me poupa dele.

...

O lugar onde viemos almoçar é simplesmente lindo, traz um ar harmonioso. Eu comi muito e o mais saboroso foi um prato que disseram ser especial do chef, o qual a mistura agridoce com o esturjão me fez querer comer duas vezes.

-Gostou? -Abham perguntou depois de deixar o celular que usava sobre a mesa e comer a sobremesa que pediu.

Terminei de engoli a colherada da minha sobremesa, povlola com frutas vermelhas.

-Sim, é muito bonito também. -comentei olhando ao redor e ele parecia analisar se eu falava sério.

-Obrigado. -agradeceu e revirei os olhos, eu falava do lugar, não dele.

-Falo do lugar idiota. -retruquei.

-Por isso agradeci, sou o proprietário. -quando falou aquilo quase me engasguei com um pedaço de morango.

-Ah é?! -proferi. -Por isso os funcionários ficaram meio em êxtase quando te viram. Então nesse caso agradeça ao chef o esturjão, com camarão ao molho de maracujá me surpreendeu.

-Muito obrigada, é uma criação minha sua aprovação me encoraja a torná-la prato oficial. -eu não acredito que ele ainda cozinha tão bem assim.

-Você cozinha também? -digo. exasperada, mas depois me contive. -Existe algo ou algum lugar que os Smirnovs não sejam donos? -brinquei e ele sorriu se encostando na cadeira e me olhando fixamente.

-Fazemos muitas coisas, sim e somos donos de algumas coisas, como redes de restaurante, hotel, hospital, escritórios. -ia citando e pareceu se perder e parou.

-Li um pouco sobre vocês e cada dia mais descubro novas coisas. -quando me ouviu dizer isso ele arqueou uma das sobrancelhas.

-Vejo que fez o dever de casa, mas não acredite em tudo que vê Aidan uma vez fez uma tatuagem meio íntima e divulgaram que fui eu. -arquiei as sobrancelhas ao ouvir aquilo. -Uma jornalista transou comigo só para saber se era verdade, tolice, as marcas, ou tatuagens como quiserem falar que tenho no meu corpo são somente as cicatrizes que ganhei.

Aquela frase, aquele momento parecia me fazer voltar a hoje de manhã quando falei aquilo a Aidan e ele disse que o Abham falava igual.

Sim Maitê, o Abham é o combo completo.

Abham -Spin-Off de Os Ceos da MaffiaOnde histórias criam vida. Descubra agora