Capítulo 20

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Segunda-feira:

Maitê Kovalsky

Saí do quartel o mais rápido que pude e praguejei por não ter um carro, preciso mudar isso, mas por sorte um dos homens que estava de motorista para mim estava chegando com o carro. Entrei rapidamente no carro, antes que o mesmo pudesse descer.

-Para minha casa. -falei e ele rapidamente deu partida no carro saindo de onde estávamos e atravessando a saída da garagem subterrânea.

Uma ligação de alguém que te deixou a meses não devia significar muito, mas o Kaiv é bem sentimental às vezes e sei que anos atrás teve depressão e tentou contra a própria vida, acredito que esse não seja o caso, mas ainda assim temo.

O percurso não era distante, mas neste dia parecia infinito e eu só queria morrer por ter deixado ele sozinho todo esse período.

Quando o motorista parou em frente ao prédio eu quase não vi se podia estar saindo algum carro e corri entrando na recepção, fui depressa para meu elevador e apertei o botão fazendo com que as portas da caixa de metal fechassem e o mesmo começasse a subir.

Assim que as portas do elevador abriram, olhei para a sala onde o meu melhor amigo estava sozinho abraçando suas pernas sentado no chão.

-Kaiv. -sussurrei atirando a bolsa e o celular sobre o sofá e lhe abraçando de lado.

Seu choro era abafado quase inaudível, e aquilo só me fez desejar ouvir sua risada outra vez.

-Ele me humilhou Maitê, me deixou e me esnobou. -ouvir aquilo me fervia por dentro ao ponto de querer matar quem fez isso com ele. -O Serafin me matou na vida dele. -dizia em meio de soluços.

Pelo pouco que entendi na chamada Kaiv ligou para Serafin depois desses meses que passaram separados, estranhamente ele achava que só havia se afastado por estar em turnê, mas que voltaria para ele. Kaiv ontem ligou com saudades e o mesmo lhe disse que era imbecil por ter ligado e que nunca sentiu nada por ele, somente precisava de seus conhecimentos sobre passarela e que jamais se relacionaria de forma exposta com um homem, e o porco..o maldito porco que agora está do lado de fora na sacada roncando, era somente para demonstrar a lama a qual Kaiv entrou depois de brilhar anos atrás.

Quando Kaiv me disse isso por chamada, eu não podia esperar para ver, precisava vir aqui.

....

Kaiv passou bons minutos chorando em meu colo até que se acalmou aos poucos e pegou num breve sono deitando sobre minha perna no chão. Já havia quase uma hora que dormia quando senti se mexer, e virar me olhando, agora somente com os olhos manchados de lágrimas.

-Por favor não mate ele. -disse sussurrando, mas bem que aquele cretino merecia.

-E o porco? Podemos fazer um guizado. -tentei lhe animar e abriu um sorriso forçado de canto.

-Podemos dar a alguém, não quero ver ele morto, me apeguei ao bichinho chato. -disse olhando para a sacada onde o animal agora estava deitado. -Mas também não quero mais ver ele, vai me lembrar o Serafin. -disse com mágoa em sua voz.

-Sabe que ele nunca te mereceu né? -condicionei e balançou a cabeça concordando.

Kaiv se levantou de meu colo e sentou ao meu lado me encarando e me abraçou de lado, ato que correspondi. -Quem te ver toda durona não sabe o quão incrível você é, obrigada por ter largado tudo e vindo me ver. -disse com um sorriso acolhedor e eu não disse nada apenas ficamos ali calados e abraçados.

Abham -Spin-Off de Os Ceos da MaffiaOnde histórias criam vida. Descubra agora