Capítulo 7

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Maitê Kovalsky

Foi uma noite bem complicada, talvez pela agitação e mudança eu ainda tenha inicialmente dificuldade em dormir, como foi o caso. Somente peguei num sono mesmo já pelas quatro da manhã e acabei acordando tarde, pois pela luz do sol que se irradia na janela de vidro que não deixei fechada, suponho que já passei das 08h00 da manhã, e gosto de acordar cedo.

Levantei e fui até o banheiro, lembrando que preciso fazer reposição de coisas de higiene e de mercado, pois ao ir escovar os dentes me deu conta disso, então fui até a bolsa onde levo algumas coisas e achei um creme dental.

Após fazer minhas higienes matinais e tomar banho, coloquei uma calça de couro vermelha num tom bem escuro e uma regata preta, mas ainda assim coloquei uma jaqueta preta por cima, pois aqui na Rússia mesmo o tempo estando em estações que deveriam ser quentes ainda é um pouco frio as vezes. Amarrei meu cabelo num rabo de cavalo e coloquei minha bota preta, dei uma conferida no espelho e achei agradável o que vi.

-Bom dia Kaiv. -falei pegando uma maçã na mesa tão bem posta que tinha já feito. -Kaiv como você conseguiu fazer isso tudo? -questionei abismada.

-Bom dia querida, e não vou contar meus segredos. -disse se sentando à mesa e lhe olhei torto o fazendo confessar. -Ta bom, aqui embaixo tem um mercado do prédio, inclusive sem filas o que é maravilhoso, pois aí somente é pegar e pagar, fiz um cadastro em meu nome, mas você paga. -brincou enquanto pegava uma colherada de mamão. -E onde vai assim? Está com cara de que não dormiu bem. -disse e imaginei que minha fisionomia não estivesse tão boa quanto achei anteriormente.

-Na verdade não dormi essa noite, mas acho que o mesmo não aconteceu com você, acordou até cedinho. -proferi e dei uma mordida na maçã o vendo acenar positivamente com a cabeça. -Acho que vou treinar um pouco e quando chegar iremos as compras, precisamos de algumas coisas para a casa. -falei e saí em direção ao meu quarto para pegar a bolsa.

...

Quando saí senti um calorzinho proporcionado pelo sol e logo avistei o carro preto em que viemos ontem estacionado mais a frente, caminhei em sua direção e ao chegar perto um homem diferente do motorista que nos trouxe ontem saiu para abrir a porta.

-Você por acaso fez ronda aqui? -falei e por um instante achei que não fosse responder.

-Fizemos um rodízio senhora, para sua segurança caso quisesse sair. -disse sério sem me olhar.

-Pois a partir de hoje, quero que não fiquem mais aqui e quero o contato de vocês, em caso de precisar eu ligo. -fui direta e apenas positivou com a cabeça, vinha abrir a porta para que eu entrasse, mas me adiantei e eu mesma abri lhe fazendo sinal negativo com a cabeça, não preciso que abram até a porta do carro para mim.

-E então para onde iremos senhora? -disse assim que entrou no carro.

-Para o quartel. -respondi e sem mais esperar ele logo arrancou com o carro do lugar.

Imagino que a este horário a academia do prédio esteja super lotada e se tem uma coisa que eu não quero é ficar conversando com ninguém, porque pessoas amam se familiarizar com gente nova e eu odeio esse traço das pessoas.

Arnold e Alya me deixaram claro que eu podia ir ao quartel e caso quisesse me inserir em algo poderia, e nesse exato momento vejo que eu realmente preciso ocupar minha mente e retirar toda tensão do corpo.

-Chagamos senhora. -foram as palavras ditas pelo motorista ao adentrar numa garagem de subsolo e em seguida eu saí, pelo visto entendeu que não quero que abra a porta para mim.

Assim que saí do carro vi a luz forte de um carro em minha direção e em seguida virar, acredito que foi estacionar, olhei ao redor antes de entrar e o máximo que vi foram seguranças que mais parecia da guarda inglesa de tão imóveis que estavam.

-Maitê. -ouvi me chamar e virei, percebendo que um dos gêmeos que me chamara.

Não era o Arnold, porque ele sei destinguir de longe, nem o Andrei porque também sei e ele sem dúvidas não me gritaria. Esperei que se aproximasse totalmente e ao ver a tatuagem na mão pude perceber que era Aidan.

-Olá. -respondi e ele ergueu a mão num cumprimento, a qual peguei.

-Vamos entrar, Arnold mencionou que viria. -disse e eu fui o seguindo. -Espero que esteja tendo uma boa estadia em Moscou. -disse simpático e apenas dei um leve sorriso sem mostrar dentes.

-Um pouco difícil.. -falei e ele sorriu, nossa ele tem um sorriso muito lindo por sinal, pensei, mas logo afastei o pensamento.

-Então gosta de treinar? -disse enquanto ia andando pelos corredores, os quais não sei se gravei bem e positivei com a cabeça.

De repente Aidan girou duas maçanetas e abrindo as duas portas revelou uma enorme sala onde haviam diversos aparelhos tanto de exercício quanto de lutas, como luvas de boxe, muchachos, tatames, sacos de pancadas.

-Se quiser se trocar, pode ir, atrás da gaiola ali, tem um vestuário e banheiro e se quiser que eu chame alguém para treinar com você... -ia dizendo quando ergui a mão em negação.

-Medo de apanhar Aidan. -brinquei e ele sorriu de canto sem dizer nada.

Fui em direção ao local onde indicou ,trocar de roupa, peguei um tope justo e coloquei e em seguida pus um short colado, mas que facilita também nos movimentos. Arrumei as coisas na bolsa e a deixei lá, voltando para o salão, mas ouvi que alguém conversava com Aidan e me retive.

-Algo não está certo nisso, Andrei está lá investigando e não acho que precisemos incomodar o Arnold. Mas não era pra ter sido tão rápida a morte daquele ser repugnante como o pai. -dizia e tenho certeza que era Abham, e com essa última fala acho que tem haver com o meio irmão deles.

-Vou me aquecer um pouco aqui e depois irei ver o que posso fazer também. -Aidan disse.

-Se aquecer? Quer que eu chame Diniz para vir lutar com você? -bradou e ele sorriu negando.

-Tenho uma convidada especial hoje. -respondeu e o irmão riu saindo em direção a porta.

-Nada de transar na porra do tatame de novo Aidan, sabe que tenho controle das câmeras. -disse e por fim saiu.

Respirei alguns segundos e observei a gaiola de metal quando passava ao seu lado.

-E ela serve pra quê? -questionei e o mesmo que colocava as luvas de foco olhou em minha direção.

-Usamos para apurar os sentidos. -disse, e que resposta vaga. Fiz uma expressão de quem não entendeu enquanto passava a mão entre as grades da enorme gaiola. -Ai dentro vale tudo, ou pode condicionar o que aceita antes de entrar. Aí dentro uma você entra vendada e uma pessoa de sua escolha vai diferindo golpe os quais você vai ter que desviar. -isso é quase um suicídio. -Faz com que você aprimore sentidos como audição, olfato algumas vezes e fique mais sensível para aprimorar seus movimentos em luta.

-Nossa e quem inventou essa loucura? -indaguei surpresa.

-Abham e eu. E a princípio somente eu e ele usávamos, mas agora todos da equipe têm que aprender a utilizar, exigências do chefe de treino. -disse e bateu as luvas uma na outra indicando que estava pronto.

-E ele é? -questionei

-Eu. -pontuou simplório. -Eles treinam cedo e quando chego aqui reviso as imagens nas câmeras e os chamo para aprimorar onde erram. -falou e olhei ao redor sem ver as tais câmeras. -Elas não são para ser percebidas, pedi a Abham isso só ele e eu sabemos delas, não quero que achem que os chamo aqui porque sei que não estão bem aqui, prefiro que pensem que somente quero os aperfeiçoar, o que de fato é. Ou que eu sou um ranzinza que pega no pé deles. -disse essa última parte em tom divertido. -No to ruszamy? (Então, vamos?) -disse em polonês.

Então começamos, ou melhor eu comecei a diferir contra ele golpes, dos quais escapava muito bem, faz sentido ele ser o melhor.



O Aidan kkkkkk, inclusive guardem bem essa gaiola na cabeça de vocês.

Abham -Spin-Off de Os Ceos da MaffiaOnde histórias criam vida. Descubra agora