Laços De Amor(Mpreg) - Spin-off De Valor De Um Amor

Capítulo Quatro

Rogério Oliveira:

Ali estava ele, depois de todos esses anos; parecia que ele não havia mudado nada nesses sete anos. Eu desejava dizer algo e me aproximei lentamente em sua direção, meu coração batendo rápido. Foi então que percebi seus olhos escurecendo ao me ver, e ele se afastou.

Ao encontrar seus olhos, percebi um turbilhão de emoções não ditas. O silêncio entre nós era denso, carregado com o peso dos anos que se passaram. Mesmo que desejasse expressar tudo o que ficou entalado na garganta, as palavras pareciam perder-se na lacuna que se formara.

Seus olhos, outrora familiares, agora carregavam um misto de surpresa e algo indefinível. Aquela fração de segundo foi como um mergulho no passado, relembrando momentos que o tempo não apagou.

Ao me aproximar, pude sentir a tensão no ar, enquanto o eco das memórias preenchia cada espaço entre nós. Contudo, ao notar seus olhos escurecerem, como nuvens de tempestade, entendi que algo havia mudado. Um abismo silencioso se abriu entre nós, e ele, sem proferir uma palavra, se afastou, deixando-me ali, com as palavras não ditas e um coração ainda mais acelerado.

— Você está aqui — finalmente consegui dizer, encontrando minha voz.

Joseph apenas revirou os olhos.

— Não é apenas uma alucinação da sua cabeça — ele respondeu sarcasticamente, com uma acidez que me assustou quando ele simplesmente bateu na minha mão, que estava quase tocando seus braços. — Está ficando louco?

O impacto de suas palavras reverberou em meu peito, enquanto o eco do seu sarcasmo pairava no ar carregado de tensão. Olhei para ele, perplexo, sentindo a ferocidade da rejeição cortando mais fundo do que eu esperava.

— Não estou ficando louco — murmurei, tentando recuperar a compostura diante da sua frieza. A distância entre nós parecia aumentar, alimentando a sensação de que o tempo tinha moldado estranhos desconhecidos a partir de duas almas que, em um passado distante, compartilhavam risadas e sonhos.

Joseph lançou um olhar penetrante, como se buscasse algo nos recessos da minha expressão. Sua resposta foi um silêncio que ecoou mais alto do que qualquer palavra proferida. O peso da incompreensão pairava no ar, enquanto eu lutava para decifrar os enigmas que agora se formavam entre nós.

Ele se virou e começou a subir na direção das escadas. Corri e puxei sua manga; havia tanta coisa para dizer a ele. Eu queria me desculpar pelo que fiz sete anos atrás, queria saber de tudo que ele fez nos últimos anos, como ele estava e o quanto senti sua falta.

— Me desculpe — murmurei, abrindo os lábios. — Devia ter acreditado em você.

Joseph parou, mas não se virou para minha direção. O silêncio entre nós parecia pesado, carregado com o peso das palavras não ditas e das mágoas que o tempo não conseguiu dissipar completamente.

Joseph se virou e, com um gesto decidido, retirou minha mão de sua manga. Seu olhar, antes tão familiar e caloroso, agora exibia uma frieza que cortava como uma lâmina afiada. Uma onda de indiferença me atingiu, e me senti afundar complementarmente em um abismo de desespero. Cada centímetro de sua expressão parecia gritar a distância que o tempo e as escolhas haviam criado entre nós, deixando-me com o amargo gosto da perda e da saudade não expressa.

— Me deixa em paz — Joseph falou, sua voz carregada de um misto de desânimo e amargura. — Afinal, eu sou o idiota que você pensou que te trairia com o seu "melhor amigo". Você preferiu acreditar nele, fazendo de mim o demônio da história. Apenas acreditou nele, ignorando tudo o que construímos e ainda duvidando do meu caráter e amor por você.