Capítulo Catorze

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Joseph Mull:

Acordei na manhã seguinte com frio na barriga e um pé no rosto. Em algum momento da noite, Matilde tinha acordado, ficado com medo do escuro e vindo para a minha cama. Dando um beijo leve no pezinho dela, saí de baixo da minha filha. A lista mental de coisas maternais a fazer, que nunca acabava, começou a se formar em meus pensamentos. Fazer compras. Lavar as toalhas.

Mas, primeiro, teria que tomar café da manhã.

Fui ao banheiro, depois segui pelo corredor. O sol nascente lançava um brilho laranja suave na fileira de fotos penduradas de forma meticulosa na parede da cozinha, com Matilde no meu colo, seguida de uma foto de Agatha conosco em um dia de Natal. Não deixei passar um só ano das fotos familiares, pois eram memórias que se acumularam ao longo dos últimos anos.

Enquanto eu começava a preparar o café da manhã, olhei para as fotos na parede. Cada imagem contava uma história única, um instantâneo de nossas vidas ao longo do tempo.

Matilde aparecia crescendo, sorrindo nas mais diversas situações, e as fotos com Agatha refletiam a amizade que se transformara em parte fundamental da nossa rotina. O Natal naquela foto específica trouxe à tona memórias calorosas de risos e presentes compartilhados.

Sentindo a nostalgia daquelas imagens, percebi o quanto minha vida havia mudado e como essas relações inesperadas acrescentaram camadas preciosas à minha jornada como mãe.

O aroma do café se misturava com a tranquilidade da manhã, e, ao sentar à mesa, agradeci silenciosamente pelas conexões que tornavam minha vida tão rica de significado.

Ouvi passos, e Agatha entrou na cozinha.

— Ei, você não tem seu apartamento? — perguntei.

— Estou vindo de lá — Agatha disse, jogando-me uma rosquinha de chocolate. — Você me deu acesso no prédio e a chave do seu apartamento, então posso ficar aqui um bom tempo para ser sua ajuda.

— Para situações de emergência — falei, e ela deu de ombros, mordendo a rosquinha que trouxera. — Que horas você chegou?

— Lá pelas três. — Agatha disse, esticando bem os braços e soltou um grunhido longo e cansado enquanto se sentava com a rosquinha ainda na boca. — Ontem foi uma loucura. Desde a gente entrando no clube até fazendo altas loucuras que nunca vou te contar porque é segredo, e terminou comigo e a Debi nos beijamos. — Ela sorriu na minha direção. — Era um encontro; estamos saindo nos últimos dias.

Coco voltou correndo e se sentou, esperando pelo café da manhã, balançando o rabo e pulando. Depois de colocar uma porção de ração no pote, voltei para a minha irmã.

— Estava meio desconfiado — falei. — Por que demorou para me contar isso?

— Sempre estive com a minha vida em segredo dos outros, e também ela quis manter segredo — Agatha disse calmamente.

— Entendi, mas fico feliz por vocês. É bom ver que estão se dando bem.

Agatha assentiu e continuou a saborear sua rosquinha enquanto Coco devorava a ração animadamente. O ambiente estava descontraído, e a revelação de Agatha trouxe uma surpresa inesperada, mas uma que eu acolhia com alegria.

— E você? Alguma novidade emocionante na sua vida? — Agatha perguntou com um sorriso travesso.

Refleti por um momento, pensando nas últimas reviravoltas e nas complexidades que as relações trazem. Sorri de volta.

— Bem, nada de novo — confessei.

— Rogério, fica indo às poucos que parece um idiota! — Agatha exclamou.

Laços De Amor(Mpreg) - Spin-off De Valor De Um AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora