Capítulo 26

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🦊 • Ginger Williams •🦊

Sinto a dor forte na minha cabeça e abro os olhos com dificuldade.

Observo ambiente claro e ouço os barulhos ao meu redor indicando meus batimentos cardíacos.

Faço uma pequena força para me levantar mas sinto as mãos me segurando.

- Aí graças a Deus. - minha amiga me segura para que eu não me levante - Enfermeira, ela acordou. - a ouço gritar.

- O que... - aperto os olhos me lembrando vagamente - Michael. Onde ele está?

Não ouço nenhuma resposta, apenas sinto uma mulher mexendo no meu corpo que está dolorido.

A moça aponta uma luz forte para os meus olhos e fala algumas coisas que eu não entendo.

- Onde o Michael está? - pergunto elevando a voz.

Encaro o rosto de Naty que está avermelhado.

Ela estava chorando?

- Natalya - chamo e ela me encara - Onde está o Michael?

Finalmente a mulher de branco vai embora e minha amiga se aproxima de mim.

- Gin... Michael passou por uma cirurgia complicada e ainda não acordou.

- Como... Eu não me lembro de muita coisa. - digo quase sem voz.

- Vocês bateram contra um caminhão e foram praticamente jogados pra longe.

Um filme se passa na minha cabeça.

Os seus olhos me encarando pelo retrovisor.

Porra... Não. Não pode ser.

- Eu quero ver ele. - as lágrimas começam a cair e eu me remexo na cama pequena.

- Você não pode vê-lo agora Gin, precisa se recuperar primeiro.

- Eu estou bem porra... Eu preciso ver... - desabo.

Pensar em Michael machucado faz meu coração doer.

Minha amiga me abraça e sinto meus músculos doloridos.

(...)

Meus ferimentos não foram graves.

Alguns arranhões aqui e outros ali.

Se passaram 6 horas desde que recebi alta.

Michael ainda continua desacordado.

Ele teve uma lesão na perna e passou por uma cirurgia de urgência.

O acidente causou uma pancada na cabeça, mas a proteção que ele usava ajudou a não se tornar algo muito pior.

Eu daria tudo para trocar de lugar com ele.

Já chorei, gritei e surtei.

Não posso viver sem ele.

Eu não consigo.

Encaro a recepção do hospital.

As pessoas passam a minha frente, algumas conversam ao meu lado ou até mesmo comigo mas eu não consigo pensar em mais nada.

Minha cabeça está pensando nele.

Penélope e Leopoldo estão abraçados como se estivessem consolando um ao outro.

Não consegui conversar muito com eles, aliás eu não consegui conversar com ninguém.

- Filha, como você está se sentindo? - minha avó diz ao meu lado.

Ela esteve aqui a todo momento, chorou e agradeceu a Deus pela minha vida.

- Eu não sei... - não tenho mais lágrimas pra chorar - Eu vou tomar um ar.

Me levanto deixando o ambiente hospitalar e saindo em direção ao pequeno jardim do lado de fora.

Ando até um local vazio e me sento no pequeno banquinho de madeira branco.

Inspiro o ar gélido sentindo o cheiro de terra molhada.

O fim de manhã estava triste.

O céu estava nublado.

As árvores agitadas.

Um flashback se passa na minha cabeça.

"Alguém me abraça, me assusto e o primeiro instinto que tenho é tentar me soltar mas ouço a voz que tem me tirado o sono.

– Shhh, calma. Sou eu, Michael. Tá tudo bem. 

Sou acolhida por seus braços e me desmancho em lágrimas.

Talvez eu só precisasse de um ombro amigo. "

Foi uma das primeiras vezes em que me senti acolhida em um abraço.

Quando eu mais precisei, mesmo sem me conhecer direito, ele estava lá.

Michael estava comigo, em todos os momento, dos mais felizes aos mais tristes.

As lágrimas ameaçam a voltar e dessa vez eu não seguro.

Não tento controlar meu choro, os soluços são seguidos por palavras embaralhadas.

- Você não pode me deixar Michael. - digo para mim mesmo.

Apoio os cotovelos na minha coxa e afundo meu rosto em minhas mãos.

Eu não posso ficar sem você Michael.

Você é o meu amor.

Eu não posso te perder.

Sinto braços pequenos me envolverem e o cheiro característico que conheço muito bem.

As lágrimas de Naty se misturam com a minha.

Estou quebrada e sei que ela também.

- Eu amo ele Naty.

- Eu sei meu amor, ele vai ficar bem. - diz entre o choro

(...)

O clima pesado rodeava o ar.

As pessoas com suas vestes pretas estavam chorando em volta dele.

Observo a caixa de madeira de longe.

Não tenho coragem para ir até lá.

Se eu for, se tornará real.

Não quero.

Não posso.

Minhas mãos estão suando.

- Sinto muito, querida. - uma moça que não conheço me abraça.

Eu não conheço quase ninguém que está aqui.

- Michael era um bom homem, sentiremos falta dele.

As vozes se intensificam ao meu redor.

- Iremos fechar o caixão. - alguém fala.

NÃO!

Não podem deixar ele sozinho lá em baixo.

Não podem deixar ele nesse caixão.

Tento falar mas nada sai da minha boca.

Estou em estado de choque.

Não consigo me mover.

As pessoas se despedem e o caixão desce ao buraco profundo e escuro.

As flores são jogadas por cima dele.

Mas eu não consigo dizer nada.

Não consigo impedir.

As lágrimas escorrem pelo meu rosto sem parar.

Meu amor se foi.

Michael se foi.

E uma parte de mim foi com ele.

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💔😭

Enquanto Você Me Amar - CONCLUÍDO Onde histórias criam vida. Descubra agora