17. Os irmãos Bernstorf

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Tobias Bernstorf

Assim que ela abre a porta, nos encaramos em silêncio como se as palavras não fossem necessárias para nos comunicarmos agora. Ela desvia o seu olhar para si mesma, pressiona as pálpebras e dá um leve suspiro seguido de uma careta constrangida.

    Ela está de pijama dourado de borboleta que deixa amostra partes do seu corpo. Dou um meio sorriso e ergo a mão para ela.

    — Olá...

    — Oi — aperta delicadamente a minha mão. — Por favor entre eu vou vestir algo mais apropriado. Fique à vontade.

    Por favor, não vá, estás linda desse jeito. 

    Assinto, vendo-a subir os degraus, sinto a outra mulher se aproximar, mas meus olhos não conseguem desprender da miragem a minha frente, até que ela, desapareci do meu campo de visão. Viro-me em direção a sua irmã que me encara seriamente, com os braços cruzados abaixo dos seios.

    — Por aqui, por favor, senhor Bernstorf — aponta o caminho até a sala.

    — Desculpe eu... Como você está e o bebé? — puxo assunto.

    — Estamos ótimos, obrigada por perguntar — gesticula para que me sente. — E a pequena Sophie como está?

    — Está a ter uma ótima recuperação.

   — É bom ouvir isso. 

    — Pronto, agora estou decente. Desculpe a demora. Verificava Astrid, ela, dormi como um bebé — informa se aproximando de nós.

    Ela, agora, vesti um pequeno vestido floral de tecido leve. Está a sorrir tentando disfarçar o nervosismo. A sua irmã pigarreia e se levanta anunciando que precisar ver como está o “Simon. ” A senhorita Vitti se mexe desconfortável no sofá e também se levanta.

    — Quer beber alguma coisa, senhor Bernstorff? Leandra esqueceste como se trata uma visita?

    — Não precisa se incomodar, não quero nada.

    — Então podemos comer gelado enquanto conversamos — ela encara-me, a sua voz tão doce e acolhedora, os seus olhos brilham enquanto aguarda por uma resposta minha.

    — Sim — é a única resposta que consigo articular.

    Ela puxa a irmã até a cozinha, as duas sussurram algo que mal consigo ouvir. A expressão que ela tem agora é indecifrável, a sua irmã se vira para ir na direção oposta e ela puxa-a pelo braço para impedi-la. Os nossos olhares cruzam-se, ela sorri para disfarçar. Acho que não quer ficar sozinha comigo, é tudo que a sua atitude mostra. 

    Entrega-me a tigelinha vidrada contendo o gelado de chocolate e baunilha, senta-se novamente perto de mim a uma pequena distância, apoia a perna no assento e vira-se para mim. Eu faço o mesmo.

    — Então — começa levando a colher cheia a sua boca linda e convidativa. — Como eu disse por telefone, ela chegou chorando, eu até perguntei o que aconteceu, mas ela não disse perguntas,— a mulher posa a tigela na mesinha de centro.

    — Eu acho que ela pode ter ouvido a conversa que tive com os meus pais mais cedo sobre..., a minha irmã parece confiar muito em você, para ter vindo aqui ao invés de ir à casa da melhor amiga. 

    — A Shaltin? Ah, elas estão brigadas.

    Enrugo a testa, encho a colher e a cobri-la com a boca, ela acompanha o meu movimento e sorri segundos depois.

NÃO POSSO TE AMAR [Revisando]Onde histórias criam vida. Descubra agora