NÃO POSSO TE AMAR [Revisando]

45. Unidos como uma família!

Tobias Bernstorff

— Sim, ele é. Ele se mudou para o apartamento ao lado há alguns meses. — Ela assente, e sinto um calafrio percorrer minha espinha. 

Pareço um pouco atordoado com essa informação. 

    — Isso explica muita coisa. Não sabia que vocês eram vizinhos. Não que isso justifique o meu comportamento, mas... — Paro de falar, sem saber o que mais dizer.

Nihara suspira, e vejo a preocupação no seu rosto. 

    — Sei que a situação é complicada, Tobias. Mas precisamos resolver isso de uma maneira que não prejudique o nosso relacionamento e o nosso trabalho. Já estabelece uma barreira firme com Harrison para evitar futuros problemas.

Concordo com ela, embora ainda me sinta frustrado com a situação. 

    — Você está certa, não devemos deixar que isto afete mais o nosso relacionamento. 

    Novamente, sento-me, encarando os seus olhos lindos, coloco uma mecha de cabelo por trás da orelha e tento beijá-la, mas ela esquiva-se e se levanta.

    — O que vamos fazer com a Sophie? Vamos levá-la à empresa? — Ela parece sem jeito, ainda incomodada com alguma coisa.

    — Niah, algum problema? — Pergunto, preocupado com a sua expressão.

Ela suspira antes de responder.

    — Nada, não. Só não me sinto muito bem. E também, Bernstorff, você precisa fazer mais do que pedir desculpas para que eu te perdoe. — Ela faz uma careta, e eu assinto, ciente de que as minhas ações tiveram um impacto profundo sobre ela.

    — Então você ainda janta comigo esta noite? — Pergunto, tentando amenizar a tensão.

    — Sim. Mas agora vamos, temos muito trabalho nos esperando na empresa. — Ela concorda, e saímos da cozinha juntos, prontos para enfrentar o dia de trabalho que se desenrola à nossa frente.

***

Paro o carro na entrada majestosa da Metamorfose e desço com uma excitação tangível. Meu passo é rápido e decisivo, movido pela vontade da auxiliar Nihara, que habilmente organiza a pasta da bebê e a tira do carro com a destreza de uma mãe experiente. Ela entrega-me tanto a bolsa da pequena como a sua própria, e seguimos para dentro da empresa, unidos como uma família — a família que, até então, só existia nos meus sonhos mais profundos.

    À medida que cruzamos os limites da empresa, não posso deixar de notar os olhares espantados e as expressões de incredulidade que nos seguem. Penso que esta deve ser a primeira vez que nos apresentamos ao mundo como uma unidade coesa. E um sorriso orgulhoso se forma nos meus lábios enquanto avançamos.

    Ao chegarmos ao balcão de recepção, cumprimentamos as duas recepcionistas com afeto. Elas têm uma relação próxima com a minha namorada, e é evidente como a admiração por ela transcende os limites profissionais. Nihara é conhecida por reservar alguns segundos preciosos para perguntar sobre o bem-estar das pessoas ao seu redor, um hábito que se estende desde a portaria até o funcionário mais remoto no andar do seu departamento. Todos a amam e falam dela com reverência.

    Claro, como em qualquer história, há abordagens. Pessoas como Amber e Caine aproveitam cada oportunidade para lançar críticas mordazes na direção de Nihara. A ousadia de Caine chegou a tal ponto que precisei suspendê-la por dois dias, depois que ela se atreveu a falar mal da sua superiora e a minha namorada bem diante dos meus olhos.

    Agora, nossa presença como família na Metamorfose é como um testemunho silencioso da nossa conexão profunda e da firmeza em enfrentar juntos os desafios que a vida nos apresenta.