35. Mantenha as suas mãos longe dela!

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Tobias Bernstorff

Uma semana depois!

A aura vibrante da conquista permeia os corredores da empresa. O eco do sucesso ressoa com o anúncio de que ultrapassamos a marca de cinco milhões de clientes, fiéis apoiadores dos nossos serviços de publicidade. Enquanto a cidade continua a girar lá fora, estou aqui no meu escritório, cercado por uma pilha de documentos e relatórios que formam um verdadeiro labirinto sobre a minha mesa. Cada página, cada número, é um testemunho do nosso crescimento meteórico.

E em meio a tudo isso, não posso deixar de perceber a contribuição vital de Nihara para esse sucesso. No entanto, a alegria da realização se mistura com a turbulência nas entrelinhas do nosso relacionamento. A maneira como a deixei de lado para responder ao apelo de Sienna, essa decisão abriu um abismo entre nós, e agora, as palavras trocadas estão carregadas de desconfiança.

Ela fala comigo, sim, mas o espaço entre nós é tangível, um vazio que se alargou. Sinto que ela construiu novamente as suas barreiras de proteção, um muro que me separa de uma conexão que era tão profunda. Suspiro, passando a mão pelo cabelo com uma mistura de frustração e tristeza.

As coisas entre nós, estão estranhas e eu sinto-me mal por fazê-la se sentir daquele jeito, mas eu não pude ignorar o apelo da Sienna por ajuda. Sei que deveria ter pelo menos avisado, mas no momento não pensei nisso eu só... Caramba, eu não posso imaginar a possibilidade de perder a Nihara, perder a sua confiança e a sua admiração. Suspiro, imaginando como foi difícil, baixar este muro até num nível que me permitisse atravessar e, alcançar o seu coração.

A reunião se aproxima, e logo Nihara estará a apresentando o resultado da campanha com Lewis Harrison. Depois disso, tenho planos de levá-la para jantar. Preparei mais uma daquelas surpresas que ela adora e detesta, como costuma dizer. Ela ama porque surpresas são emocionantes, mas odeia porque a deixam ansiosa. Imagino a sua voz dizendo essas palavras e um sorriso se forma nos meus lábios.

No entanto, antes que a reunião comece, Harry entra inesperadamente na minha sala, seu olhar cheio de perguntas. Os seus olhos analisam-me, como se estivesse a tentar decifrar algo.

— Então, Bernstorf diz-me que você não fez isso? — ele diz, a sua expressão agora cheia de curiosidade.

— Como você ficou sabendo? — pergunto, ao dar um suspiro pesado.

— A Leandra, na verdade, ouvia-as falar pelo telefone.

Fecho os olhos por um momento, sentindo a frustração envolver-me. Volto a sentar-me e encaro o meu amigo, que parece compartilhar um olhar de compreensão misturado com tristeza.

Harry inclina a cabeça, seu olhar sério.

— Claro, deixar a namorada para trás para ir atrás da ex e ainda levá-la para casa não é exatamente o cenário que costuma gerar uma reação tranquila.

Uma ruga irônica se forma na sua boca, e eu não posso evitar encará-lo com desaprovação.

— Pare de brincar com a minha desgraça, Harry. Não percebe que sofro aqui?

— Percebo isso e você merece, cara — ele declara com convicção. — Sienna é uma manipuladora, e você não deveria sequer manter contato com ela. Não importa o que ela diga, eu nunca vou perdoá-la pelo que ela fez. E temo que ela ainda vá trazer mais problemas, marque as minhas palavras — ele recosta-se na cadeira, a sua expressão misturada de chateação e até mesmo raiva, o que só serve para acentuar a minha sensação de desconforto.

— Pare com isso. Você não sabe o que ela passou. Eu não me arrependo de tê-la ajudado, só de não ter contado para a Nihara e de tê-la deixado esperando no escuro.

NÃO POSSO TE AMAR [Revisando]Onde histórias criam vida. Descubra agora