37. Passeio pela cidade

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Nihara Vitti

Caminho pelo charmoso bairro de Mitte em Berlim, acompanhada por Leandra, minha querida irmã, a Sophie e a Astrid, hoje tiramos o dia para explorar a bela cidade. O sol está alto, e enquanto nos aproximamos do Hackesche Höfe, sinto a vibração animada do lugar. Os pátios interligados são como um labirinto criativo, com murais coloridos e lojas elegantes que parecem puxar o meu olhar em todas as direções.

  — Este com certeza é um dos meus lugares favoritos — comento com um sorriso enquanto nos acomodamos numa mesa no restaurante. A pequena Sophie está no meu colo, curiosa com o ambiente ao seu redor.

    Astrid começa a falar, a sua voz levemente melancólica enquanto a suas lembranças parecem distantes. 

    — Sabe, quando Simon estava vivo, ele e o Tobias costumavam reservar alguns fins de semana para explorarmos o país juntos, ele, eu, Herman e o Tobias, só entre irmão. Viajávamos em um daqueles ‘trailers’ personalizados, ficávamos nele até partirmos para o próximo lugar. Eram momentos realmente divertidos.

    Sinto a tristeza nas suas palavras, coloco então a minha mão sobre a dela, oferecendo um pouco de consolo silencioso.

    — Não fique triste, querida. Pelo menos esses momentos existiram e vocês têm essas boas lembranças para guardar.

Um olhar choroso de Leandra chama a minha atenção, e eu faço-lhe um gesto para que ela se recomponha. Ela enxuga rapidamente uma lágrima que ameaçava cair.

    — Então, o que vamos comer? — Leandra pergunta, mudando o foco da conversa para algo mais leve.

   — Bem, este lugar tem algumas das melhores opções da cidade. Acho que todos encontraremos algo que adoramos — digo, a sorrir.

   — Por favor, princesa, isso não é para brincar — digo, olhando a bebê que está prestes a levar o menu à boca. Ela me olha com um biquinho tristonho, mas consigo tranquilizá-la ao virá-la de frente para mim. Converso com ela por breves instantes, e em seguida, começo a fazer cócegas na sua barriguinha. Ela ri com risadas contagiantes e agita os bracinhos, implorando por mais. Ao redor, noto alguns olhares curiosos, curvados sobre as mesas próximas, enquanto Astrid e Leandra nos observam com sorrisos radiantes.

    — É verdadeiramente encantador ver como vocês duas dão-se tão bem — diz Leandra, a cabeça ligeiramente inclinada, os seus olhos transbordando de afeto.

    — Sim, é incrível como a Sophie parece à vontade com a Nihara. Vocês deveriam tê-las visto no parque, era como se fossem inseparáveis. No entanto, a relação dela com a Antonella é diferente — ela confessa, uma sombra de tristeza atravessando os seus olhos verdes acinzentados.

    A bebê ri alto quando faço um som divertido com a boca, que ela tenta imitar, mas não consegui. Então balbucia palavras ininteligíveis e eu continuo a brincadeira.

    — Quem é a princesa mais linda? Quem é? — provoco, e para minha surpresa, ela olha fixamente para mim, ergue o seu bracinho gorducho e aponta na minha direção. Fico sem palavras diante dessa demonstração fofa e sincera. Afeição genuína, é isso que sinto por ela.

    Naquele instante, deixo tudo de lado, desvio o meu olhar para as duas mulheres à minha frente, os meus olhos alargam-se e um sorriso caloroso ilumina o meu rosto desprovido de maquilhagem. As conexões que construímos são verdadeiramente preciosas.

A bebê, com sua alegria espontânea, conseguiu preencher um espaço que eu nem sabia que estava vazio. E enquanto continuo a brincar e rir com ela, sinto um calor reconfortante se espalhar por todo o meu ser.

NÃO POSSO TE AMAR [Revisando]Onde histórias criam vida. Descubra agora