4. Baby-doll

403 48 10
                                    

Nihara Vitti

Desperto meia hora antes do anúncio de aterragem, enquanto Tobias ainda dorme profundamente, assim como alguns poucos passageiros. A família Lancaster já se encontra acordada, exceto a pequena Olivia, que repousa tranquilamente na sua poltrona.

— Olá, Olie. Dormiste bem? — Saúdo o menino, que está no colo da sua mãe, voltado para mim. — Senhor e senhora Lancaster, como é foi o descanso?

— Muito bem e o seu?

— Foi ótimo, apesar do desconforto.

— Então, pronta para aterrar na bela cidade de Berlim? — questiona o esposo, e eu respondo o incentivo:

— Estou ansiosa demais! Espero ser bem recebida.

— Oh, e serás, minha querida. Os berlinenses podem parecer frios e inalcançáveis, mas com poucos dias de convivência, descobrirás pessoas incríveis — é a senhora Adele quem responde, emanando bondade e afeto.

— Obrigada. Com certeza os senhores são um sinal de que me darei bem aqui — afirmo, sentindo-me acolhida e grata por conhecer essa família tão amável.

Finalmente o piloto anuncia no altifalante a nossa chegada, e inicia o procedimento de aterragem. Assim que o avião para e recebemos a autorização para desembarcar, os passageiros retiram os seus pertences dos compartimentos com organização e tranquilidade e os idosos que são poucos desembarcam primeiro. A seguir mulheres com crianças ao colo, como tenho apenas uma mochila, e uma bolsa pequena resolvo ajudar a família Lancaster com os meninos.

— Posso levá-lo.

— Sim, claro, obrigada — a bela senhora entrega-me o bebê.

Quando nos aproximamos da porta ouço o que me parece Tobias me chamando mas não vou a tempo de respondê-lo. Descendo as escadas, sinto o ar fresco e vibrante de Berlim acolher-me. Há algo diferente no ar, uma vibração boa, um pressentimento bom, de que sim foi a melhor decisão que tomei em me mudar para aqui.

Faço cosquinha no menino que sorri incansável, despeço-me dele e o entrego a mãe.

— Gostei muito de os conhecer mesmo — dou um abraço a todos e sigo o meu caminho.

— Tchau querida, foi um prazer conhecer-te também — eles acenam.

Ergo o pescoço na multidão procurando por Léah, vejo-a do outro lado da porta de desembarque com um cartaz escrito em alemão:

"aguardo por um mulherão firme e corajosa de nome Nihara Ngueve Vitti."

— Tinha que ser em alemão! — Digo sorrindo quando me aproximo dela e a abraço.

— Claro, para que todos saibam quem é você — Olha para o cartaz e lança-me um olhar cúmplice. — Quis apenas te dar as boas-vindas como mereces, lembrando-te quem és; bem-vinda a Berlim finalmente — nos abraçamos novamente.

— Vamos logo, estou estourada de cansaço.

— É mesmo? E eu que queria te exibir já hoje No evento super importante que os pais do meu patrão organizaram.

— Não sei se tenho energia para isso. Mas me diz do que se trata o evento?

— É um evento anual para diversos fins, principalmente angariação de fundos para causas nobres, e como a nossa empresa patrocina o evento e como nova gestora de Rh tenho de estar presente, se você puder vir comigo, até porque agora és funcionaria da metamorfose... — ela tagarela fazendo olhinhos sem dar muito espaço para respirar.

— Não ainda não é oficial, então minha presença não faria diferença nenhuma. E quando você saiu de assistente a gestora de RH?

— Na semana a seguir a que falamos.

NÃO POSSO TE AMAR [Revisando]Onde histórias criam vida. Descubra agora