Nihara Vitti
O sol da manhã invade nosso alegre apartamento, trazendo uma luz suave e calorosa para mais um dia na nossa agitada, mas adorável, rotina familiar. Os gêmeos, Jared e Malia, repousam tranquilamente em seus berços enquanto Sophie, nossa pequena princesa, está entretida com seus brinquedos na sala.
Sento-me de frente a escrivaninha do escritório no espaço multifuncional, agora meu segundo lugar favorito e solto um longo suspiro cansado, enquanto observo o clima ameno e sinto a brisa matinal tocar minha pele totalmente recuperada da fase gestacional. Meus olhos fecham-se involuntariamente, e logo minha mente vagueia nas lembranças.
Lembro-me das noites intermináveis, em que o brilho da lua era o único companheiro das mamadas noturnas e das trocas de fraldas. A exaustão se tornando uma amiga constante, mas a companhia de Tobias, o seu carinho, seu olhar apaixonado, mesmo naqueles dias me sentindo horrível trouxeram conforto e leveza. Ele sempre tão presente e auxiliando em tudo, reduziu o tempo de trabalho, para dar mais atenção a nós, e sua compreensão e cuidado comigo contribuíram para uma rápida recuperação.
Meu ofato é invadido por um cheiro forte de ervas, abro os olhos e vejo o pai dos gêmeos, de pé diante de mim, segurando uma chávena fumegante, contendo um líquido verde e aromático.
— Trouxe o seu pequeno-almoço! — ele diz, com o olhar orgulhoso.
— Achei que já tivesse saído — digo ajeitando a postura.
— Não, como eu poderia sair, sem beijar a boca linda da minha amada esposa?
Tobias, posa a bandeja na escrivaninha e puxa uma cadeira, sentando-se nela, me olha profundamente, enquanto acaricia o meu cabelo, este solto, bagunçado, me fazendo parecer um palhaço. Ele, desci sua mão, delicadamente pelo meu braço, sentindo o calor que emana de mim.
Olha-me, com fascino, como se diante dele estivesse outra mulher e não eu, com o pijama sexy, mas revestido do cheiro de leite materno, rosto cansado, pele ressecada e os seios inchados e doridos.
— Pare, Tobias. Estou horrível. Cheirando a leite e babá — resmungo, segundos depois, afastando-o. Dou um longo gole no chá, e sem seguida uma mordida na sandes mista com bastante queixo.
— Mas amo este cheiro delicioso e excitante.
Abro um ligeiro sorriso quase imperceptível. Como ele pode achar esse cheiro excitante?
— Sei o que você quer, me desculpe, mas estou sem energia nenhuma para isso. Os gêmeos, chatearam muito a noite e não preguei o olho.
A expressão do homem, muda de serena para irritada, e ele se levanta sem disfarçar sua irritação. Olha para mim com o olhar decepcionado, suspira frustrado e diz:
— Nihara, até quando vai ficar dando desculpas esfarrapadas?
Antes de encará-lo, fecho os olhos, e solto um suspiro pesado, ele não está me dizendo isso, está? Questiono-me no íntimo frustrada. Levanto e o fuzilo.
— Você está mesmo me perguntando isso? É serio que está me cobrando sexo, mesmo me vendo cair em pedaços, por causa dos seus filhos? — Aponto o dedo para ele.
— Como se só você cuidasse deles — ele diz cauteloso, levando a mão ao cabelo bagunçando pela forte brisa que entra pela enorme janeira do espaço. Continuo encarando-o, agora a culpa ganhando espaço entre nós —, como se só você ficasse em claro, cuidando-os. E você sabe bem que não cobro sexo. Estou cobrando um pouco da sua atenção. Caramba, Nihara pensei que essa nova fase de nossas vidas, nos faria mais próximos, mais apaixonados. Mas tudo que tenho são migalhas da sua atenção, nem te tocar posso...
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NÃO POSSO TE AMAR [Revisando]
RomanceNihara decide recomeçar a sua vida em Berlim, determinada a superar a traição que sofreu pouco antes do seu casamento. Com foco total na sua carreira, ela busca sucesso profissional e pretende evitar qualquer envolvimento emocional. Porém, o destin...