70. Uma vida feliz

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Nihara Vitti

Estamos longe para sermos ouvidos, mas perto para sermos visto, com os braços cruzados na frente do corpo paro bem de frente ao homem, encarando-o, o peito batendo num ritmo, ofegante.

    — Por que você está aqui, Bráulio? Por que agora? — Por mais esforço que faça, minha voz ainda sai tremula. 

    Bráulio suspira, seus olhos refletindo um misto de arrependimento e carinho. 

    — Eu não podia deixar você se casar sem dizer o quanto sinto muito — ele diz. — Eu fui um tolo, Nihara. E eu sei que não mereço seu perdão, mas eu precisava que você ouvisse isso de mim, precisava  tentar conquistar o seu perdão.

   Sinto as emoções borbulharem dentro de mim, eu juro que não espera por isso, nunca pensei que ele seria capaz de aparecer aqui, desse jeito, perecendo vulnerável, o olhar arrependido. Impedindo que as lágrimas caiam e borrem meu rosto, ainda assim não fazendo questão de disfarçar a mágoa que ainda sinto, digo num sussurro:    

    — Você partiu meu coração. Nunca se importou comigo, agora vem e me diz que sente muito? Que quer conquistar  meu perdão? Depois de todo esse tempo, vendo você agora, percebo que ainda doí — aponto para o lado esquerdo do meu peito.

    — Eu sei, eu sei, vou me arrepender disso pelo resto da minha vida. Mas eu vi o quanto você e Tobias são felizes juntos. Ele é um bom homem, e ele te ama de verdade. Eu só queria que você soubesse que eu também… Sempre vou te amar, de uma maneira que desejo apenas o melhor para você. Eu te perdi, por ser um idiota, e disso eu nunca vou me perdoar por isso.

    Noto a sinceridade em seus olhos. Ele parece diferente do homem de há quatro anos. Solto o ar profundamente, encontrando forças para dizer.

    — Tudo bem, eu te perdoo, Bráulio. Só quero esquece o passado e continuar vivendo minha vida feliz ao lado de Tobias. E sinceramente, espero que você tenha encontrado o que estava procurando — encaro a mulher que acaba de se aproximar de nós e segura sua mão —, mas agora, eu preciso ir. 

    Nesse momento, Tobias também se aproxima, sua expressão preocupada se transformando em alívio ao vê-me.

    — Nihara, está tudo bem? 

    Sorrio para o homem, que beija meu rosto delicadamente, sob o olhar do outro, que se entristece ao ver tal ato, mas logo, abre um sorriso forçado.

    — Sim, meu amor. Está tudo bem agora — declaro segurando a sua mão. — Vamos voltar. Nossos amigos e familiares estão esperando.

    — Tobias! — Nos viramos para atender ao chamado do meu passado, resolvido.

    — Você tem muita sorte. Cuide dela, não cometa o mesmo erro que eu — Bráulio enfatiza dando as costas asseguir saindo da propriedade.

***

A celebração desenrola-se em perfeita harmonia, vibrante e repleta de risos que se espalham como uma melodia alegre. Tobias e eu nos entrelaçamos na pista de dança, acompanhados pelo também recém-casados, Harry e Leandra, Nossos movimentos sincronizados com a música.

Meus olhos passeiam pelo lugar capturando a felicidade estampada em cada rosto, até que se fixam em Hermann e Quezia. Entre eles, sinto uma corrente elétrica de cumplicidade e desejo, um mistério que escapa do meu entendimento. Com uma ruga de confusão na testa, busco respostas no olhar de Tobias, mas ele parece tão perplexo quanto eu.

    Faço uma pausa na dança, caminhando em direção às mesas, mas minha mão e puxada por trás, me viro para encontrar Lewis com o olhar pedinte.

NÃO POSSO TE AMAR [Revisando]Onde histórias criam vida. Descubra agora