NÃO POSSO TE AMAR [Revisando]

44. Tobias, você está bêbado!

Nihara Vitti

Tobias e Harry estão parados bem diante de mim. O homem, com o braço firme em volta do amigo, está praticamente segurando-o, mal consegue se equilibrar nos próprios pés. Seu rosto, normalmente com uma sombra saudável, está pálido, e seu cabelo, que costuma ser impecavelmente penteado para trás, está agora desgrenhado, com mechas caindo sobre a sua testa, quase alcançando os seus olhos. No entanto, mesmo nesse estado desarrumado, ele consegue ser ainda mais lindo que o normal.

    — Ninaaa — Tobias solta o braço do seu amigo e se joga no meu corpo, quase nos derrubando no chão. Harry, nos encara com um olhar surpreso e encolhendo os ombros, como se dissesse: “Bem, aí vamos nós.”

    — Tobias, você está bêbado — constato o óbvio, enquanto ele balança suavemente, tentando manter o equilíbrio.

    — Não, estou muito sério, olha para mim — Ele diz com a fala arrastada, suas palavras tropeçando como se estivessem a nadar num mar de álcool. Com o rosto serio e, ao mesmo tempo, hilário, ele tenta parecer sóbrio. Eu não posso evitar, um sorriso escapa de mim enquanto eu o puxo para dentro.

    — Por favor, Harry, entre e sente-se. Farei um café forte para ele. — Faço um gesto convidativo para o amigo de Tobias.

    — Seu apartamento é muito lindo — ele elogia, olhando ao redor, seus olhos um pouco turvos.

    — É, nunca esteve aqui antes, não é? — Comento enquanto encho a chaleira e o coloco no fogo para ferver. Quando me viro, dou de cara com Tobias, cujo rosto agora tem uma expressão de choro iminente. Ele me encara por um segundo e, antes que eu possa entender, ele me abraça, soluçando alto.

    — Por favor, Nina, me perdoe — ele implora, segurando-me pelos ombros. — Fui um completo… hum, qual a palavra mesmo? — O homem enruga a testa, inclinando a cabeça para o lado num esforço hercúleo para encontrar a palavra perdida. É simplesmente impossível ficar zangado com esse Tobias bêbado, cuja vulnerabilidade está à flor da pele.

    — Vamos falar sobre isso quando estiver sóbrio, agora não. Volte para a sala e fique com o seu amigo enquanto faço os cafés — peço com firmeza, tentando manter a situação sob controlo.

    — Não quero ficar longe de você, minha Nina — Tobias abraça-me pela cintura.

    — Tudo bem, já vou até lá. Por favor, Harry, uma ajuda aqui — peço ao amigo de Tobias. Harry se levanta com um sorriso divertido e retira Tobias da cozinha, colocando-o sentado na sala. Tobias se deita no seu colo e começa a resmungar.

    — H, a Nina não me quer mais. Fala para ela me perdoar, por favor — seu choro ecoa novamente pelo cômodo, desta vez de forma mais intensa.

    — Por favor, Tobias, pare com isso, está fazendo má figura — comenta ele com um riso. 

    Caminhando até eles. Coloco a bandeja com os cafés na mesa e sento ao lado de Tobias. Observo o homem adulto chorar como uma criança, uma cena que nunca havia presenciado antes. Apesar de ser engraçado, não pretendo vê-lo assim novamente.

    — Tudo bem, Bernstorff, tome. — Entrego a xícara para ele com uma expressão séria. — Beba este café e se recomponha.

O homem se levanta, me encarando, engole o choro e pega a xícara. Enquanto ele tenta tomar o líquido amargo, volto a minha atenção ao seu amigo, Harry, que não tira os olhos de nós.

    — Sabe, Niah, este meu amigo aqui tem muita sorte em ter você. E ver como você o ama e cuida dele, deixa-me muito feliz e aliviado.

    — Aliviado? Não entendi. — Levanto uma sobrancelha, curiosa.