NÃO POSSO TE AMAR [Revisando]

16. Visita dos Bernstorf

Nihara Vitti

Hoje precisei sair mais cedo do trabalho para me encontrar com o agente imobiliário. As duas últimas casas que visitei são realmente agradáveis, mas ficam muito distantes da casa da minha irmã. Um dos requisitos indispensáveis é que o lugar onde eu vá morar seja próximo a ela e ao meu trabalho.

    Enquanto dirijo, ouço o meu telefone tocar dentro da bolsa. Decido parar o carro no acostamento, pego o aparelho e atendo de imediatamente, quando vejo o nome de Astrid na tela.

    — Oi, princesa, tudo bem? Aconteceu alguma coisa? — pergunto, preocupada.

Mantemos contacto desde que nos conhecemos no hospital. Astrid tem-me atualizado sobre a pequena Sophie e o seu irmão, e temos conversado bastante. Ela é uma garota inteligente, amável, responsável e divertida. Além disso, é uma talentosa ‘designer’ de joias em ascensão, mesmo com apenas dezasseis anos.

— Princesa, é claro que posso ir. Mesmo que eu tivesse algum compromisso, desmarcaria por você. Me envie o convite, tudo bem? Fique bem e um beijo para você.

    Desligo o telefone, sentindo-me lisonjeada por pensar em mim para algo tão importante na sua vida. Ser convidada de honra na sua primeira exposição de joias é realmente especial.

Às vezes pergunto-me por que ela parece conhecer-me tão bem e confiar em mim, mesmo com pouco tempo de convivência. Astrid faz questão de me incluir em algumas das suas atividades que normalmente faria com as suas amigas da mesma idade.

    Será que ela vê em mim a irmã que nunca teve? Não tenho certeza, mas acho melhor focar no que preciso fazer agora. Estaciono o carro em frente a um imponente prédio de estrutura metálica, com janelas de vidro e uma varanda espaçosa.

    Eu amo varandas.

    Desço do carro e observo o ambiente ao meu redor, procurando pelo agente imobiliário enquanto analiso o local. É um espaço aberto com fileiras de torres que se distinguem pelos desenhos artísticos nelas gravados. Neste edifício em particular, uma fénix com asas abertas chama a atenção. Na frente das torres, um amplo jardim com bancos, iluminação e pequenos parques.

    Vou gostar de morar aqui.
Respiro profundamente o ar puro e fresco do lugar antes de pegar o telefone e ligar para o homem com quem marquei o encontro.
  
    — Olá, boa tarde. Estou em frente ao edifício Fénix. Onde você está?
Escuto as suas justificativas do outro lado da linha.

    — Tudo bem, por favor, venha logo.

Minutos depois, ele retorna ao local, se desculpando mais uma vez.

    — Podemos começar? — pergunto, demonstrando a minha disposição em prosseguir com a visita.

    Ele permite-me passar na frente e entramos no local, sendo recebidos por dois seguranças sentados atrás de uma mesa. Um deles se levanta prontamente e aperta as mãos do homem do meu lado, comigo faz apenas um breve contacto visual antes de se concentrar novamente no seu colega, compartilhando algumas informações.

    — Como a senhora pode observar, temos aqui um conceito aberto, a sala é bem espaçosa, os mobiliários são modernos, a decoração é simples como a solicitou. Temos também uma cozinha grande, a sala de estar.

    Caminhamos pelo apartamento realmente espaçoso e com uma decoração minimalista em tons amarelo torrado e azul-cobalto, já me ganhou pelas cores que combina com os armários brancos da cozinha.

    — É realmente muito linda, quantos quartos tem mesmo?

    — Tem dois quartos, e sim também são bem espaçosos — sorri, respondendo sem nem eu ter perguntado.