NÃO POSSO TE AMAR [Revisando]

40. Jordan Kross é preso.

Tobias Bernstorff

A noite passou e não consegui dormir, a preocupação com o tribunal martelando incessantemente em minha mente. Fiona enviou-me as fotos e notícias horas depois, e algumas delas são realmente humilhantes. Sinto um nó se formar no meu estômago, questionando se devo mesmo usar essas imagens para mim defender.

Mas meu medo de perder minha filha súpera qualquer sentimento de culpa. A família Lehmann é bem relacionada e influente, e não posso subestimar seu poder.

    Olho para o relógio, que marca 4 horas e 45 minutos, enquanto termino de escrever o e-mail com os anexos e o envio para a advogada. Fecho o computador com uma sensação de frustração e confusão, ansiando pelo fim de todo esse processo. Enquanto reflito sobre os próximos dias que se aproximam, os meus olhos desviam involuntariamente para o telefone à minha frente.

    Um sorriso escapa dos meus lábios enquanto acaricio a foto de Nihara na tela. Na imagem, ela sorri conforme olha o pôr do sol, o seu cabelo crespo esvoaçando com o vento. Ela é linda, absolutamente linda. Esse dia foi um dos meus preferidos, nosso momento especial na praia. O fato de banho que minha namorada usava realçava as belas curvas do seu corpo, e não posso deixar de pensar o quão atraente ela é.

    A ideia de ligar para Nihara passa pela minha mente, mas no último momento, desisto. Sei que ela odeia ser acordada, e eu não quero incomodá-la. Em vez disso, deixo o telefone de lado, pensando em como a amo e valorizo, mesmo que ela esteja ausente neste momento desafiador da minha vida.

    Entro para o banho e fico debaixo do chuveiro por vários minutos, deixando a água quente escorrer sobre mim, tentando aliviar a tensão que se acumulou nos meus ombros. Assim que saio, dou de cara com a minha mãe, parada no meio do quarto. Cubro-me, sentindo-me um pouco desconfortável.

    — O que a senhora faz no meu quarto a essa hora? 

Ela não responde de imediato. Em vez disso, se senta na minha cama e começa a chorar. Preocupado, me aproximo dela e sento-me ao seu lado, tocando delicadamente os seus ombros trémulos.

    — Mamãe, o que aconteceu? Por favor, diz alguma coisa.

    — Eu... — minha mãe encara-me e segura o meu rosto entre as suas mãos. — Só estou cansada com toda essa situação. Não consegui dormir depois da conversa com a advogada. Sinto-me impotente, inútil.

Sinto uma abertura no peito ao vê-la assim. Aconchego-a nos meus braços e afago os seus cabelos dourados, agora com alguns fios grisalhos.

    — Mãe, não diga isso, por favor — sussurro suavemente. — Você nunca será inútil. Esta é uma situação que nos deixa a todos impotentes. Você já fez tudo o que podia, por mim e pela nossa família. Estamos juntos nisso. Vamos superar, eu prometo.

    ***

    — Caine, a senhorita Nihara já chegou?

    — Não, senhor. 

    — Está bem, avisa-me assim que ela chegar.

Nihara nunca se atrasa, é sempre a primeira a chegar e a última a sair, por que ela não chegou ainda? Ela também não atendeu as três chamadas que fiz, esta a deixar-me preocupado, ainda mais porque ela dispensou o segurança. Nihara consegue ser tão determinada, quanto teimosa.

Volto a minha atenção aos documentos na minha mesa, os projetos, as parcerias. O sucesso que temos alcançado ultimamente tem se refletido positivamente nos números da empresa. Se Simon estivesse aqui para ver isso, tenho certeza de que ficaria entusiasmado. A nossa última campanha de ‘marketing’ foi um grande sucesso, e as projeções financeiras indicam um crescimento significativo nos próximos trimestres.