08 ABRIGO

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Luiza cambaleava pelas ruas desconhecidas carregando o mago desmaiado em suas costas. Não sabia para onde ir até que avistou as luzes da avenida principal. Foi para lá o mais rápido que conseguiu, porém a rua principal estava cheia de gente. Os que a veem sair com um homem ferido ficam logo alarmados e chamam os guardas

Mas o guarda que chega lá é justamente o mentiroso do portão que a entregou para aquela mansão de vampiros. Luiza grita acusando-o. O guarda se defende afirmando que ela está louca e é cumplice dos vampiros.

Mas por sorte a moça chorosa que ela salvou estava ali na multidão e também reconhece o guarda acusando-o do mesmo crime e defendendo Luiza por ter salvado a vida dela.

A comoção fica ainda maior e muitos querem saber quem é o homem ferido, para assim decidir se ela está falando a verdade ou não.

Luiza tenta explicar que foi ele quem a fez sair com as outras e que foi ele quem a salvou. Mas suas palavras nervosas e o cuidado que ela tem que ter para não contar que ele é um mago acabam fazendo muitos desconfiarem dela.

Até que um senhor na multidão a reconhece – Ela é filha de um fazendeiro, eu a conheço! – ele se apresenta, é um comerciante afamado na cidade, chamado Tebec. Luiza também o reconhece, pois ele e a esposa sempre compram queijos de sua fazenda.

Assim ela consegue abrigo e cuidados para Lucas. A loja do senhor Tebec fica há poucos metros dali. A esposa dele vem rapidamente ajudar e reconhece Luiza. Mas em seguida pergunta quem é o rapaz. O marido não explica nada só pede que chame um médico logo.

~ ~ ~

Por conta da confusão as casas estão com as luzes acesas e muitos estão despertos. A noite vai acabando e Lucas acorda com a aurora. Luiza está ao pé da cama vigiando ele.

Vendo-o abrir os olhos ela brilha de felicidade e vai logo contando que estão na casa de amigos e tudo ficará bem. É muita informação e ele fica confuso levando a mão na testa, depois olha ao redor se perguntando como foi parar ali.

Luiza fica um pouco cabisbaixa e resmunga – O senhor e a senhora Tebec acham que fugi da fazenda para me casar com você... Não sei como eles podem pensar nessas coisas... –

Lucas nem consegue processar a informação e a senhora Tebec entra confirmando que ouviu a conversa e que "sim" Lucas vai ter que assumir o compromisso e deveria ter pensado melhor antes de levar uma mocinha para um lugar tão perigoso.

Luiza tenta desfazer o mal entendido e fala que ele não é culpado de nada – Eu fugi por que quis! Vou arranjar um emprego e ficar na cidade. – A senhora furiosa com essa conversa dá um cascudo na cabeça do mago que se pergunta – Por que eu? –

Destilando sua raiva, contra o rapaz, diz que ele não deveria fazer uma menina como aquela mentir assim e sair de casa – Onde já se viu iludir uma menina inocente como aquela e faze-la trabalhar na cidade para sustentá-lo. –

Depois se voltando para a menina continuou a bronca. Afirmando que ela não podia cair na conversa de homens assim. Deveria voltar para a casa de sua família e obrigá-lo a casar-se com ela, assumindo o que fez.

– Mas ele não me fez nada! – disse firmemente a mocinha.

– Não?! Porque você voltaria naquela mansão em chamas se não o amasse? Por que o carregaria nas costas? Toda a cidade já está comentando a fato! Não vê que ficará sem reputação se ele lhe deixar agora?! – advertiu a velha.

– Eu não ligo para reputação, estou lhe dizendo a verdade ele salvou a minha vida e eu retribui! É só isso! –

– Que seja só isso... Mas ele vai ter que assumi-la, ou terá destruído a sua vida! Está me ouvindo rapaz? Vamos tratar sua perna por causa dela, por isso pense muito bem em como vai retribuir tamanha bondade nossa e dela por ter ido salvá-lo! Você não vai conseguir uma mocinha tão corajosa , nem mesmo uma tão tola ao ponto de lhe defender nas questões mais absurdas... – Aquilo fez a moça corar, e Lucas a olhou diferente lembrando-se da coragem dela em ajuda-lo.

A senhora deixou a sopa para os dois sobre uma bancada e saiu. Eles ficaram sozinhos no quarto – Obrigado por me ajudar e por guardar meu segredo... –

– Eu só retribui por ter salvo minha vida... Não precisa se preocupar com o que aquela velha falou! Não dou a mínima para reputação. Sai de casa decidida, vou arranjar um emprego e mostrar para todos que posso viver na cidade. Você só precisa se preocupar em melhorar... Eu mesmo pagarei suas despesas médicas, será parte do meu agradecimento... –

– Isso não é bom... – ele acabou pensando alto e ela franziu a testa perguntando o que não era bom. Lucas não estava bem com tudo que lhe aconteceu e impaciente falou o que pensava – Você é um imã para problemas. Primeiro o urso, depois vampiros... Melhor voltar para casa e não ficar sozinha. –

– Você não me entende! –, – Sei muito bem o que é ficar sozinho. Escute a senhora e volte para sua casa. Se eu tivesse uma família ou um lar não pensaria duas vezes... – os olhos dele ficaram vermelhos e uma lágrima escorreu por sua bochecha. Lucas enxugou o rosto rapidamente e virando a face para o outro lado tentou manter-se irritado para esconder seus sentimentos.

Luiza estava decidida, mas ao vê-lo assim ficou em dúvida e se calou. Lucas tomou forças para continuar a lição de moral – Pode não entender agora, mas não adianta fazer o seu melhor, quando sua reputação é destruída você fica sozinho... Abri mão da minha no passado e agora tenho que viver como um animal selvagem... –

Luiza olhou com pena para ele e o ouviu com respeito – Já me meti em muitos problemas no passado por não ouvir os conselhos de pessoas como essa senhora. Não cometa o mesmo erro... –

Ela não queria magoa-lo, contudo sua teimosa a tornava cega. Confiante declarou que isso não aconteceria com ela, pois conseguiria um emprego e provaria a todos que pode construir sua própria vida.

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Era Um MagoOnde histórias criam vida. Descubra agora