Era Um Mago

22 NOVIDADE

No campo o trabalho nunca podia parar, os animais precisavam ser tratados todos os dias. Nesse primeiro mês de casado Lucas trouxe a possibilidade de uma plantação de trigo. Algo com que Sandro sempre sonhou, agora com dinheiro e ajuda podia realizar.

O sogro estava muito feliz, mas o casal mal conseguia se encontrar. Lucas ordenhava as vacas logo cedo, carregava a carroça, levava o gado para o pasto e seguia para preparar a terra.

Ao meio dia Luiza levava o almoço para ele, depois só se viam tarde da noite, quando o mago parava de capinar o terreno e cavar os sucos na terra.

Certa madrugada, quando Lucas levantava para ordenhar as vacas sentiu algo na floresta. Olhou para Luiza ainda deitada entre os lençóis, ela dormia profundamente. Então voltou a janela afastou de leve a cortina com a ponta dos dedos apenas para ver algumas arvores ao longe.

– Um mago... inexperiente... – constatou com raiva imaginando que tipo de problemas traria. 

Sorrateiramente saiu pelos fundos da casa e alcançou a vegetação em segredo até que localizou o espião, no alto de uma arvore usando uma luneta para vigiar a casa.

– O que quer? – bravejou Lucas surpreendendo o inimigo. Esse desceu em um salto e descobriu a cabeça revelando-se um humano de pele escura provavelmente um estrangeiro vindo do norte do deserto de Zabraba.

– Bem que me avisaram que era um sensitivo, percebeu minha presença mesmo de tão longe... – disse intrigado e Lucas o interrompeu – Veio atrás de minha recompensa? –

– Recompensa? Você não vale um centavo, um desertor cujo mestre nem se importa. O único valor é a relíquia que roubou. – falou o visitante estreitando os olho em desafio.

– Então quer a Bolsa Eleia¹? – disse já se preparando para sacar uma arma de dentro dela.

– Não, meu mestre acha que será útil em uma incursão, em troca pode limpar um pouco de sua reputação. – retrucou levantando o queixo em superioridade.

– Não, obrigado! – disse Lucas e deu as costas seguindo seu caminho.

Porém o visitante o xingou de idiota e alertou que um impuro como ele deveria ficar feliz de alguém na ordem da luz lhe estender a mão

– Diga a seu mestre para me deixar em paz. – foram as ultimas palavras de Lucas. Irritado o visitante também se retirou.

O mago voltou ao seu trabalho e percebendo que o visitante foi embora respirou aliviado. Assim seguiu tranquilo guiando as vacas para o pasto. Minutos depois Marcela saiu se despedindo de Luiza, que ficou sozinha na casa e foi cuidar do jardim de ervas da mãe.

Percebendo a oportunidade o mago visitante se aproximou novamente, surpreendendo a mocinha – Não se assuste, vim em paz. Para avisa-la sobre Lucas Diertoch. –

– Conhece meu marido? – disse Luiza com os olhos arregalados, era a primeira vez que ouvia esse sobrenome.

– Marido!? Ele está enganando você e sua família, é melhor expulsa-lo daqui antes que algo ruim lhe ocorra! – avisou alarmado.

– O Lucas não é assim! – disse ela recuando para entrar em casa, mas o visitante tentou impedi-la ao que o anel de proteção de Luiza reagiu empurrando-o para longe.

– O que, isso foi magia? – refletiu e logo se deu conta de que a moça tinha entrado e trancado a porta.

Enquanto ela se perguntava o que deveria fazer ouviu o som da janela abrindo – Escute, não sei que mentiras Diertoch lhe contou, mas deveria se afastar dele o quanto antes. –

– O Lucas não mentiu para mim, eu sei que ele é um mago! – falou Luiza indignada.

– Sabe que ele já tem por volta duzentos anos? Que ele permanecerá jovem enquanto você vai envelhecer e será logo abandonada? – questionou seguro que agora ela o ouviria.

– Impossível ninguém pode viver até essa idade... – surpreendeu-se a moça.

– Quem usa magia pode viver muito mais que isso... – disse confiante, o estrangeiro.

– Então se eu souber magia... – ela pensou alto e o visitante entendeu que ela estava mesmo apaixonada pelo criminoso.

Logo o estrangeiro ofereceu a ela uma alternativa – Eu me chamo Breno Kalesi e posso iniciá-la na magia, se aquele idiota fizer, você será maculada. Mas eu posso lhe oferecer o caminho da luz e lhe darei todas as informações sobre ele. Prometo. Minha ordem luta contra as trevas e protege os humanos. –

O coração dela acelerou, pensou em todas as vezes que perguntou sobre magia para Lucas. Mas ele não gostava de falar sobe o assunto, nem sobre seu passado. – Ele disse que os magos da luz protegem as cidades... Eu preciso saber mais sobre meu marido e porque ele ficou exilado nas florestas... – dialogava Luiza em seu coração antes de tomar uma decisão. 

Olhando o estrangeiro, que parecia amigável, Luiza decidiu acreditar em cada palavra do que ele disse e saiu de casa seguindo-o.

Breno Kalesi e a alertou que deveria se afastar dali para conversar. Quando eles estavam para entrar na floresta ela hesitou – Aqui está bom já pode falar. –

– Eu não posso ensina-lhe magia em cinco minutos... Venha e estará segura. – ele prometeu. Luiza hesitante olhou para trás. Observou a fazenda por longos segundos imaginado que Lucas ficaria preocupado, mas ela precisava saber mais sobre ele.

Voltou-se e o estrangeiro lhe estendia a mão de cima do cavalo. A mocinha assentiu com a cabeça, determinada – Breno, vou confiar em você... – disse e subiu no cavalo dele.

¹ Zenão de Eleia foi o primeiro matemático a usar o termo INFINITO, como essa bolsa tem capacidade infinita ficou conhecida como a relíquia de Eleia.

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