19. Convidada de honra

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  — Meu filho está tudo bem? — pergunta o meu pai entrando no meu escritório. Ajeito-me na cadeira e dou um suspiro.

    — Como eu pude enganar-me tanto com ela, pai, como eu não enxerguei o tipo e mulher que tinha do meu lado? — reclamo, melancólico, ao vê-lo sentar-se diante de mim.

    — Sabe filho, penso que de certa forma você sabia quem era a mulher que compartilhava a vida contigo. Mas as vezes preferimos ignorar os fatos a nossa frente para manter a harmonia do relacionamento. 

    Ele fala com uma expressão, de desilusão, como se estivesse a passar por algo semelhante. Mas como? Ele e a minha mãe estão bem. Ou isso também me passou despercebido?

    — Está tudo bem entre vocês? — pergunto, arregalando os olhos. — Você e a mãe, está a acontecer algo que não sabemos?

    — Não se preocupe, filho, está tudo bem. E então, já conversou com a sua irmã?

    — Sim, conversamos. Ela disse algo como "só estou a falar com você porque a Nihara insistiu muito". É incrível como, em tão pouco tempo, ela tornou-se tão importante para mim e para a Astrid. Ela preencheu o vazio que existia no meu coração de tal forma que sinto uma falta angustiante quando não a vejo por muito tempo.

O meu pai olha para mim com um sorriso, inclinando a cabeça levemente.

    — Não sei se essa amizade é boa ou má, mas sua irmã parece mais feliz e comunicativa — ele levanta-se e vai até a porta. — Tome cuidado, meu filho, não cometa os mesmos erros — ele diz ao sair, deixando-me pensativo.

Pego o meu telefone, clico no nome dela e faço uma chamada de vídeo. Leva alguns segundos até que o seu rosto preencha a tela do meu aparelho.

    — O que você está a fazer? — o seu cabelo está bagunçado e a sua respiração um pouco acelerada.

    — Estou a fazer algumas mudanças no meu apartamento, e você?

    — Estou a pensar em você, quero ver-te.

    — Mas você já está-me vendo — sorri, e ajeita uma mecha de cabelo atrás da orelha.

 — Então, como você está? Lamento muito por toda aquela situação. Não faço ideia de onde aquela jornalista tirou tantos disparates sobre nós. Mas a sua resposta foi brilhante... Eu vou descobrir quem está por trás disso.

— Não se preocupe, estou bem. Já conversei com a minha irmã e tudo está esclarecido. Não precisa fazer nada, eu mesma posso resolver isso.

— Tudo bem, como preferir. Janta comigo hoje?

Um segundo, dois segundos, três segundos de silêncio. A chamada de vídeo está ativa, mas ela não diz nada. A sua expressão muda de neutra para séria, ponderada, hesitante, alertada.

— Nihara, está tudo bem?

— Desculpe, eu... alguém está a bater à porta. Eu preciso atender.

— Mas não ouvi... — ela desliga, sem responder. Fugiu de mim mais uma vez.

Suspiro e largo o telefone sobre a mesa, frustrado, questionando por que ela sempre foge quando me aproximo? Parece que ela está a evitar o que sente ou o que poderia sentir por mim. Ou será que ela está a fugir das suas próprias emoções?

Outras já teriam se rendido aos meus encantos completamente.

— Papa brincar — Sophie tira-me dos devaneios com a sua voz doce. O meu sorriso aparece automaticamente assim que a ouço chamar-me "papa" sempre que me vê. Amo essa minha borboletinha.

NÃO POSSO TE AMAR [Revisando]Onde histórias criam vida. Descubra agora