— Meu filho está tudo bem? — pergunta o meu pai entrando no meu escritório. Ajeito-me na cadeira e dou um suspiro.
— Como eu pude enganar-me tanto com ela, pai, como eu não enxerguei o tipo e mulher que tinha do meu lado? — reclamo, melancólico, ao vê-lo sentar-se diante de mim.
— Sabe filho, penso que de certa forma você sabia quem era a mulher que compartilhava a vida contigo. Mas as vezes preferimos ignorar os fatos a nossa frente para manter a harmonia do relacionamento.
Ele fala com uma expressão, de desilusão, como se estivesse a passar por algo semelhante. Mas como? Ele e a minha mãe estão bem. Ou isso também me passou despercebido?
— Está tudo bem entre vocês? — pergunto, arregalando os olhos. — Você e a mãe, está a acontecer algo que não sabemos?
— Não se preocupe, filho, está tudo bem. E então, já conversou com a sua irmã?
— Sim, conversamos. Ela disse algo como "só estou a falar com você porque a Nihara insistiu muito". É incrível como, em tão pouco tempo, ela tornou-se tão importante para mim e para a Astrid. Ela preencheu o vazio que existia no meu coração de tal forma que sinto uma falta angustiante quando não a vejo por muito tempo.
O meu pai olha para mim com um sorriso, inclinando a cabeça levemente.
— Não sei se essa amizade é boa ou má, mas sua irmã parece mais feliz e comunicativa — ele levanta-se e vai até a porta. — Tome cuidado, meu filho, não cometa os mesmos erros — ele diz ao sair, deixando-me pensativo.
Pego o meu telefone, clico no nome dela e faço uma chamada de vídeo. Leva alguns segundos até que o seu rosto preencha a tela do meu aparelho.
— O que você está a fazer? — o seu cabelo está bagunçado e a sua respiração um pouco acelerada.
— Estou a fazer algumas mudanças no meu apartamento, e você?
— Estou a pensar em você, quero ver-te.
— Mas você já está-me vendo — sorri, e ajeita uma mecha de cabelo atrás da orelha.
— Então, como você está? Lamento muito por toda aquela situação. Não faço ideia de onde aquela jornalista tirou tantos disparates sobre nós. Mas a sua resposta foi brilhante... Eu vou descobrir quem está por trás disso.
— Não se preocupe, estou bem. Já conversei com a minha irmã e tudo está esclarecido. Não precisa fazer nada, eu mesma posso resolver isso.
— Tudo bem, como preferir. Janta comigo hoje?
Um segundo, dois segundos, três segundos de silêncio. A chamada de vídeo está ativa, mas ela não diz nada. A sua expressão muda de neutra para séria, ponderada, hesitante, alertada.
— Nihara, está tudo bem?
— Desculpe, eu... alguém está a bater à porta. Eu preciso atender.
— Mas não ouvi... — ela desliga, sem responder. Fugiu de mim mais uma vez.
Suspiro e largo o telefone sobre a mesa, frustrado, questionando por que ela sempre foge quando me aproximo? Parece que ela está a evitar o que sente ou o que poderia sentir por mim. Ou será que ela está a fugir das suas próprias emoções?
Outras já teriam se rendido aos meus encantos completamente.
— Papa brincar — Sophie tira-me dos devaneios com a sua voz doce. O meu sorriso aparece automaticamente assim que a ouço chamar-me "papa" sempre que me vê. Amo essa minha borboletinha.
VOCÊ ESTÁ LENDO
NÃO POSSO TE AMAR [Revisando]
RomanceNihara decide recomeçar a sua vida em Berlim, determinada a superar a traição que sofreu pouco antes do seu casamento. Com foco total na sua carreira, ela busca sucesso profissional e pretende evitar qualquer envolvimento emocional. Porém, o destin...