22. por que você se importa tanto?

164 28 1
                                    

Nihara Vitti

 — Como você se sente sobre as alegações de que usou o seu relacionamento com o senhor Tobias para obter a sua posição na empresa?

Este assunto de novo.

— Dona Nihara, você tem alguma coisa a dizer para as mulheres que estão a passar pelo mesmo que você?

— Senhora Nihara, fontes próximas ao homem dizem que a senhora o

seduzi-o. O que tem a dizer sobre isso?

Tento ignorá-los e sair daqui, mas eles impedem-me a passagens. Um misto de raiva. Nojo. Revolta, se apossam de mim, diante de perguntas absurdas, mas eles continuam a atormentar-me. Sinto lágrimas brotando nos meus olhos. Como eles souberam do abuso? Como posso aguentar tudo isso? Como posso lidar com toda essa pressão?

O meu coração acelera, falta-me oxigênio, minha cabeça roda, quando vejo os repórteres e fotógrafos apontando os seus microfones e câmaras a mim, aguardando um pronunciamento da minha parte. Eu pensei que o assunto relacionado a nosso "suposto" caso tivesse sido esquecido, mas agora a imprensa tem um novo motivo para perseguir-me: o caso de estupro.

Eu nunca quis ser o centro das atenções e agora estou cercada por um bando de estranhos famintos por uma história escandalosa.

Começo a tremer, a minha visão embaça pelas lágrimas que caiem em linha reta. Não consigo manter-me de pé, ouço o som do ambiente no fundo, cambaleio para o lado no mesmo instante sendo amparada, Tobias.

— Niah — ouço a voz assustada da minha irmã.

— Chega — Tobias se posiciona diante dos repórteres ainda segurando a minha mão, assim como também Leandra e assistimos ele defendendo-me diante dos abutres —, deixam-na em paz. A senhorita Nihara não tem nada a dizer sobre essas alegações e não precisa responder a nenhuma pergunta. Agora, por favor, peço que saiam.

Os repórteres tentam argumentar e fazer mais perguntas, mas Tobias chama os seguranças, e ordena que nenhuma imprensa deve volta a entrar na empresa sem as suas ordens.

Os médias ficam surpresos com atitude de Tobias e acabam desistindo saindo por seus próprios pés. Aliviada, agradeço, mostrando-lhe um sorriso fraco, o melhor que consigo no momento. Leandra abraça-me com o olhar cheio de lágrimas e sussurra um "lamento, por que não me contou?"

— Niah, estás bem?

— Agora estou. Obrigada Bernstorf, você é um bom amigo.

Ele assente, com uma expressão triste no olhar. Seguimos então para fora da empresa.

Sentamo-nos numa mesa mais afastada do restaurante francês "Leblant", uma sugestão de Tobias.

Estou quieta, com o olhar perdido, pensando no que aconteceu, esses dias não têm sido fáceis. Os dois observam-me em silêncio, até que abro a boca e passo a contar a Leandra o que se passou naquela noite.

— Como esse homem pode ter feito isso com você — pergunta retoricamente, as pupilas dilatadas em fúria. — Homem maldito, aí meu Deus que ódio.

— Tudo bem, maninha se acalme. Essa agitação não faz bem para o bebê.

Ela respira pesadamente e, toma um gole da sua água. Tobias nos examina em silêncio, o seu olhar de compreensão e apoio; ele sabe que não pode mudar o que aconteceu, mas está determinado a apoiar-me, até mesmo pondo a sua vida em risco.

— Não me conformo, você não merecia passar por isso de novo. Porra parece algum tipo de maldição.

O olhar do homem é de indignação diante do comentário de Leandra, mas ele não diz nada, apenas aperta a sua mão na minha e encaramo-nos por segundos.

NÃO POSSO TE AMAR [Revisando]Onde histórias criam vida. Descubra agora