Adotei Um Gato - Jay × Jungwon

No restaurante...

Acordei às oito e saí correndo de casa, estou atrasado. Meu despertador não tocou, eu já devia estar usando meu avental e lavando as mãos. Bom, eu trabalho em um restaurante como garçom, e pra minha sorte, nosso gerente avisou que não iria hoje pra resolver uns problemas pessoais, então não vou levar tanta bronca assim.

   O melhor é que eu cheguei lá e ninguém notou que eu cheguei atrasado, apenas me cumprimentaram normalmente. Okay, são nove da manhã, meu turno começa agora, e já estou pronto: com o avental preto na cintura, camisa preta e gravata branca, cabelo bem arrumado, e meu nome no uniforme certinho.

   Comecei deixando um cardápio em cada mesa. Como é um restaurante e ainda tá de manhã, vem poucas pessoas agora, tipo, poucas mesmo, o lugar só enche na hora do almoço e um pouco mais tarde, então deixamos tudo pronto pra quando os clientes aparecerem de fato. Mesas arrumadas e limpas, pratos e talheres lavados, guardanapos certos onde deveriam estar, e a decoração intacta.

-- Por favor. - um cliente pediu pra ser atendido.

   Mas eu não queria atender ele, pois só pela voz eu já sabia quem era, e congelei quando olhei pra pessoa só pra confirmar. Lee Heeseung, aquele filho da puta apareceu aqui só pra me atormentar. Ele estava me olhando, e eu não tive reação nenhuma, e cara, não podemos ignorar os clientes, seja quem for. O que eu faço? Já sei.

-- Sunghoon hyung - chamei pelo novato, ele entrou há uma semana e se mostrou super dedicado no trabalho, gostamos assim. Ele estava limpando uma mesa, só parou pra me olhar. - Pode atender aquele cliente, por favor?

-- Ué, por que você não pode? - franziu o cenho, depois continuou limpando a mesa.

-- É sério, faz esse favor pra mim. - continuei insistindo. - É que... ele é meu ex.

-- Ah, entendi. - sorriu, depois me entregou o borrifador com álcool e o pano. - Vou lá quebrar seu galho, mas só porque somos amigos, e porque ele é bonito. Ah, desculpa, vocês...

-- Nem faço questão. Pode ficar pra você. - fiz pouco caso, então tomei sua tarefa e terminei de limpar a mesa, depois a forrei com uma toalha de mesa preta com detalhes em branco, coloquei toda a louça e decoração, e limpei as cadeiras também.

   Heeseung não gostou que eu pedi pra outra pessoa ir o atender, quase pediu pro Sunghoon me chamar, mas aí eu saí de cena, fingi que estava indo pegar alguma coisa na cozinha, e observei de longe o que eles estavam fazendo. Sunghoon é meio introvertido, está se desenvolvendo, mas parece que eles estão se dando bem, Heeseung sorriu pra ele, e eu conheço esse sorriso, é possível que ele se interesse pelo Park, e coitado dele se acabar se interessando. Como amigo, devo dar um concelho sobre esse canalha, não quero que ele seja a próxima vítima.

   Voltei ao meu trabalho, e como todas as mesas estão bem organizadas e os clientes que chegaram agora já foram atendidos, vou limpar o chão, nem quero olhar pro Heeseung, mesmo que ele não esteja me olhando, eu não quero mais ligar pra ele. Bom, não me esqueci que tenho um encontro com o Jay depois do expediente, mas não tenho nenhum interesse romântico nele, só quero pedir desculpas mesmo, e se sair vai o agradar, então vamos lá. Não quero ser punido por um CEO, isso nunca aconteceu, e espero nunca ter que acontecer também.

{...}

   Fim do expediente, finalmente. Essas últimas quatro horas foram muito corridas, era mesa atrás de mesa, clientes impacientes, tivemos até meia hora de dor de cabeça por que não verificaram o registro do gás e não dava pra cozinhar, foi um caos. Depois que o restaurante fecha, os clientes vão embora e nós limpamos todo o local. Bem, os cozinheiros cuidam da cozinha, e os garçons e garçonetes cuidam do salão todo. Sendo sincero, prefiro essa parte do dia no trabalho, não preciso lidar com pessoas problemáticas, só preciso me concentrar em limpar, e depois eu posso voltar pra minha casa e relaxar.

-- Por que vocês terminaram? - Sunghoon me perguntou de repente, limpando as janelas. - Aquele cara bonito parece tão gente boa.

-- Você não faz ideia. - revirei os olhos, agora recolhendo os talheres espalhados na mesa, provavelmente foi uma criança de seis anos que fez isso. - Aquele cretino me traiu ontem numa festa, sei lá, eu soube, e flagrei os dois se beijando com prazer. - meus olhos ferveram em raiva. - Odiei ter visto aquilo.

-- Se foi traição, então não quero mais não. - se virou pra mim. - Você viu quem era o amante dele?

-- Era um australiano, acho que é Jake o nome dele. - ri sem humor. - Os dois têm cara de cafajeste, eles combinam, se completam.

-- Mentira que... - ficou chocado, e eu fiquei confuso. - É o Jake Shim? O mesmo Jake que eu conheço?

-- Eu sei lá, como eu vou saber quem você conhece? Olha, vamos encurtar o papo e terminar logo de limpar aqui, eu tenho um compromisso em duas horas.

-- Eita, já tá de namorado novo? - me provocou, e eu suspirei. - Quem é ele?

-- Ninguém que eu me interesse desse jeito. Eu só fui grosseiro com ele ontem depois que eu o beijei aleatoriamente, só quero pedir desculpas. - falei como se fosse algo normal. - Não posso dar mancada, ele é CEO. Conhece a J's Perfum?

-- O que, eu só uso perfumes dessa marca. Se eu fosse você, aproveitaria ao máximo esse encontro.

-- Tá, tá. Volta ao trabalho. - olhei em volta e tinham alguns funcionários olhando pra gente, tipo julgando por estarmos conversando tanto.

   Depois de ter terminado, troquei de roupa, peguei minhas coisas, e voltei pra casa. Assim que cheguei, fui direto tomar um banho pra ajudar a relaxar, e... ouvi a campainha? Como assim se passaram quarenta minutos? Eu demorei tanto assim? Me vesti rápido e deixei uma toalha no cabelo pra ir secando, e já abri a porta. Mas não era o Jay.

-- O que você quer aqui? - perguntei impaciente pra ele.

-- Eu quero ter a chance de me defender. Quero explicar o que de fato aconteceu. - Heeseung falou em desespero.

-- Cara, não tem como você explicar aquilo, eu mesmo vi. - bufei e fechei a porta com força, mas ele insistiu em bater de novo. Abri a porta só pra xingar ele. - Cara, vai pra...

-- Jungwon, antes de você me xingar de novo, me escuta. - segurou meus ombros com força, mas não machucou, e me encarou no fundo dos olhos. - É sério, você sabe que eu te amo demais, jamais faria uma coisa dessas com você.

-- Então o que foi aquilo? Hein? Tô esperando. - o encarei super sério também.

   Antes de ele começar a falar, um carro estacionou na frente da minha casa, o mesmo carro preto de ontem. O Jay acabou de chegar, e chegou na hora certa.

-- Me solta, Heeseung. - o fiz me soltar. - Não sei se você é lesado e não entende de primeira, então eu vou repetir quantas vezes forem necessárias: nós dois terminamos, acabou. Agora, por favor, vai embora.

-- Mas o que esse traste faz aqui? - Jay falou saindo do carro.

-- E o que você faz aqui? - Heeseung o encarou estranho.

-- Vou fazer uma coisa que você não pode mais - um sorriso brotou em seus lábios. - Vou sair com o Jungwon, e eu vim buscar ele.

   Heeseung me olhou espantado e um pouco decepcionado, mas eu não tô mais ligando pra ele, pense o que quiser, eu sou adulto e vacinado, saio com quem eu quiser.

-- Tá legal, eu vou embora. Mas olha, Jungwon, cuidado pra não se arrepender depois. - Heeseung falou com um olhar triste agora, e depois de uma encarada em Jay, ele saiu andando.

-- Você que o conhece há mais tempo, por quanto tempo ele vai ficar insistindo nisso? - Jay perguntou se aproximando.

-- Se eu o conheço bem, ele não vai desistir nunca. - suspirei.

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Continua...