Capítulo 4 💘

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Depois de almoçar, pedi para minha prima me buscar imediatamente, já para evitar situações embaraçosas com meu namorado ousado. Enquanto esperava, fiz questão de ajudar Diana com a louça, mesmo que ela tivesse empregada, pelo mesmo motivo anterior. Será que eu teria de falar com Gustavo sobre isso? Mesmo com quase dois anos de namoro eu ainda me sentia envergonhada de falar sobre certos assuntos com ele. Não que isso fosse um problema, mas nesse caso específico, sim. Eu precisava falar com ele. Mas primeiro teria que criar coragem.

— Você vai viajar também, Clara? — Diana perguntou enquanto lavava os talheres.

— Não sei ainda... Meus pais não gostaram muito da ideia... — Falei enxugando os pratos. Diana riu e olhou pra mim com os mesmos olhos cor de mel de Gustavo. Ela era muito jovem para sua idade.

— Eu entendo eles... É difícil deixar uma garota tão novinha solta por aí. — De fato, eu era jovem, mas com muito juízo. Meus pais só precisavam entender isso.

Não muito tempo depois, Clarisse me avisou que chegou por mensagem, me fazendo deixar os talheres sem serem enxugados. Me despedi de Diana e depois de Gustavo.

— Poxa, fala comigo direito, Clara... — Gustavo falou largado no sofá fazendo birra depois de eu ter dado apenas tchau pra ele. Revirei os olhos e fui até ele. Meu propósito era dar um selinho, sendo que ele me puxou pela cintura, fazendo com que eu sentasse de lado em seu colo, enquanto ele me dava um daqueles beijos intensos que ele gostava.

— Gustavo... Eu tenho que ir... — Falei rindo de leve para mascarar minha vergonha. Ele me soltou e disse:

— Tchau, linda. — Ele se despediu, enquanto eu caminhava em direção à porta.

Saí de sua casa e entrei no carro de Clarisse, que estava gritando com alguém no celular.

— Eu não to nem aí se você não tem tempo, Yuri! Eu também não tenho! Mas eu preciso desse maldito desenho pra ontem! Então me faça o favor de fazer agora! — Ela desligou o celular e deu partida no carro.

— Boa tarde pra você também, Lisse. — Falei sendo irônica.

— Desculpa, Clara... esse projeto novo está me dando nos nervos! E ninguém faz o que eu peço!

— Eu estou de férias! — Falei aleatoriamente.

— Não fique se achando. Isso vai acabar, acredite! — Eu ri do seu ódio.

Ela passou um tempo reclamando da empresa de arquitetura que ela trabalhava, xingando seu chefe e os outros funcionários que não faziam o que ela mandava. Eu tinha que concordar com ela. Claro, se eu não concordasse ela me esculhambaria como ela fazia com seus colegas de trabalho.

Lisse era explosiva desde pequena, quando eu entrava no seu quarto e brincava com suas bonecas. Mas era a única prima mais próxima da minha idade, então eu não podia reclamar. Era uma das únicas pessoas que me deixavam à vontade para falar sobre qualquer coisa, e o que eu queria falar com ela nesse momento era sobre meu namorado com seu faniquito. Porém, conhecendo a prima que eu tenho, ela provavelmente tomaria ranço de Gustavo, e não seria mais a favor do nosso namoro.

— Você está quieta hoje. — Lisse falou calmamente como se não tivesse soltado os cachorros não muito tempo atrás. Devia ser bipolar.

— E você não fecha a matraca por um segundo. — Eu ri, e ela também.

— Confesso que eu precisava extravasar minha fúria. — Ela olhou pra mim suspeitando de alguma coisa. — O que é que você tem?

— Então... Na verdade eu queria te pedir uma coisa. — Lisse revirou os olhos. — Lembra de quando eu te falei da casa de praia do Rafa? Que ele tinha chamado o pessoal pra passar uns dias lá? — Não era bem isso que me incomodava, mas aproveitei a oportunidade.

As Palavras Não DitasOnde histórias criam vida. Descubra agora