Capítulo 44 💘

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Depois de muitas explicações, entendi que o SuperCon é um evento que reune, aparentemente, todos os fãs do universo geek num só lugar. O propósito mesmo eu não entendi, mas imaginei que, para eles, deveria ser muito divertido. Quanto mais eles falavam das coisas que tinha, como batalha de dança e concurso de fantasia, mais eu notava que havia me metido em mais uma cilada. Como eu de fato estava em busca de atividades para espairecer, disse que eu iria mesmo assim.

Enquanto os meninos faziam mais alguns testes no Irineu e no aplicativo, eu usei o notebook de Thomas para finalizar os banners, que por sinal estava sendo bem mais divertido do que eu pensava. Melissa passou pouco tempo conosco e precisou voltar para as atividades do seu grupo. Pelo que entendi, ela queria se especializar em programação de próteses mecânicas, e por isso saiu do grupo deles.

A relação dela com Thomas ainda era uma incógnita para mim. Provavelmente não eram um casal, porque já fazia um mês que eu estava me encontrando com eles e nunca houve nem se quer menção desse tópico. Mas ainda sim, eram muito próximos, e por isso eu tinha minhas dúvidas sobre eles dois.

Quando deu 17:30, avisei que iria embora para não chegar tarde em casa, mas disse que os veria no sábado. Antes que eu saísse mais rápido da sala, Thomas pediu para me acompanhar até o ponto de ônibus, e eu não ia negar depois de ter sido um pouco seca com ele.

— Você realmente vai sábado? — Thomas perguntou ajeitando os óculos enquanto caminhávamos pela calçada da universidade.

Por algum motivo nenhum deles parecia acreditar que eu seria capaz de ir a um evento daqueles.

— Vou sim. — Falei. — Quero descobrir como os geeks vivem e onde habitam.

Thomas soltou uma risada sincera, que chamou minha atenção mais uma vez para suas covinhas bem marcadas, e por trás dele havia um céu arroxeado que o deixava mais charmoso que o normal, como se fosse capa de um álbum de uma banda indie.

— Espero que você não se assuste. — Disse. Me senti mal mais uma vez por ter tratado ele mal mais cedo. Eu que devo ter o assustado.

— Thomas, desculpa por hoje. — Disse e ele olhou para mim. — Essa semana está sendo horrível para mim, e eu sei que você não tem nada a ver com isso. Eu não deveria ter descontado em você.

— Eu entendo. Não tem problema. — Ele disse voltando a olhar para o chão. — Por acaso... você sabe quem... contou? — Perguntou, um tanto hesitante, talvez com medo de uma patada.

— Foi Gustavo, meu ex. Mas eu achei que tinha sido Paulo, por conta da ameaça que ele me fez.

— Entendi. — Ele disse ao chutar uma latinha de coca-cola. — Inclusive, esse Paulo vai ser punido pelo que fez com você?

— Ele conseguiu inventar uma mentira cabulosa sobre mim, que eu teria dado em cima dele. Agora nem mesmo Gabi acredita em mim. Não acho que mais alguém vá acreditar. — Falei quando finalmente chegamos no ponto de ônibus.

— Eu acredito em você.

Me virei de frente para ele e dei um pequeno sorriso. Ele pareceu que ia dizer mais alguma coisa, porém o ônibus chegou freando bem ao lado de onde estávamos e Thomas entrou rapidamente apenas para passar seu cartão para mim. Eu agradeci, me despedi e entrei, escolhendo um lugar ao lado da janela, que dava para ver Thomas na calçada, e para minha surpresa, ele ainda olhava para mim.

— Venha fantasiada de algum personagem se você puder! — Foi o que Thomas disse antes do ônibus se movimentar e eu perder ele de vista.

Eu havia mesmo escutado certo? Como se não bastasse ir para um evento onde só tem nerds e geeks eu ainda teria que parecer com um deles? Passei o caminho todo de volta pensando no que faria e até mesmo se valia a pena eu ir. Sim, eu estava querendo desocupar minha mente de certos assuntos, mas isso parecia um pouco extremo para mim.

As Palavras Não DitasOnde histórias criam vida. Descubra agora