Capítulo 57 💘

23 10 55
                                    

Nossas bocas quase que não se encaixaram no primeiro momento, talvez pelo receio de se entregar àquilo que era incerto. Era um toque hesitante, como se estivéssemos caminhando em uma área proibida. Mas depois que eu me permiti desfrutar do que eu tanto queria, senti um grande peso saindo de mim, mais do que na primeira vez que tinha o beijado. Nossos lábios se movimentaram com intensidade, cheio de urgência e desejos reprimidos.

Segurei seus braços, puxando-o para mais perto de mim quando percebi que, apesar de tudo que tinha para dar errado, aquilo era real, e era puro. Sua mão esquerda desceu para minha cintura, apertando-a contra seu corpo, enquanto a direita segurava meu pescoço e, por mais que estivessem trêmulas, me transmitiam segurança. Então eu enlacei meus braços sobre seus ombros ficando de ponta de pé para diminuir a discrepância entre nossas alturas.

Era um pouco desesperado, como se essa fosse a nossa única oportunidade de expressar nossos sentimentos um pelo outro. Sua boca quente me aquecia do frio causado pela chuva forte, o que só colaborava para não me fazer querer sair dali. Eu passaria horas e horas sentindo a mistura do sabor salgado da chuva com a seus lábios. Até porque quem está na chuva é para se molhar.

— Clara?!

Oh não.

Subitamente nos separamos, ficando lado a lado de frente para Clarisse, que estava dentro do carro enquanto nos olhava indignada. Ela devia ter notado que eu estava demorando para chegar no carro e resolveu me procurar. Devo ter ficado vermelha por ter sido flagrada dessa forma.

— Entra no carro. Agora. — Ela disse cerrando os dentes.

Antes de obedecê-la, olhei para Thomas, que também me olhou, assustado e ofegante, talvez pelo susto, talvez pelo beijo. Nunca saberemos. O que eu sabia era que eu não estava nem um pouco arrependida do que tinha acabado de acontecer.

Corri até a porta do passageiro e entrei no carro enquanto Clarisse fuzilava Thomas no olhar. Nós olhávamos fixamente ao passo que minha prima dava a volta com o carro para poder sair do estacionamento, e depois só vi sua imagem ficando cada vez mais distante pelo retrovisor ao meu lado.

— Eu concordei em trazer você aqui hoje porque você disse que seria sua despedida com os meninos. Não sabia que isso incluia beijar um deles, DE NOVO! — Ela enfatizou a última palavra. — Vocês estão brincando com o fogo... Parece que não têm medo do perigo!

Não falei nada. Nem processei direito o que ela estava falando porque eu ainda estava presa naquele momento, sem acreditar no que de fato havia vivido. Nas mãos de Thomas me puxando para mais perto, no seu corpo colado ao meu, em seus lábios macios, porém intensos...

— Para de pensar no beijo! — Clarisse cutucou minha barriga e eu não consegui segurar a risada, afinal, eu nunca estive tão feliz, e ela notou. — Meu Deus... Você está realmente apaixonada por esse garoto...

— Thomas disse que é apaixonado por mim. — Falei olhando para estrada, trazendo a memória daquelas palavras e de como eu quase colapsei ao ouvi-las.

— Isso era para ser uma novidade? — Clarisse perguntou com tom ironia. — Vou fingir surpresa. — Ela abriu a boca e ergueu as sobrancelhas, encenando. Eu revirei os olhos porque eu não tinha certeza dos seus sentimentos até ele dizer aquelas coisas.

— Muito engraçada. — Disse cruzando os braços.

— Certo, então vamos falar de coisas que a gente não sabe, por exemplo, o que vai acontecer agora? Vocês vão fingir que isso não aconteceu igual a primeira vez? Vão correr o risco dele ser demitido? Porque você sabe que isso pode acontecer.

Eu não queria pensar nessas coisas. Só
queria, por um momento, fingir que não havia escola, nem trabalho, nem amigos, família que pudesse nos impedir. Queria voltar para aquele estacionamento para abraçá-lo e ouvi-lo dizer que tudo ia ficar bem.

— Eu não sei. — Disse com um sorriso forçado. — Eu só sei que queria estar perto dele. — Minha prima me olhou de lado com pena quando paramos em um sinal vermelho.

— Vamos lá... Eu sei que você quer estar com Thomas. Mas você sabe que isso não é possível no momento, né? — Infelizmente eu sabia, por isso eu virei o rosto para a janela novamente. — Eu não quero dizer o que você tem que fazer. Vou deixar você quebrar a cara se você quiser. Pode ser até que dê certo, mas pode dar muito, muito errado... Então eu só te peço uma coisa: tome cuidado.

Ela segurou minha mão, me fazendo olhar para ela. Clarisse estava deixando bem claro que não ia passar pano para mim, e eu sabia que isso era só porque ela se preocupava comigo.

— Vou tomar. — Disse. — Eu prometo.

...

Irineu, você não sabe, nem eu

Dênis: Santa Clara! Que pena que você não pôde ficar até o final :(
Obrigado pela presença!

Luís: Já pode colocar no seu currículo Lattes as referências do nosso trabalho!

Dênis: Um dia desses vamos sair todos juntos de novo!

Clara: Muito obrigada pela experiência, meninos! Não vejo a hora de nos encontrarmos de novo!

Cheguei em casa e li aquelas mensagens com um sorriso no rosto, só que eu não via nenhuma mensagem de Thomas ali. Pelo que eu vinha percebendo, ele não era muito de conversar por mensagem, apesar de ser muito tecnológico, como se ele realmente preferisse conversar cara a cara, e eu até achava isso interessante da sua parte, no entanto eu faria qualquer coisa para receber um recado seu.

Me deitei em minha cama para ficar olhando para o teto enquanto trazia à memória o nosso beijo, novamente. Eu voltaria no tempo para fazer tudo de novo e de novo. Nunca, nem nos meus melhores sonhos, eu tinha imaginado um beijo tão perfeito na vida.

Involuntariamente, as perguntas de Clarisse brotaram subitamente em minha mente. Como seria a partir daquele momento? Será que foi só um beijo que não ia mais se repetir? No que Thomas estava pensando quando me beijou? Porque eu estaria prontíssima para agarrá-lo de novo. Mas e ele? Será que achou que foi um erro?

Eu queria apenas poder desligar o meu cérebro para poder focar no simulado que seria no dia seguinte. Então levantei da cama determinada a tirar Thomas dos meus pensamentos, pelo menos por algumas horas, e estudar. Porém quando eu estava prestes a começar a revisar alguns tópicos em meu caderno, recebi uma ligação, e eu estava tão ansiosa com a possibilidade de ser Thomas que eu nem vi quem era.

— Alô? — Atendi energética, como se estivesse prestes a escutar a sua voz.

— Clara? — Não era Thomas. Afastei meu celular do ouvido e vi que era Nanda que me ligava.

— Oi amiga! Está tudo bem? — Perguntei incerta, pois Nanda raramente ligava para mim.

— Minha avó morreu... — Eu a ouvi chorar pelo telefone e eu elevei minhas sobrancelhas.

Eu estava tão desnorteada com o beijo de Thomas que demorou para cair a ficha que sua avó estava em estágio terminal da doença renal crônica. Às vezes parecia que o mundo parava de girar quando eu estava com ele. Bem que eu queria que isso acontecesse...

💘

São muitas emoções! Thomas e Clara sendo pegos no flagra por Clarisse (pelo menos foi ela, né?), depois de finalmente darem um beijo de verdade... Ai ai, eu amo esses dois.

Queria dizer que eu passei mal de rir lendo os comentários de vocês! Cada um melhor que o outro! Obrigada meu amores! 🥰

Não se esqueçam de votar, viu? Amo vocês!

Um beijo, querido leitor! 💘

As Palavras Não DitasOnde histórias criam vida. Descubra agora