As Palavras Não Ditas

Capítulo 15 💘

*ATENÇÃO*
Capítulo grande
*Conteúdo sensível*

Nós acabamos dormindo ali e só acordamos com Paulo nós chamando para montar a fogueira na praia. Nos levantamos ainda cambaleantes, Gustavo foi pegar o carvão e eu os marshmallows para assarmos.

Na praia o clima estava incrível. O sol estava perto de se por, então o céu parecia uma pintura de um belo degradê de azul lilás, rosa e laranja, e era possível ver algumas estrelas espalhadas. O som era de ondas se quebrando e folhas de coqueiros balançando.

Meus amigos fizeram uma roda com cadeiras de praia e no centro Gustavo colocou o carvão para fazermos fogo. Foi uns 10 minutos só para acender a fogueira mesmo com a ajuda do fósforo e álcool. Saulo também estava lá para garantir que ninguém ia tacar fogo em ninguém. Quando finalmente conseguiram, Saulo e Marta se despediram da gente para ir ao mercado e depois deixar Marta no plantão.

Paulo trouxe um violão e ficou tocando alguns sertanejos conhecidos enquanto fazíamos deliciosos s'mores. Tiramos várias fotos para registrar o quanto aquele dia estava bonito e como aquelas memórias que estávamos criando eram felizes.

Depois Paulo começou a tocar a música Amei Te Ver do Tiago Iorc enquanto olhava pra Gabi e ela sorria pra ele. Enquanto isso, Rafael tentava puxar conversa com Nanda, mas ela não parecia dar muita importância. Com certeza ela tinha entendido que estávamos tentando juntar os dois, só que ela realmente não dava muita bola para ele. Quero dizer, ela era gentil com todo mundo, sendo que, provavelmente o exagero da atenção que ele dava a ela a fez ficar desconfortável. Rafael estava fazendo tudo para ela, o que a fazia ficar envergonhada. Além disso qualquer coisa fofa que ele fazia pra Nanda era motivo para Gabi me cutucar. Porém, como eu via que ela não se sentia confortável, fazia questão de ficar calada, pois sabia que Nanda tinha suas razões.

Enquanto via essa cena, eu afundava meus pés na areia como se estivesse recebendo uma massagem. Eu vestia o casaco que Gustavo tinha me emprestado e que ficava enorme em mim, mas era confortável. Virei o rosto para procurá-lo e vi estava na beira do mar que apreciando as ondas quebrarem naquele lindo anoitecer.

Me levantei e fui até aonde Gustavo estava. Senti a água gelada molhar meus pés quando me aproximei e abracei Gustavo por trás sentindo o cheiro delicioso da sua blusa. Ele segurou meus braços, entrelaçou nossos dedos, e apoiei minha cabeça na parte posterior do seu ombro, para também ver o mar. Ainda dava pra ouvir Paulo tocando violão e Gabi cantando Sei de Nando Reis de longe.

— Sabia que eu te amo? — Falei ainda o abraçando.

— Nunca parei pra notar. — Ele disse rindo. — Mas você sabia que eu também te amo?

— Na verdade, não. Mas eu acredito em você. — Falei e ele se virou para mim. E daí se éramos melosos demais?

Gustavo me abraçou apoiando seus braços em meu ombro e eu o abracei pela sua cintura, de uma forma que nós podíamos ficar face a face enquanto eu o analisava. Ele estava com um olhar sereno e dava um sorriso sem mostrar os dentes, e eu tentava fazer o mesmo. Então ele me beijou e eu o puxei pra mais perto de mim. Sem muito esforço eu conseguia me imaginar numa cena de um filme romântico.

— Vamos voltar pra dentro da casa. Eu quero te mostrar uma coisa. — Ele disse.

Hesitei por um momento. O que ele tinha para me mostrar? Com certeza não era um meme, um vídeo engraçado, ou um sapato novo. Ele pegou minha mão e me puxou de leve para segui-lo, e eu não tive coragem para dizer: não estou afim.

Sim, nós tínhamos conversado e eu o fiz prometer que ele não tentaria nada comigo, e isso me deixava mais segura, afinal, ele não era doido ao ponto de fazer algo contra a minha vontade. Tentei não ficar paranóica, e me deixei ser guiada por ele até o portão do quintal, quando de longe vi Gabi nos observando e sorrindo, o que me deixou com medo. Foi quando perguntei: