25. Família preconceituosa

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Tobias Bernstorf

Ouço a agitação do salão daqui do meu quarto, todos estão reunidos, enquanto eu me sinto perdido, desanimado, e solitário. A Nihara não me atende, tem-me evitado e não sei dizer se ela vem ou não. Portanto, não estou interessado em comemorar, decidi afastar-me um pouco e buscar refúgio nas minhas próprias reflexões.

Sento-me de frente para a janela, segurando o diário de Nihara. Preciso ler para percebê-la, para me sentir perto dela. Ela é organizada, agrupa os seus pensamentos por temas. Observo a página de contactos e, em seguida, deparo-me com uma sessão intitulada "As coisas que amo na vida". Um sorriso involuntário escapa dos meus lábios, mas logo o meu olhar se fixa na página seguinte, marcada como "Traumas e medos."

Apesar de sentir-me mal com isso, folheio as páginas, descobrindo os seus segredos. Os meus olhos ardem pelas lágrimas que se formam neles, sinto uma onda de indignação e raiva ao descobrir o maldito idiota que ousou fazê-la chorar, humilhando-a diante dos convidados no dia do seu casamento. Como ele pode fazer isso?

Fecho o diário com um suspiro pesado, sentindo o peso dessas revelações. Agora tudo faz sentido. Entendo a hesitação e o medo de Nihara em se entregar por completo. Ela teme outra decepção, que mais uma vez o seu coração seja partido. Mas eu nunca faria nada para machucá-la. Eu amo demais essa mulher.

A determinação se acende dentro de mim. É chegada a hora de provar-lhe que eu sou diferente, que o amor verdadeiro existe e que estou disposto a enfrentar qualquer desafio para protegê-la e fazê-la feliz.

- Tob, é como não vais descer? - Pergunta o Harry, entrando no meu quarto, de repente.

- Oi, H. Já vou, deixa-me só guardar isto. Sabes algo das irmãs Vitti?

- Lamento, amigo, não sei nada delas.

- Tudo bem, eu vou dar um jeito de falar com ela depois.

Seguimos em direção ao salão, o relógio marcando vinte e três horas e trinta minutos. Uma parte de mim deseja ligar para Nihara novamente, mas decido conter-me. Respiro fundo e sigo Harry até o local da comemoração. Ao entrar, os meus olhos fixam-se na figura deslumbrante à minha frente.

- Nihara? - sussurro incrédulo.

A minha mãe percebe imediatamente a sua presença e se aproxima, questionando o que ela está a fazer ali. Apesar de não ter aceitado quando avisei que Nihara viria, não pude cancelar e, mesmo se pudesse, não o faria.

- Você veio?! Mãe lembra? Eu disse que ela viria - digo com firmeza.

- Eu lembro de concordar com a presença da Leandra - diz olhando para a outra mulher que se mantém em silêncio -, mas não dela. Desculpe querida.

- Tudo bem, senhora. Afinal a casa é sua. Só não imaginei que a presença da minha irmã fosse um incómodo para a senhora.

- Sim, infelizmente é um desagrado para mim tê-la connosco.

Ouvir a minha mãe dizendo isso, provoca-me uma aflição, uma agonia, que me apavora. Isso mostra que um relacionamento entre nós, seria difícil, não tendo a aprovação dos meus pais. Mas algo me diz que eles vão acabar se rendendo ao brilho dessa mulher.

Os burburinhos entre os meus familiares ecoam no ambiente, os olhares interrogativos, e de desdenho, direcionados as minhas convidadas, incomodam-me e deixam-me irritado. Vejo o meu pai se levantar, e se aproxima de nós, tentando acalmar os ânimos.

- Heidi, por favor, o que você está a fazer? Temos convidados.

- Mãe, por favor, pare com isso. - imploro-lhe...

NÃO POSSO TE AMAR [Revisando]Onde histórias criam vida. Descubra agora