━━━━ DESTINADOS A DOR
O sentimento se apossava lentamente de duas almas, impregnava-se sem pretensão. Quando estavam juntos ambos se esqueciam que assim como a água não se mistura com óleo, os Naughton's jamais poderiam se envolver com os MacHung's...
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Seus tamborilam na sua xícara de café quente por vários segundos, os olhos de cacau vidrados em cada mínimo movimento meu. Da minha boca, nenhuma mísera palavra escapa e muito menos da dele. Essa era mais uma daquelas vezes que você fica contra a parede por escolha que tomou por impulso.
Impulso este que me atormenta.
Fazia três dias desde que fizemos uma espécie de “trato de paz”, e diferente da outra vez que estivemos na cafeteria, minha companhia é Klahan. E a de Gemam seu novo namorado, Maxwell, do outro lado do estabelecimento compartilham olhares sedentos e apaixonados.
━━ Você está bem? ━━ resolve perguntar o rapaz a minha frente quebrando o silêncio de quase meia hora.
Concordo com a cabeça, e por uma fração de segundo um sorriso acanhado desliza em meus lábios.
━━ Não parece.
Merda, será que não consegui esconder direito as minhas olheiras? Ainda não me acostumei em dormi naquele quarto, as memórias da minha infância sempre arrancam meu sono.
━━ Ayla, você quer voltar atrás né? ━━ questiona.
Levanto a cabeça tomada por uma constatação. O lutador é terrivelmente bom em decifrar pensamentos e gestos, e isso me assusta.
━━ Não é isso ━━ balbucio.
Ontem eu e Margareth conseguimos ter um café da manhã decente, sem brigas, farpas ou manipulação, apenas uma mãe e um filha rindo de Owen tentando preparar panqueca. E até então não consigo tirar da minha mente a ideia de como seria se fossemos uma família normal. Uma parte de mim necessita de desabafar com alguém, mas minha pessoa favorita agora está ocupada demais saindo da cafeteria pela porta dos fundos de mãos dadas com um ruivo.
━━ Quer conversar?
Antes que ele termine arrasto a cadeira para trás e me ergo. Não farei isto, não posso deixar um MacHung achar que pode me consolar.
━━ Obrigada Klahan. Mas, eu combinei de me encontrar com uma pessoa. A gente se vê depois.
Despejo sobre a madeira da mesa algumas notas e gorjetas, apanho minha bolsa e caminho até a saída, ele acompanha tudo em silêncio. Na rua tento encontrar formas de ir para o ateliê de Fayola. Vim de carro com Gemma, e não faço a mínima ideia de como dirigir. E ligar para algum motorista da minha mãe está fora de cogitação se eu quiser continuar viva.
━━ Você não pode dá pra trás agora Ayla ━━ uma voz firme alega atrás de mim.
Paraliso e aperto os olhos com força. Quando viro para encara-lo, o encontro de maxilar travado e olhos semicerrados.
