Imagens Distorcidas, Memórias Distorcidas {Tradução pt-br}

O tempo avança

~{10}~

Ruídos repetitivos enchiam a sala...

Bip...

Bip...

Bip...

Tick...

Tack...

Tick...

Os sinais de vida eram reduzidos a uma linha brilhante em uma tela, e a passagem do tempo era indicada pelos cliques do relógio no canto mais distante, incapazes de serem abafados pela cortina que os isolava de toda a sala...

Só eles. Como sempre tinha sido...

______________

"Yosano"

Sua garganta ardia com o volume de sua voz.

A voz que vinha do telefone quebrado, encostado em seu ouvido, o instruía de forma brusca a se acalmar e solicitava a localização deles...

Francamente... Ele não tinha muita certeza enquanto olhava ao redor, a folhagem verde pontilhada com os tons do outono em alguns lugares... Os tons carmesim e os tons dourados o lembravam demais da pessoa mais humana que ele já havia conhecido e que estava morrendo em seus braços naquele momento.

Ironicamente, o moribundo não era nem mesmo um homem... Era apenas um recipiente para um deus...

Ao fechar os olhos com força, ele se convenceu disso.

Com uma voz vazia, ele repetiu os passos exatos que havia dado para chegar à área arborizada e ao estranho prédio de tijolos no meio do nada. Ele podia ouvir fracamente o olhar de Kunikida ao fundo, bem como o som dos sapatos de salto alto da doutora correndo pela madeira e descendo as escadas, acentuado pelo tilintar das chaves.

A voz dela era severa e instrutiva e, apesar do fato de ele já ter feito tudo isso antes, suas mãos estavam congeladas no lugar...

"Dazai! Preciso que você me diga qual é o problema exato!"

"Ele... Ah... Hemorragia interna grave." Ele engoliu em seco e, como se estivesse lendo um relatório para o presidente, continuou: "Chuuya está inconsciente, ele estava tossindo uma quantidade ímpia de sangue. Está pingando de seus olhos, nariz, ouvidos e boca. Ele ainda não começou a ter convulsões. Mas está extraordinariamente desnutrido e sangrando de ferimentos anteriores."

"Puta que pariu."

Ele respirou fundo. Não era sempre que a médica tinha uma reação tão notável aos ferimentos, afinal, bastava ela acenar com a mão, e eles eram curados...

"Você sabe o que fazer se ele começar a ter convulsões, certo?"

"Sim. Claro que sim. Isso já aconteceu antes... Mas não a esse ponto." Ele suspirou, limpando o sangue que escorria do lábio de Chuuya e passando acidentalmente sobre os restos queimados do algodão que Mori havia usado para replicar suas próprias bandagens...

Ignorando o eco confuso das palavras de Yosano, ele começou a retirar com cuidado os curativos queimados e rasgados que tentavam encobrir tudo o que fazia de Chuuya quem ele era. O chumaço de algodão em sua bochecha cobria o corte que atravessava sua constelação de sardas, a gaze branca que escondia seus olhos azuis oceânicos simplesmente para esconder o que havia de bom no mundo...