~{22}~
O tempo passava lentamente... e seus olhos encontravam mais entretenimento em observar o teto do que em qualquer imagem que pudesse surgir atrás de suas pálpebras.
Noites sem dormir não eram incomuns para Dazai - Deus sabe que a última vez que ele dormiu bem foi no dia antes de nascer - mas ultimamente, elas estavam menos frequentes. Ele estava exausto, seus músculos doloridos e protestando a cada movimento, pálpebras pesadas como chumbo, mas ali estava ele, deitado, completamente acordado, apenas esperando que seu alarme tocasse.
Para simplificar, ele estava cansado...
Não apenas exausto, mas esgotado. Ele pensou que, talvez, se conseguisse colocar Chuuya no caminho certo, então ele mesmo poderia se consertar também. Ele pensou que, se finalmente conseguisse começar a acordar cedo, comer direito e fazer seu trabalho - tudo se resolveria! Mas... Não aconteceu. Em vez disso, sua língua ansiava pelo gosto da nicotina, suas mãos tremiam para sentir o corpo do outro contra seu peito, e a pele sob suas bandagens coçava para ser reaberta...
Lentamente, ele espiou por entre as bordas dos lençóis para encarar o homem inquietantemente semelhante. Ainda doía em seu coração ver como Chuuya ainda se parecia tanto com Dazai aos quinze anos... Ele tentou colocá-lo em cores, tentou fazê-lo parar de usar tantas ataduras, mas a tintura castanha ainda cobria os fios alaranjados, embora estivesse bastante desbotada – ainda não era ruivo! Já fazia um tempo e havia pouco progresso! Os cachos mal tinham começado a voltar ao normal depois do corte desajeitado que havia sido feito nos fios alaranjados dos quais Chuuya tanto se orgulhava, mas agora emolduravam seu rosto de maneira completamente errada.
Ele ainda não tomava decisões sem ser incentivado, forçava-se a hiperfocar em qualquer tarefa em mãos na tentativa de aperfeiçoá-la para agradar os outros – ele se perguntava se isso era novo ou se ele simplesmente havia ignorado isso anos atrás...
Na verdade, isso trazia ainda mais questões...
Até que ponto ele negligenciou e maltratou Chuuya quando eram adolescentes? Exatamente quanto foi causado por Mori e quanto foi causado por ele?
As mentiras queimavam sua garganta, como se cada respiração que escapava por seus lábios carregasse ácido. Ele apertou os olhos, tentando se livrar da imagem distorcida de si mesmo, enrolado nos cobertores sobre o futon outonal, mas ela ainda era vívida em sua memória... Não conseguia escapar! Os gritos agudos, os soluços de coração partido e os pedidos de desculpas ressoavam em seus ouvidos, e as cicatrizes que marcavam a pele sardenta faziam a dele coçar... Ele nem conseguia imaginar os gritos de Chuuya enquanto Mori torturava seu Executivo...
Ele ia arrancar a garganta daquele médico por causa disso!
"Dazai?"
Um suspiro escapou de sua garganta quando seus olhos se abriram de repente, cobertos pela parte inferior do cobertor. Seu corpo estava paralisado e se recusava a se mover, apenas observando enquanto pequenas mãos se enrolavam na borda e o libertavam de seu casulo de segurança. Olhos azuis brilhavam na escuridão enquanto o observavam, e a voz revelava ser a do mesmo homem de quem ele se afastava toda vez que o via... e ele esperava que o encarasse em choque, esperava que o ignorasse e fosse para a cama.
Em vez disso, Chuuya continuou a afastar os cobertores, enviando arrepios gelados pela pele de Dazai à medida que ele era exposto ao ar da noite. Apesar disso, nenhum dos dois falou, Chuuya claramente concentrado no que quer que estivesse fazendo, e Dazai se sentiu incapaz de falar, encantado pelo homem menor. Seu olhar silencioso de questionamento passou despercebido quando - para sua surpresa - o Executivo deitou-se no futon de Dazai, puxando os cobertores ao redor de ambos, e então se aninhou contra o peito do moreno.
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Imagens distorcidas, memórias distorcidas {Tradução pt-br}
Fanfiction{Isso e uma tradução} Claro, Dazai não sabia exatamente o que esperar quando fosse capturado. Talvez espancado um pouco, gritado, possivelmente até ameaçado, comportamento típico da Máfia do Porto, ele sabia que isso estava por vir. Ele não sabia qu...