Capítulo 13

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Luiza Montti

Fui despertando, sem abrir as pálpebras de imediato, mas me remexendo e respirando fundo a cada sensação do meu corpo ganhando vida. A minha volta tudo era taciturno, levantei as pálpebras devagar, piscando demoradamente para me adaptar à luminosidade; bocejei involuntariamente e virando a cabeça de lado, tencionei-me, abrindo os olhos de uma vez e me sentei, soltando um resmungo ao sentir uma fisgada na cabeça.

— lamuriei, forçando os dedos em minhas têmporas que não paravam de pulsar. Encarei Riccardo, após notar sangue já parcialmente seco na ponta de meus dedos. — O-o que você fez?

Ele me lançou um olhar cínico dando-me um sorriso. Um sorriso que não acompanhou seus olhos, o que me deixou em alerta. Antes que pudesse questionar qualquer outra coisa, ele ergueu a mão, automaticamente fechei os olhos, esperando uma bofetada. Todavia, somente as costas dos dedos grosseiros alisaram minha bochecha, fazendo meu estômago tensionado rebulir. E sem que eu controlasse meu corpo balançou em um trepidar de puro pavor em ter seus dedos tocando minha pele.

— Sorte sua que eu não fiz nada. — Em um feixe rápido, relembrei a minha discussão como também a pancada que Guilhermo transferiu em minha cabeça. — Da próxima vez lembre-se de acatar minhas ordens, você pode se arrepender amargamente quando eu tiver que intervir.

Encarei Riccardo com meus olhos arregalados, sua expressão era enigmática.

Desgraçado!

— Sua ordem era não tentar fugir, eu não tentei... eu não ignorei sua ordem, assim como você diz.

Soltei a respiração e segurei o pavor, quando seu polegar traçou a minha mandíbula.

— Muito bem, ponto para você. — Debochou, criando uma distância entre nós, que eu dei graças a Deus. Ter suas mãos em mim exigia um nível de autocontrole absurdo para não surtar não só de pavor, como também de nojo. — Então vamos colocar dessa maneira, aceite as consequências dos seus atos. Isso é bem compreensível, não é? Ou quer que eu desenhe para você o que significa?

Pensei em repudiar, mas com Riccardo era inútil. Então, respirei fundo, olhando-o dentro dos olhos.

— Entendi perfeitamente.

Um silêncio desconfortável purgou todo automóvel, então olhei para os lados, através do vidro frontal, percebendo que não estávamos mais no cemitério, e sim em frente minha casa. Estava tão concentrada em Riccardo que não prestei atenção em nada que nos rodeava. Não sabia se ficava aliviada ou não, estava com receio de como seria a minha vida a partir desse momento. Medo e impotência misturavam-se em minha corrente sanguínea.

— Você vai entrar? — inquiri cautelosa, quando o mirei apertando o botão que destravava as portas do veículo.

— Por que não? — retrucou em um tom insondável. — Seria uma desfeita com sua família agora que vamos nos casar, não acha?

Eu nunca sabia o que esperar dele, tanto em palavras quanto ações. Por sorte, não precisei dizer nada, pois o meu olhar dizia tudo, repúdio.

Riccardo desceu do carro primeiro e, em seguida, abriu a porta para mim. Ele estendeu a mão e eu a ignorei, saltando para fora sem sua ajuda, no entanto, devido a pancada que levei na cabeça uma vertigem me atingiu me desequilibrando. Só não fui ao chão porque Riccardo envolveu suas mãos asquerosas em minha cintura.

— Me larga! Não me toque! — Brandeei, o empurrando pelos ombros, ele não apresentou resistência em me largar.

As mãos enormes do Riccardo tocaram levemente as minhas costas assim que comecei a me locomover, ele sussurrou em meu ouvido:

Casada com o InimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora