Capítulo 4

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A beleza caribenha de Mondello desde sempre encantou meus olhos

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A beleza caribenha de Mondello desde sempre encantou meus olhos. Suas características de areia branca fininha, banhada por um mar cristalino era um cenário de deixar qualquer um boquiaberto. O meu momento preferido de caminhar pelas águas cristalinas era no momento em que o sol estava se pondo, quando a aquarela laranja e rosa refletia no mar, para mim, esse era o ápice de uma beleza indescritível.

Já se passaram um par de horas desde que iniciei um passeio beira-mar. A água gelada acariciava meus pés, assim como a brisa cariciava meus cabelos, que estavam com um aspecto selvagem, pois além de não ter o enxuto com um secador, o vento o fazia voar rebelde.

Eu precisava desse contato com a natureza para colocar em ordem meu eu interior e reorganizar meus pensamentos, coisa que ao lado da família Montti, eu não conseguia, eles eram uma espécie de sanguessugas sorvendo qualquer energia.

Cada passo que dei pelo mar, fez-me pensar em como eu desejava ver-me livre... de tudo. A corda invisível ao redor do meu pescoço parecia mais e mais estreita.

Ao longe, mais precisamente, próximo ao Antico Stabilimento Balneare di Mondello, um edifício em estilo Liberty, construído dentro do mar com seus pilares imersos dentro da água, avistei Felippo e os outros seguranças. Todos enfileirados em postura rígida, mãos atrás das costas, óculos escuros e semblantes fechados. Suspirei, desviando os olhos deles e mirando o horizonte. 

— Por que tem que ser tão difícil? — engoli em seco o caroço estacionado em minha garganta. — Por que não posso simplesmente ter uma vida normal?

A frase de Felippo, de horas atrás, veio mais uma vez a tona:

"Você está mexendo com fogo"

Qual o enigma por trás dessa mensagem?

Eu não era ingênua, sabia que se tratava da minha família. Como diziam as garotas do colégio: para quem sabe ler, um pingo é letra. A maneira que minha família comandava o império Montti, não era comum, existia muita sujeira por trás de todo fortuna.

Soltei um suspiro pesado e coloquei uma das mãos no rosto, tentando raciocinar sobre esse assunto e achar uma resposta para todo esse mistério.

Desde que deixei o internato tive apenas um ano e pouco de contato com meus pais, e nesse tempo nossos laços foram estreitos, eu não busquei entrar em nenhum assunto que os envolvessem, entretanto, agora sentia que poderia me arrepender.

Não consegui evitar repassar as memórias dos inúmeros jantares que fui obrigada a comparecer, e a maneira arisca e suspicaz que as pessoas procediam.

Antes de irmos, todas as vezes, era salientado que eu não deveria conversar com ninguém, e pensando sobre isso, não era difícil, ninguém chegava perto ou iniciava qualquer conversa comigo. Os homens se quer olhavam em minha direção, e as mulheres, quando o faziam, era com uma espécie de arrogância, nada de simpatia.

Casada com o InimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora