Capítulo 21

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A cada pulsação frenética, o mundo se contraía em torno de mim, aprisionando-me em uma esfera de cristal que amplificava cada som, cada movimento

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A cada pulsação frenética, o mundo se contraía em torno de mim, aprisionando-me em uma esfera de cristal que amplificava cada som, cada movimento. O tempo, antes um rio caudaloso, agora se arrastava como melaço, esticando interminavelmente cada segundo. Amarrada, vendada, amordaçada, eu era uma boneca de pano jogada em um canto escuro, à mercê de fios invisíveis que me manipulavam.

A sensação de afogamento era constante, como se estivesse submersa em um mar de angústia, lutando contra a pressão da água que me puxava para baixo. A cada inspiração, os pulmões ardiam como brasas, e a exalação era um gemido sufocado. Riccardo, uma sombra colada à minha pele, apertava minha cintura com uma força que me deixava sem ar. Seus dedos, ásperos como casca de árvore, rabiscavam desenhos tortuosos em minhas costas, uma marca indelével de sua possessão.

Perguntas invasivas eram lançadas em minha direção por rostos desconhecidos que me tratavam com a familiaridade de velhos amigos. A cada pergunta, sentia um nó se formar em minha garganta, como se estivessem tentando arrancar as palavras de minha boca à força.

Caminhava com a cabeça erguida, desafiando os olhares que me devoravam. Mas por trás da máscara de coragem, a fragilidade tremia, como uma vela à beira de se apagar. As lágrimas, como rios subterrâneos, lutavam para romper a superfície, mas eu as reprimia com força, temendo a fragilidade que revelariam.

— O que está pensando?

A pergunta era uma acusação, um desafio. Ele buscava, com seus olhos negros e penetrantes, as rachaduras em minha fachada de resignação.

— Nada.

— Nada? — Ele riu, um som curto e cruel, como o raspar de unhas em um quadro negro. — Sua expressão contradiz suas palavras. Inclinou-se, aproximando-se tanto que senti a quente pulsação de sua artéria no pescoço. Seus olhos, como dois carvões incandescentes, queimaram minha pele.

Uma súbita onda de raiva me inundou. A repressão, a angústia, a humilhação... Tudo explodiu em um único instante.

— Tem razão! Estou pensando em mil formas de te matar. — As palavras escaparam de meus lábios como um grito silencioso, carregado de um ódio que me surpreendeu.

Seus dedos, como garras de aço, afundaram em minha cintura, apertando-me com uma força que me fez arquejar. Desviei o olhar, fixando-o em sua mão, grande e pálida, que me marcava como um ferro em brasa.

— Solte-me.

Riccardo riu, um som que ecoou nas paredes, amplificando a claustrofobia do ambiente.

— Por que faria isso? Você está tão segura aqui comigo.

A ironia em suas palavras era como um chicote, lacerando meu orgulho. A cada sílaba, a sensação de impotência se intensificava, um nó apertando meu peito. Queria rugir, arrancar-me das algemas invisíveis que me prendiam a ele, mas a força me abandonara.

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⏰ Última atualização: Sep 05 ⏰

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Casada com o InimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora