capítulo 2

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Ao acordar, deparei-me com a suave invasão dos raios de sol adentrando o quarto através da sacada, banhando o ambiente em um brilho dourado delicado

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Ao acordar, deparei-me com a suave invasão dos raios de sol adentrando o quarto através da sacada, banhando o ambiente em um brilho dourado delicado. Enquanto me enrolava nos lençóis, estiquei-me completamente, sentindo a tensão em meu corpo decorrente de uma noite mal dormida. Se porventura tive a sorte de desfrutar de três horas de sono naquela noite, essas horas foram indesejadas e preenchidas por pesadelos que me acordaram em profunda angústia. Foi a visão de olhos castanhos gélidos, respingos de sangue em sua camisa e o aroma do cigarro que desencadearam essa perturbação em meu descanso.

Com cautela, ergui-me da cama, vesti um roupão e prendi meus cabelos desgrenhados em um rabo de cavalo improvisado. Dirigi-me, então, à sacada já conhecida, onde os raios do sol acariciavam meu rosto, proporcionando um prazeroso aquecimento à minha pele. Fechei os olhos e encostei-me à grade, permitindo-me reviver mentalmente os acontecimentos oníricos da noite passada.

Por breves instantes, conseguia até mesmo sentir a pressão dos dedos dele sobre minha pele, deixando uma sensação ardente, como se estivesse queimando. Era tão vívido. E então, acordava, quase sempre coberta de suor e dominada pelo terror. Juntamente com a imagem dos dedos de Riccardo, surgia em minha mente a lembrança do aroma dele, mesclado ao odor impregnado de tabaco em sua pele.

"No meu mundo, traições são pagas com sangue".

No instante em que aquela frase foi proferida, ressoou em meus ouvidos como um sinistro aviso, atingindo-me com a mesma intensidade das ações ameaçadoras que ela prometia. Ainda ecoando, as palavras penetraram em meu íntimo, despertando uma tensão profunda dentro de mim. A mensagem subjacente era clara e inconfundível: eu era o alvo daquela advertência silenciosa.

Os olhos de Riccardo não mentiam; havia uma essência maligna neles, uma maldade que transbordava de seu âmago. Olhá-lo nos olhos era como espiar a escuridão, uma escuridão que não conhecia limites nem remorso. Nele, eu não conseguia encontrar qualquer resquício de humanidade, não importava o quão superficialmente ele tentasse escondê-la. Aquele olhar impassível, tantas vezes presenciado, revelava a brutal verdade que se escondia por trás de sua máscara.

Recordo-me disso e não me esqueço do ditado popular, que diz que a primeira impressão é a que fica. E, no caso de Riccardo Ferraro, aquela primeira impressão deixara uma marca indelével em minha mente. Se essa primeira percepção era uma representação precisa da verdade que estava por trás daquele semblante impiedoso, eu preferia não permitir minha imaginação divagar. Porém, algo dentro de mim temia que essa primeira impressão fosse, de fato, genuína.

Decidi então redirecionar minha atenção para a movimentação que ocorria no andar inferior da mansão. Enquanto observava atentamente, percebi que nos últimos meses meu pai, Giuseppe, havia tomado medidas drásticas para reforçar nossa segurança. Novos seguranças foram contratados e a presença deles era avassaladora. Era como se tivéssemos formado nosso próprio exército particular. Embora eu soubesse que nossos negócios no ramo petrolífero requeriam um certo nível de proteção, a magnitude dessa precaução me parecia exagerada.

Casada com o InimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora