Não estrague tudo.

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Juliana

O barulho da esteira fazia um zumbido regular sob meus pés conforme eu andava. Mal tinha dormido na noite anterior, e meu humor estava horrível. O suor escorria por

minhas costas e meu rosto. Peguei minha toalha e enxuguei tudo de forma brusca, jogando-a para o lado. Meu iPod estava explodindo com a música alta, mas ainda não estava alta o bastante, então aumentei o volume, feliz pelo apartamento ser à prova de som.

Continuei, em um passo quase frenético. Pensei em todas as minhas opções e meus planos na escuridão da noite, tendo duas ideias.

Meu primeiro pensamento foi que, se Brian e Adrian me colocassem para dentro, eu poderia tentar blefar na entrevista, contar a Graham somente detalhes vagos da mulher que

supostamente mudou minha perspectiva e, consequentemente, a mim. Se fizesse tudo certinho, conseguiria manter uma fachada até me provar para Léon, então o impossível aconteceria, essa mulher perfeita terminaria comigo. Eu poderia fingir estar de coração partido e

mergulhar no trabalho.

Porém, pelo que Mateo explicou, minha ideia provavelmente não daria certo.

Significava que eu precisava ter uma mulher real, uma que convencesse Léon que eu era uma mulher melhor do que ele acreditava. Alguém, como Mateo mencionou, "de verdade, carinhosa e pé no chão".

Eu não conhecia muitas mulheres que se encaixariam nessas categorias, a menos que tivessem mais de 60 anos. Eu não achava que Graham acreditaria que eu pudesse me apaixonar por alguém que tivesse duas vezes minha idade. Nenhuma dessas mulheres com quem eu confraternizava passaria por sua inspeção. Pensei na idéia de contratar alguém, uma atriz talvez, mas parecia muito arriscado.

As palavras de Mateo continuaram se repetindo em minha cabeça.

"Você é cega, Juliana. A solução está bem diante de você."

A Srta. Carvajal...

Ele pensava que eu deveria usar a srta. Carvajal como minha namorada.

Se eu recuasse e tentasse ser objetiva, ele tinha razão. Era o disfarce perfeito. Se Léon pensasse que eu estava saindo da Hamilton Inc. por estar apaixonada por minha assistente e a tivesse escolhido, assim como nosso relacionamento, em vez de meu emprego lá, marcaria muitos pontos com ele. Ela era diferente de qualquer mulher com quem eu estivera.

Mateo a achava carinhosa, pura e envolvente. Outras pessoas pareciam gostar dela. Só pontos positivos.

Com exceção de que era a srta. Carvajal.

Com um gemido, desliguei a esteira, pegando a toalha que havia jogado. Fui na cozinha, peguei uma garrafa de água, bebi tudo e liguei o notebook. Fazendo login no site da empresa, procurei

pelos arquivos dos funcionários, parando na página da srta. Carvajal. Analisei sua foto, tentando ser imparcial.

Não havia nada de extraordinário nela, mas seus olhos azuis brilhantes eram grandes com cílios longos. Achei que seu cabelo fosse longo já que eu nunca o tinha visto de outra forma a não ser em um coque apertado. Sua pele era muito pálida; pensei em como ela ficaria pelas mãos habilidosas de um maquiador e vestida com roupas decentes. Apertando os olhos para a tela, encarei a foto. Dormir um pouco não seria mal para se livrar de suas olheiras e, talvez, comer alguma coisa que não fossem sanduíches de pasta de amendoim e geléia ajudaria. Ela era extremamente magra. Eu gostava de minhas mulheres com um pouco mais de curvas.

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