O Acordo

Farsa

Juliana

Eva recebeu uma ligação de Andreas enquanto tomávamos café da manhã, dizendo que ele ficaria fora até domingo. Como a tempestade continuava, asseguramos a ela que ela poderia ficar até que ele viesse pegá-la no dia seguinte. Não havia outra opção. Além disso, ela fazia Valentina rir, e eu gostava do som que ouvia. Queria que acontecesse mais vezes.

Nós três fomos ver Penny acompanhadas pela tempestade que diminuía, leve e controlada. Insisti em comer cheeseburgers, deixando escapar quantas vezes os levei escondidos para ela. Valentina ficou chocada ao perceber a quantidade de vezes que eu fui visitá-la sem que ela soubesse. Seus olhos brilharam com apreciação quando ela se esticou e me beijou, pegando-me de guarda baixa. Puxei-a para mais perto e aproveitei toda a vantagem do fato de termos um público cativo como Eva, beijando-a até ela ficar vermelha e envergonhada.

Eva piscou para mim quando peguei uma sacola pesada de hambúrgueres com um sorriso amplo.

Penny estava quieta, mas lúcida, quando chegamos. Ela riu quando ofereci uvas para Joey.

Ele gostava de pegá-las, e eu não tinha de cortar nada ou subornar Tami para fazer isso para mim. Certamente, a loja de chocolate que eu frequentava havia explodido nas vendas nas últimas semanas, os funcionários sempre esperavam que eu os trouxesse em todas as visitas. Eu nunca os decepcionava.

Eva estava parecendo mais ela mesma, amigável e tagarela, entretendo Penny com histórias de sua família. Deu-me a chance de sentar e observar Valentina com Penny. Ela se sentou ao seu lado, segurando sua mão. Ela segurava o rosto de Penny, passava a mão em sua testa, alisando os cabelinhos enquanto elas conversavam ou riam. Ela brincava e encorajava Penny a comer, colocando um guardanapo sob seu queixo quando ela se sujava. Penny torceu o nariz para ela.

— Pare de ser tão mandona, Vale.

— Ela é autoritária. _ murmurei.
— Ela faz isso comigo o tempo todo.

— Dou o troco. _Valentina riu.

— É para isso que servem as esposas! _Eva riu.

Valentina e eu congelamos. Nunca mencionamos estar casadas para Penny. Nossos olhares se encontraram por cima de sua cabeça, sem saber o que fazer em seguida.

Penny se sentou, esquecendo-se de seu almoço e olhou para nós duas.

— Vocês são casadas? _ela se virou para Valentina.
— Você se casou e não me contou? Vale, você está grávida?

Valentina balançou a cabeça.

— Não, Penny, não estou grávida.

— Mas está casada.

— Sim.

Penny olhou para mim, empurrando sua bandeja de comida para longe.

— Gostaria de falar com minha filha em particular.

Fiquei andando de um lado para o outro no corredor, meus olhos fixos na porta fechada. Com um gemido, apoiei meu corpo contra a parede, deixando minha cabeça cair na superfície dura.

— Juliana, me desculpe. _Eva pediu.
— Eu não fazia ideia de que ela não sabia. Nunca passou pela minha cabeça que ela não soubesse.

— Claro que não.

— Ela não sabia? Ou tinha simplesmente esquecido?

Eu queria mentir e dizer que tínhamos contado para Penny. Que a doença era a culpada, não a gente. Só que estava ficando cansada de mentiras. Saí de perto da parede, esfregando minha nuca.