O Acordo

Começar de novo

Juliana

Carreguei a bandeja para a cozinha, deixando Lucia e Valentina conversando. León me seguiu, carregando a caixa e esperou para que pudéssemos ir ao escritório para conversar mais. Ele olhou para os papéis no balcão, pegando a vaga para Calgary.

— Sério, Juliana? _ele sorriu de forma engraçada.
— Você teria morrido de tédio lá.

— Eu não podia levar a Val para Toronto. Ela ficaria depressiva.

Ele me analisou por um instante com um sorriso atravessando seu rosto.

— Como você mudou.

— Amadureci você quer dizer.

Ele assentiu com a cabeça, batendo em meu ombro.

— É bom ver isso.

Olhei por cima de seu ombro e vi que Valentina havia se levantado e estava abraçando Lucia.

— É uma sensação maravilhosa. _admiti.
— Nunca pensei que ia passar por algo assim.

— A pessoa certa pode abrir seus olhos para muitas coisas, Juliana.

Ele tinha razão.

Me ofereceu o novo contrato.

— Vamos assinar alguns papéis.

— Por que trouxe minhas coisas se planejava me recontratar?

Um olhar estranho tomou sua expressão, e ele abriu a caixa.

— A caixa está vazia, Juliana

Fiquei boquiaberta.

— O quê? Por quê?

— Pelo mesmo motivo que aparecemos sem avisar. Eu queria ver como reagiria se pensasse que estava tudo acabado. Queria ver sua reação verdadeira e impulsiva.

— E?

— Você parecia despedaçada.

— E estava, eu queria continuar trabalhando para você. Quando vi a caixa, sabia que havia estragado tudo. Não fiquei surpresa, mas me atingiu em cheio, porque nesse momento me dei conta do quanto eu desejava continuar trabalhando pra você. Claro que eu também sabia que não havia nada que pudesse fazer para consertar isso. Afinal a culpa era minha.

— Sua reação me disse tudo que eu precisava saber. Você ficou chateada, mas imediatamente ofereceu consolo para a Valentina. Nesse momento eu soube que você tinha mudado de verdade. _ele sorriu.
— Desculpe por isso.

Estendi minha mão, a qual ele pegou, apertando firme.

— Entendi.

Ele abriu a tampa.

— Use-a para levar mais coisas para o escritório. Transforme no seu escritório, Juliana.

— Alguém mais sabe?

— De fora da família, não. A equipe acha que você viajou com a Vale. Você vem na segunda e começa de novo. Ninguém vai te julgar.

— Obrigada. Não vou te decepcionar desta vez.

— Eu sei. _ele disse e assentiu enfatizando.
— Eu sei, muito bem...