Cartório?

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Juliana

Segunda de manhã, Valentina olhou para mim como se eu tivesse duas cabeças.

— Vamos fazer o quê?

Suspirei, dobrando meu papel e colocando-o no balcão. Eu não queria parecer muito ansiosa, então disse a León que você e eu tínhamos um compromisso nesta manhã. Ele achou que era para ir ao cartório, e não o corrigi.

Ela pegou nossos pratos e os levou à pia. Tinha de admitir que ela era muito boa cozinheira. Não conseguia me lembrar da última vez que havia tomado café da manhã em casa e que não saísse de uma caixa. No dia anterior, ela pegou seu carro para ir comprar "algumas coisas" e, quando voltou, precisou fazer duas viagens comigo para trazer tudo que ela havia comprado no mercado. Achei que ela fosse louca, mas estava equivocada. O jantar foi um frango delicioso e seus ovos mexidos de hoje estavam maravilhosos. Assim como seu café.

Aprovei totalmente a compra da nova cafeteira.

Ela se encostou na pia, esfregando o rosto.

— Você pode deixá-lo pensar assim, mas não precisamos fazer isso de verdade.

Balancei minha cabeça.

— Não. Vamos, sim. Quero a papelada. Não precisamos nos casar, só ter a permissão.

— Juliana...

Ergui o cheque que havia preenchido.

— Considere uma troca justa por minha doação. _arqueei minha sobrancelha para ela.
— Minha doação muito generosa.

Ela teve a ousadia de parecer envergonhada.

— Eu te disse, não fazia idéia do quanto alguém como você consideraria generoso. Quando Lucia falou disso, uma das mulheres foi um pouco maldosa e disse que não consideraria nada menos que mil uma quantia generosa. _ela deu de ombros.
— Quando vi o que estava dizendo, já tinha falado que você doara cinco mil. Isso certamente calou a boca dela.

— Aposto que sim e está tudo bem. Exceto que você me deve, então vou ter uma permissão de casamento verdadeira e falsa.

Ela colocou o café na pia.

— Certo. Vou me arrumar.

Ela passou por mim e, porque ela me fez querer irritá-la, segurei seu punho e a fiz sentar no meu colo. Ela arfou, empurrando-me, e eu ri devido ao seu esforço inútil.

— Quer que eu coce suas costas?

— Não!

— Vou fazer outra doação.

Ela deu uma cotovelada nas minhas costelas, fazendo-me soltá-la, e tropeçou ao se levantar.

— Cuidado, Juliana, ou levarei você comigo para o abrigo e mandarei castrá-la!

Gargalhei pela indignação dela, deixando-a que se afastasse, resmungando baixinho.

Eu não tinha a mínima noção do motivo de ter gostado de seu insulto, mas gostei.

León me cumprimentou, dizendo para me sentar em sua mesa particular de reunião. Seu escritório, como o restante do prédio, era de uma riqueza discreta. A mobília era da melhor qualidade; a decoração, bonita e elegante. Mais prêmios e versões menores de vencedores de campanha preenchiam a prateleira que tomava toda a parede. A necessidade de ter uma campanha minha ali queimava dentro de mim.

O AcordoOnde histórias criam vida. Descubra agora