Juliana
Passar a noite com duas mulheres tensas e nervosas foi interessante. Eva não era normalmente tensa, o que era desconcertante, mas Valentina foi a grande surpresa. Havia me acostumado com sua personalidade quieta, mas, naquela noite, ela estava falando muito. Incessantemente.
Entre mostrar a Eva seus planos para a sala, "nosso quarto", fazer infinitas perguntas sobre a história da ioga, as perguntas generalizadas sobre cada membro da família Smith e do escritório, assim como qualquer outro assunto que parecia passar por seu cérebro, ela falava sem parar. Também não se sentava. Ela ficava andando pela sala, usando as mãos para demonstrar suas idéias. Ela pegou, moveu e endireitou cada objeto na sala pelo menos duas vezes. Ficava dando tapinha no ombro de Eva, certificando-se de que ela estava bem, e a compressa fria que manteve na minha cabeça era trocada a cada vinte minutos. Acho que nenhuma vez ficou na temperatura ambiente. Eu tinha de admitir que, quando ela ficava atrás de mim, falando, eu não me importava que seus dedos massageassem meu pescoço, ou com a forma que ela apoiava minha cabeça em sua barriga e passava os dedos em meu cabelo repetidamente. O carinho era bom, e minha dor de cabeça começou a se dissipar, apesar da falação constante.
Mesmo assim, seu comportamento era perplexo. Até Eva ergueu a sobrancelha para mim mais de uma vez. Encolhi os ombros e sussurrei para ela sugerindo a única coisa que fazia sentido.
— Ela também não gosta de tempestades.
Minha explicação pareceu satisfazer sua curiosidade.
Lá pelas dez, a tempestade diminuiu, o trovão se tornou um ruído baixo e menos frequente, embora a chuva continuasse a bater nas janelas ao nosso redor.
Eva se levantou.
— Vou colocar meus fones de ouvido, aumentar a música e colocar minha máscara noturna. Talvez eu possa dormir antes de dar outro trovão.
Valentina se levantou também.
— Tem certeza de que ficará bem? Posso dormir aqui no sofá pra ficar mais perto.
Eva balançou a cabeça e a beijou na bochecha.
— Ficarei bem. Saber que está do outro lado do corredor vai ajudar. Só não consigo ficar sozinha. Geralmente, mamãe e papai estão quando Andreas está fora e eu fico com eles. Vocês estão salvando minha vida hoje.
Ela se abaixou e me beijou no rosto.
— Obrigada, Juliana. Sei que já me vê bastante no escritório. Realmente agradeço por isso.
— Não há problema.
— Se precisar de mim, é só me chamar. _Valentina ofereceu.
— Vou tentar não fazê-lo.
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O Acordo
FanfictionJuliana Valdez é uma executiva tirana que trabalha para uma empresa que visa apenas lucros. Após ser passada para trás por um colega de trabalho, acabou não conseguindo fazer parte da sociedade que tanto queria. Assim, com um plano de se vingar do c...