A casa

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Juliana

Eva se inclinou para frente, apontando uma amostra.

— Eu gosto desta.

Balancei a cabeça.

— Não, é muito discreta. _mexi na pilha de amostras e peguei a que estava quase embaixo de tudo.
— Essa chama atenção.

— Essa é muito chamativa.

— Precisa ser chamativa, Eva. Estamos vendendo diversão aqui. Tem que cativar você.

Ela apertou os lábios e eu aproveitei para beber um gole do meu café. Eu estava "de volta" por quase três meses. Meu relacionamento com os Smith estava solidificado tanto profissional quanto pessoalmente. Minha carreira nunca esteve tão completa como agora. Minha vida com minha esposa estava maravilhosa. Valentina trouxe uma paz para meu mundo que nunca percebi que faltava ou precisava. Ela era meu núcleo, e tudo que eu fazia girava em torno dela de alguma forma. Ela passava o tempo sendo voluntária e, dois dias da semana, trabalhava no Grupo Smith... mas não para mim. Ela ajudava Lucia, e as duas formavam um grande time. Era uma situação na qual todos ganhavam já que eu podia vê-la na empresa e ainda tê-la em casa.

Eva empurrou as amostras irritada.

— Ainda detesto quando você está certa.

Ri pela sua indignação. Antes de eu poder falar, seu celular tocou. Ela atendeu e outro resmungo baixo me fez sorrir por ela estar tão frustrada.

— Certo. Não, vou ver o que consigo fazer. _ela desligou, jogando o celular na mesa.

— Algum problema?

— Meu carro está na oficina. Não deu para ficar pronto hoje e só poderei pegá-lo amanhã. Andreas está fora e preciso de uma carona para casa. Preciso ver se consigo alcançar meu pai.

— Ele saiu para uma reunião logo depois do almoço. Disse algo sobre ir para casa depois que terminasse.

— Merda.

— Eu posso te levar para casa.

— Tem certeza?

— Sim. Posso te deixar lá e passar para te pegar amanhã também.

— Meu pai vai me trazer. Não tem planos com a Vale para hoje à noite?

— Não. Na verdade, ela tem um curso de informática hoje à noite, então estou livre como um pássaro.

— Ótimo. Obrigada.

— Tudo bem. Agora vamos acabar com isso, depois eu te levo.

A carona foi agradável e rápida. Eu não precisava ser guiada, já que estive lá muitas vezes. Eva, como sempre, encontrou muitas coisas para falar, preenchendo o tempo no carro com histórias de procurar um novo sofá.

Ela e Andreas moravam no fim da cidade, em um novo bairro. Era perto da água, as casas eram grandes e bem distantes umas das outras. Eu gostava do ar silencioso e agradável do lugar.

Depois de deixar Eva, dirigi pelas ruas ao redor, admirando as casas e a tranquilidade do bairro. Diminuí a velocidade, parando na esquina em frente a uma casa que chamou minha atenção. O cinza escuro do tijolo e o telhado azul vivo se destacavam na área de cores mais neutras. Era um sobrado com uma sacada em torno de toda a casa, com janelas grandes, parecia aconchegante. O que chamou minha atenção, no entanto, foi o homem colocando a placa de "À venda." Também havia uma caixinha que guardava folders de informação sobre a casa. Sem pensar, eu estava fora do carro, andando até ele. Ele sorriu para mim quando pedi uma cópia.

O AcordoOnde histórias criam vida. Descubra agora