Final

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Juliana 

Eu me joguei em uma rede na varanda dos fundos com um gemido aliviado. Dulce estava dormindo, eu estava limpa e Valentina estava descansando. Eu tentei fazer Dulce dizer "mama" de novo para que Valentina pudesse ouvi-la, mas ela decidiu manter a boca fechada.

—É verdade Val, ela falou.

Ela me deu um tapinha na bochecha.

—Eu acredito em você, Juls.

Eu sabia sem sombra de dúvida que Valentina estava mentindo. No entanto, Dulce disse isso enquanto estendia os bracinhos para mim. Pode ter sido apenas um resmungo, mas eu tinha certeza de ter ouvido "mama".

A casa estava silenciosa, o sol estava se pondo e eu estava saboreando um merecido vinho e um sanduíche. A água da piscina cintilava à luz da noite, e decidi dar um mergulho depois de comer.

Eu conversei com León, que me disse que já tinha assinado o contrato. Eu ri quando o ouvi descrever a cena quando entrei na sala de conferências com Dul no meu peito, a mamadeira na mão, determinada a terminar a apresentação.

—Era algo que eu jamais imaginei você fazendo, Juliana. Quase caí de costas.

Eu tinha que concordar com ele. Nem era algo que eu teria imaginado fazer a alguns anos atrás, se ele tivesse participado de uma reunião e testemunhado o que aconteceu naquele dia, eu teria revirado os olhos e pensado que o homem era um idiota e não teria feito negócios com aquela empresa novamente.

Como isso mudou.

León ficou aliviado em saber que Valentina estava melhor e que Dul já havia se acalmado. Nenhum de nós acreditava que ter cuidado de minha filha havia inclinado a balança a nosso favor. Nunca teríamos pensado que, por trás de uma fachada tão séria, batesse o coração de um homem de família devotado.

—Ele é como você. _León acrescentou com uma risada.

E ele estava certo. Quando se tratava de família, León estava certo.

—Eu acho que Dulce pode pular a apresentação de Conrad na próxima semana. Não queremos que o Seguro Social nos processe por exploração infantil. _brincou.
—Só usaremos seus serviços para os casos maiores.

—Claro. _respondi com um sorriso antes de desligar.

Terminei meu vinho, entrei na casa da piscina e vesti meu maiô. Coloquei o interfone na beira da piscina e mergulhei, deixando a água me refrescar. Nadei algumas voltas e, a certa altura, fiquei surpresa ao ver Valentina sentada na beirada da piscina.

—Olá Val. _estiquei meu corpo para fora da água e a beijei.
—Você parece estar melhor.

—Me sinto melhor.

—Que bom. Dulce é como um amuleto da sorte. _Valentina deu um sorrisinho torto.
—Ela teve um dia incrível. Nem todo dia um bebê é fundamental para a assinatura de um acordo comercial, você sabe.

Ela riu, e sua risada ecoou no silêncio noturno.

—Você comeu?

Ela balançou a cabeça.

—Eu bebi um pouco de refrigerante. Vou tentar comer algo mais tarde.

—Chega de camarões, eu acho. _brinquei, esfregando suas pernas.

—Pelo menos por enquanto.

—Sinto muito... Pela primeira vez você sente vontade de comida japonesa, e quando come se sente mal.

O AcordoOnde histórias criam vida. Descubra agora