Sempre tive um ótimo controle sobre as minhas ações. Sou o tipo de mulher responsável que sempre pensa muito sobre tudo. E seria mentira se eu dissesse que não estou nervosa com a presença do gangster.
Toda vez que o via, me sentia entrando em um estado de alerta, como se a qualquer momento algo ruim fosse acontecer, e isso está prejudicando o meu desempenho.
- Bisturi. - pedi estendendo a minha mão. Carly pegou a ferramenta na mesa e me entregou rapidamente
Utilizei o objeto para cortar a pele do paciente. Ele havia chegado pela tarde e foi uma vítima de atropelamento. Uma parte ruim de trabalhar em hospitais, você corre um grande risco de se tornar um pessimista.
Depois de ver pessoas morrendo todos os dias é comum que a nossa fé na sociedade se abale. Mas felizmente isso nunca me desmotivou, pelo contrário.
- Você não vai contar nada? - Carly perguntou na minha frente
- Do que é que está falando? - devolvi a pergunta sem desviar a minha atenção do paciente na mesa
- Não se faça de desentendida, Kaycee. - aprumou parecendo ansiosa - Todos nós queremos saber como está sendo trabalhar com ele. - frisou a ultima parte. Entendi que não disse o nome dele para que o resto da equipe não ouvisse, por mais que a maioria soubesse, não queríamos causar pânico.
Parei oque estava fazendo. Sem a olhar, respirei fundo e encarei o paciente na minha frente. Não sabia oque dizer sobre isso.
- Está indo bem. - digo sem pensar muito.
- Sério? - indagou parecendo incrédula. Mas uma vez, não tirei meus olhos no homem, qualquer erro poderia estragar tudo
- Sim. - respondi querendo encerrar o assunto. Não gostava de distrações, principalmente durante uma cirurgia.
Fiquei mais tranquila quando ela não puxou assunto outra vez. O silencio reinou no local e o único barulho que ouvia era o das máquinas, e dos meus pensamentos me dizendo oque devia fazer. Mas, infelizmente, a paz não durou muito.
- Olha... tem certeza que está tudo bem? - indagou num sussurro.
Não era do tipo que gostava de ser grossa com os outros, mas Carly está realmente testando a minha paciência.
- Absoluta, Carly. - respondi com firmeza. - Não sou mais uma interna bobinha, sei lidar com essas coisas.
- Se você diz... - rebateu deixando no ar
Entendi imediatamente ao que estava se referindo, e não gostei nada de ouvi-la tocar naquele assunto.
Anos atrás quando cheguei nesse hospital como interna eu era tratada como um capacho. Não é surpresa, todos os residentes tratam seus subordinados dessa forma. Mas por conta da minha personalidade, acabei sendo mais explorada. Isso durou até conhecer a Carly, era ela quem me ajudou a me impor. E, embora não goste de admitir, ainda sou um pouco daquela garota boba de antigamente.
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Implosão (MC ABISMO Livro 3)
RomanceMesmo em um ambiente caótico como o moto clube Abismo, não há ninguém mais explosivo do que o capitão de estradas. Com uma personalidade forte, Ryder Reece é o responsável pela segurança dos membros do clube nas estradas. Sobre o seu passado, e...