Capítulo 4

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    Sempre tive um ótimo controle sobre as minhas ações

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    Sempre tive um ótimo controle sobre as minhas ações. Sou o tipo de mulher responsável que sempre pensa muito sobre tudo. E seria mentira se eu dissesse que não estou nervosa com a presença do gangster. 

    Toda vez que o via, me sentia entrando em um estado de alerta, como se a qualquer momento algo ruim fosse acontecer, e isso está prejudicando o meu desempenho.

         - Bisturi. - pedi estendendo a minha mão. Carly pegou a ferramenta na mesa e me entregou rapidamente

     Utilizei o objeto para cortar a pele do paciente. Ele havia chegado pela tarde e foi uma vítima de atropelamento. Uma parte ruim de trabalhar em hospitais, você corre um grande risco de se tornar um pessimista. 

     Depois de ver pessoas morrendo todos os dias é comum que a nossa fé na sociedade se abale. Mas felizmente isso nunca me desmotivou, pelo contrário. 

         - Você não vai contar nada? - Carly perguntou na minha frente

        - Do que é que está falando? - devolvi a pergunta sem desviar a minha atenção do paciente na mesa

        - Não se faça de desentendida, Kaycee. - aprumou parecendo ansiosa - Todos nós queremos saber como está sendo trabalhar com ele. - frisou a ultima parte. Entendi que não disse o nome dele para que o resto da equipe não ouvisse, por mais que a maioria soubesse, não queríamos causar pânico.

      Parei oque estava fazendo. Sem a olhar, respirei fundo e encarei o paciente na minha frente. Não sabia oque dizer sobre isso. 

         - Está indo bem. - digo sem pensar muito.

         - Sério? - indagou parecendo incrédula. Mas uma vez, não tirei meus olhos no homem, qualquer erro poderia estragar tudo

         - Sim. - respondi querendo encerrar o assunto. Não gostava de distrações, principalmente durante uma cirurgia. 

      Fiquei mais tranquila quando ela não puxou assunto outra vez. O silencio reinou no local e o único barulho que ouvia era o das máquinas, e dos meus pensamentos me dizendo oque devia fazer. Mas, infelizmente, a paz não durou muito. 

          - Olha... tem certeza que está tudo bem? - indagou num sussurro. 

     Não era do tipo que gostava de ser grossa com os outros, mas Carly está realmente testando a minha paciência. 

         - Absoluta, Carly. - respondi com firmeza. - Não sou mais uma interna bobinha, sei lidar com essas coisas. 

         - Se você diz... - rebateu deixando no ar

    Entendi imediatamente ao que estava se referindo, e não gostei nada de ouvi-la tocar naquele assunto.

    Anos atrás quando cheguei nesse hospital como interna eu era tratada como um capacho. Não é surpresa, todos os residentes tratam seus subordinados dessa forma. Mas por conta da minha personalidade, acabei sendo mais explorada. Isso durou até conhecer a Carly, era ela quem me ajudou a me impor. E, embora não goste de admitir, ainda sou um pouco daquela garota boba de antigamente. 

Implosão (MC ABISMO Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora