Depois de toda confusão aquela noite, eu decidi pegar alguns turnos a mais. E após duzentos e quarenta e duas horas de trabalho eu finalmente iria ter folga. Tinha acabado de sair do banho quando escutei a porta abrir. Estava no vestiário.
- Veronica me disse que estaria aqui. - disse me encarando seriamente
- Que ótimo. - fui irônica enquanto passava por ela e seguia para o meu armário. - Precisa de alguma coisa? - procurei pegando minhas roupas intimas e vestindo por baixo da toalha.
- Na verdade, tenho uma coisa pra te dizer. - diz cheia de suspense
- Oque foi? - perguntei, pegando a minha calça jeans e colocando ela.
- É sobre o demônio. - contou me fazendo querer revirar os olhos.
Voltei minha atenção para meu armário, e peguei meu suéter branco para vestir.
- Deixa isso quieto, por favor. - pedi em um suspiro cansado. - Ryder já teve alta. - peguei as minhas botas e sentei no banco - Ele não vai voltar. - disse oque já tinha dito a mim mesma. Não havia razão para ele voltar.
Carly se aproximou, parando na minha frente.
- Não é disso que eu estou falando, é sobre você. - declarou angustiada - Você piorou desde que ele foi embora. Está trabalhando feito louca e anda distante.
Respirei fundo, não querendo entrar naquele assunto. Segurei as mãos da minha amiga e olhei em seus olhos, querendo que ela acreditasse em mim. Que acreditasse em minhas mentiras que eu mesma estava me forçando a acreditar.
- Me escuta, eu estava trabalhando muito porque eu queria que aqueles detentos ficassem bem logo pra ir embora daqui. - expliquei - E eu estou bem, não se preocupe. - ela ameaçou dizer algo mas a interrompi - Eu tenho que ir agora, mas podemos almoçar juntas amanhã, que tal? - propus e ela assentiu - Até amanhã.
- Até. - ela diz me deixando ir.
Sorri, e dei as costas pra minha amiga. Peguei a minha bolsa, abrindo ela e tirando um elástico. Enquanto andava, prendi o meu cabelo em um cabo de cavalo.
Quando deixei o hospital, senti o ar gelado da noite massagear meu rosto. O verão estava indo embora e o outono estava chegando trazendo um frio bom para ficar em casa. Mas isso não era muito bom quando se trabalha cento e quarenta horas por semana.
Caminhei até o estacionamento até chegar ao meu carro. É um Honda civic sedan de 1984. Eu estava prestes a destrancar a porta quando escutei um ronco de uma moto de longe. O barulho foi aumentando e comecei a ficar nervosa ao avistar um farol.
Tentei abrir o carro outra vez mas as minhas mãos estavam tremendo e acabei derrubando a chave. Foi então que o homem se aproximou, e eu o vi.
- Ryder.
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Implosão (MC ABISMO Livro 3)
RomanceMesmo em um ambiente caótico como o moto clube Abismo, não há ninguém mais explosivo do que o capitão de estradas. Com uma personalidade forte, Ryder Reece é o responsável pela segurança dos membros do clube nas estradas. Sobre o seu passado, e...